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Satanistas afirmam ter hóstia consagrada para ser profanada em missa negra nos EUA

Bonfire on stage – pt

Will Harvey

John Burger - publicado em 08/08/14

O arcebispo dom Coakley convoca uma cruzada de oração para reagir ao evento sacrílego do grupo Dakhma de Angra Mainyu

O chefe da igreja satânica da cidade norte-americana de Oklahoma, que planeja realizar uma missa negra em um espaço público do Centro Cívico municipal no mês que vem, afirmou que a hóstia consagrada que pretende usar no ritual satânico já foi enviada a ele por um amigo.

"Estou farto de ouvir falar sobre essa hóstia consagrada", diz Adam Daniels, da organização Dakhma de Angra Mainyu, em resposta a perguntas enviadas por e-mail pela Aleteia. "Como a minha substituta já disse a outros inquisidores católicos, a Eucaristia foi enviada a nós por um amigo. Isso é tudo que eu vou dizer sobre esta consecução. A minha pergunta é: por que um pedaço de pão, sobre o qual um homem disse algumas palavras, é tão sagrado?".

Daniels, que usa o título de “dastur”, um termo equivalente a “sumo sacerdote” no zoroastrismo, confirmou que a controversa missa negra em Oklahoma será realizada conforme planejado, em 21 de setembro.

"A missa negra resumida [a partir dos rituais satânicos de Anton Lavey] vai acontecer", afirmou ele. "Depois, The Choke [uma banda local] vai se apresentar. Em seguida, Matthew Garman vai fazer um exorcismo arimânico [ou seja, satânico: trata-se de “expulsar” o Espírito Santo da pessoa “exorcizada”]. Kelsey e eu [Daniels] vamos presidir este rito. Antes de cada ritual, eu vou explicar o propósito de cada rito da fé arimânica [satânica]".

Adam Daniels prossegue: "Eu alugo um pequeno espaço uma vez por ano para ensinar o público sobre a minha religião. Isto é um direito meu, protegido pela Primeira Emenda [à constituição norte-americana], como cidadão dos Estados Unidos, e não como uma ovelha do império católico que sofreu lavagem cerebral".

O evento satânico acontecerá no teatro do Centro Cívico de Oklahoma, que tem capacidade para 92 pessoas. Daniels afirma que nenhuma autoridade municipal lhe pediu que reconsiderasse o caso à luz dos protestos de católicos locais, liderados pelo arcebispo, dom Paul S. Coakley. 

Dom Coakley está convidando os católicos a “sacudir o céu” com orações para que a missa negra seja cancelada.

"Apesar dos repetidos pedidos, não houve nenhuma indicação de que a prefeitura tenha a intenção de impedir este evento", escreveu o arcebispo em uma carta desta semana dirigida aos fiéis da arquidiocese. "Eu levantei as minhas preocupações em conversa com as autoridades da cidade e apontei o quanto esse ato sacrílego é profundamente ofensivo para os cristãos, especialmente para os mais de 250.000 católicos que vivem na cidade de Oklahoma".

Na carta, datada de 4 de agosto, memória litúrgica de São João Maria Vianney, o arcebispo se disse preocupado com os "poderes obscuros" que a missa negra invocaria no seio da comunidade local e com o "perigo espiritual que isso representa para todos os que estão direta ou indiretamente envolvidos". Embora o evento esteja sendo promovido como "apenas um tipo de entretenimento ocultista, este ritual satânico é muito sério", avisa o arcebispo. "É uma inversão blasfema e obscena da missa católica. Usando uma hóstia consagrada, obtida ilicitamente de uma igreja católica, e profanando-a da forma mais vil que podemos imaginar, os praticantes a oferecem em sacrifício a Satanás".

Em sua carta, o arcebispo pediu que os católicos da arquidiocese intensifiquem a oração durante as semanas que antecedem o evento. A partir do dia 6 de agosto, festa da Transfiguração do Senhor, e até a Festa dos Arcanjos, em 29 de setembro, todas as missas serão encerradas com a oração a São Miguel Arcanjo, que, antes das reformas litúrgicas do final da década de 1960, era recitada depois de cada celebração eucarística.




"Convido todos os católicos a orar diariamente, pedindo a proteção divina pela intercessão deste patrono celeste que já derrotou Lúcifer em sua rebelião contra o Todo-Poderoso e que está pronto para nos ajudar nesta hora de necessidade", escreveu o arcebispo.

Dom Coakley também pediu que cada paróquia realize uma hora santa com bênção eucarística pelo menos uma vez entre a Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, no dia 15 de agosto, e a data agendada para a realização da missa negra, 21 de setembro. Naquele dia, ele pretende realizar uma hora santa e uma procissão eucarística com bênção ao ar livre na igreja de São Francisco de Assis, em Oklahoma, às 3h da tarde, quatro horas antes do evento satanista.

O arcebispo pediu ainda que os católicos da arquidiocese entrem em contato com o prefeito de Oklahoma, Mick Cornett, para expressar a sua "indignação com este ato sacrílego, ofensivo e blasfemo e com esse mau uso de um espaço público mantido com os nossos impostos".

O gabinete do prefeito recebeu os pedidos de muitas pessoas desde que o arcebispo enviou um primeiro comunicado à imprensa no início de julho, relata uma porta-voz da prefeitura. Houve um aumento desses contatos desde última a carta do arcebispo aos católicos, publicada nesta segunda-feira.

"Podemos dizer que recebemos telefonemas de vários Estados", disse a porta-voz, Jennifer Lindsey-McClintock. "Em geral, as manifestações têm sido de raiva e de decepção".

O arcebispo dom Coakley se posicionou contra os planos de realização desta missa negra já no início de julho, quando foi divulgado que a Dakhma de Angra Mainyu planejava encenar tal ritual. A notícia gerou uma polêmica semelhante à de um caso ocorrido meses antes, quando outro grupo satânico, em Nova Iorque, tentou realizar o mesmo rito dentro da Universidade de Harvard. Lá, porém, uma grande manifestação católica de oração e de protesto conseguiu fazer com que o evento fosse cancelado.

A carta de dom Coakley seguiu um apelo semelhante ao do bispo dom Edward J. Slattery, de Tulsa, também no Estado de Oklahoma. Dom Slattery tinha pedido que os católicos da sua diocese jejuassem e orassem de 6 a 15 de agosto pelo cancelamento da missa negra.

Jim Brown, administrador geral do Centro Cívico de Oklahoma, declarou que, como espaço público, o centro não pode impedir um grupo de cidadãos de alugar as suas instalações, desde que o evento proposto para o local não seja contrário à legislação norte-americana.

Dom Coakley não concordou com a validade deste argumento e retrucou: "É difícil imaginar o Centro Cívico fechando os olhos e permitindo que um grupo utilizasse as suas instalações para queimar uma cópia do alcorão ou para realizar alguma performance abertamente antissemita, por exemplo", disse ele em declaração de algumas semanas atrás.

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