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Onde religião e psicologia se encontram

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Élison Santos - publicado em 27/07/13

A vida humana é muito mais do que as ciências e a política podem compreender. Desta forma, a religião é uma janela aberta para o algo mais, para aquilo que transcende

Enquanto a religião busca religar o homem a Deus, a psicologia tem o papel de compreender o homem em sua totalidade e auxiliá-lo a viver em harmonia, equilíbrio e de forma saudável. Embora muitos tentem constantemente separar a religião da psicologia ou da ciência em geral, ambas não se contrapõem, muito menos se excluem. Freud, em sua linha mais determinista, afirmava que a religião é uma criação do psiquismo, uma ilusão dispensável que afasta o ser humano da realidade, surgida a partir da necessidade de defesa contra as forças da natureza. O pensamento freudiano também tem suas raízes em outros filósofos como o próprio Karl Marx que, dentre outros, também afirmou que a religião é o ópio do povo. Para Marx a religião tende a desresponsabilizar os homens pelas conseqüências de seus atos. 

Em Frankl, o pensamento determinista recebe duras críticas, para ele ainda que o cientista encontre verdades a respeito de uma realidade humana, jamais pode afirmar que esta verdade resume toda a completude do ser humano, desta forma Frankl desenvolve o conceito da ontologia dimensional, ou seja, um fundamento sobre o qual o ser humano deve ser compreendido sempre como um ser tridimensional, de bases biológica, psicológica e espiritual.

É fato que muitas vezes o ser humano utiliza da religião para desresponsabilizar-se, é muito comum, inclusive na prática clínica, ouvir as pessoas dizendo que as coisas aconteceram ou deixaram de acontecer em sua vida porque “Deus quis assim” ou “esta foi a vontade de Deus”. Há também uma ilusão inconsciente, uma relação neurótica com a imagem de Deus, da qual as pessoas acreditam que o mal que lhes ocorre é porque estão sendo castigadas devido a um erro que cometeram, um pecado ao qual não conseguiram superar. Esta relação com a religião é de fato doentia, ilusória e desresponsabiliza o ser humano. Marx e Freud encontram razão em suas afirmações em situações como estas. 

É fato também que muitas vezes o ser humano encontra-se em situações limite, em situações sobre as quais não tem nenhum poder para transformar a realidade que vive, seja diante de uma doença incurável, seja diante de um sofrimento inevitável ou ainda diante das atitudes de outras pessoas ao seu redor. São nestes momentos de forma especial que o poder da espiritualidade se manifesta, são em momentos assim que a fé pode se manifestar de forma extraordinária. É fato que as pessoas de fé conseguem superar com mais facilidade a depressão, por exemplo. 

A religião é uma forma de ajuda para que as pessoas vivam sua dimensão espiritual, não é de forma alguma uma ilusão, nem tampouco seja dispensável. Vale também destacar, por exemplo, a incoerência das críticas de Freud e Marx. Hoje, um século após os inícios da psicanálise fundada por Freud, muitos homens e mulheres que se submetem a uma análise ortodoxa freudiana tornam-se dependentes desta análise, não é difícil, por exemplo, encontrar grandes personalidades que estão há mais de 8 anos fazendo análise, parecem ter se libertado da religião ou fizeram da análise sua forma de orientação espiritual? Quantos são os psicanalistas ou cientistas de quaisquer que sejam as abordagens que insistem em negar a religião, mas que defendem suas teorias como verdades incontestáveis negando o próprio conceito de ciência que é justamente o de conhecimento refutável! 

E o que dizer do pensamento Marxista? Se a religião desresponsabiliza o ser humano, o que o comunismo faz? A visão de que o Estado deve impor regras para que haja uma “justiça” social e uma partilha equânime de bens é a mais enfática teoria de desresponsabilização do indivíduo. O socialismo impede que as pessoas se mobilizem para se importarem umas com as outras, faz com que o ser humano se acomode e não busque desenvolver-se pois de nada vale seu desenvolvimento uma vez que ele é tratado da mesma forma que aquele indivíduo que nada se esforçou para se desenvolver. 

E o que a JMJ e o papa Francisco têm a ver com tudo isso? 

Num país mergulhado em críticas contra a religião, onde até as universidades católicas pregam um anti-cristianismo, onde os católicos têm vergonha de dizer que são católicos, onde os partidos que detém o poder sofrem grandes influências de pensamentos socialistas, onde as pessoas são manipuladas para oferecer o seu voto em troca de favores e de assistencialismos, onde a educação visa apenas o vestibular e a preparação profissional, onde as matérias de ética, moral e cívica foram destituídas dos currículos, onde o mercado publicitário dita as regras com fundamentos puramente materialistas… 

A vida humana é muito mais do que as ciências e a política podem compreender. Desta forma, a religião é uma janela aberta para o algo mais, para aquilo que transcende. A religião indica um alvo ao qual o ser humano busca se direcionar, ela nivela o ser humano por cima, desafia o espírito humano ao vôo livre, ao encontro dos limites. O pensamento determinista leva ao niilismo, a total falta de sentido, aos vícios, à criminalidade, à violência, ao vandalismo, à morte! 

Milhões de jovens unidos na solidariedade, na fraternidade, na busca pela paz e pela vida! A JMJ representa o bem que a religião pode fazer para a psicologia humana!

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