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Os políticos a favor do aborto podem comungar?

Politico cattolico – pt

© Mi.Ti./SHUTTERSTOCK

Alvaro Real - publicado em 01/10/14

A difícil situação moral dos políticos leva a refletir sobre a diferença entre a excomunhão e a proibição de comungar

No último mês de maio, alguns grupos pró-vida reunidos em Roma pediram aos bispos que neguem a comunhão aos políticos que publicamente se posicionam a favor do aborto e, na mesma reunião, o cardeal Burke afirmou que tal comunhão acaba sendo um sacrilégio.

Não é a primeira vez que o cardeal Burke explica as consequências de comungar em pecado mortal; já em 2008, ele explicava: “Se temos um pecado mortal na consciência, precisamos primeiro confessar-nos desse pecado e receber a absolvição, e só depois aproximar-nos do sacramento eucarístico”.

A negação está clara

O tema da proibição da comunhão aos políticos que abertamente aceitam o aborto é um tema recorrente. O cardeal Arinze também já deixou claro: “Não é preciso que um cardeal responda a esta pergunta. As crianças da 1ª Comunhão sabem a resposta”.

“Realmente precisam de um cardeal do Vaticano para responder isso? Procurem as crianças que se preparam para a 1ª Comunhão e contem-lhes que uma pessoa votou pelo assassinato de bebês não nascidos e depois disse: ‘Eu votei, sim, e votarei todas as vezes que me pedirem, e estes bebês serão assassinados, não um nem dois, mas milhões deles’. E essa pessoa também diz: ‘Sou um católico praticante’. Será que essa pessoa pode receber a Comunhão no próximo domingo? As crianças da catequese lhes responderão imediatamente; vocês não precisam de um cardeal do Vaticano para responder isso.”

Por que esta negação?

O que talvez muita gente desconheça é que, quando um bispo nega a comunhão a um político que apoia iniciativas gravemente contrárias à moral da Igreja, o que o prelado está fazendo não é uma reprovação pública, mas “um ato de misericórdia”. Esta foi a explicação dada há poucos meses pelo bispo de Portsmouth (Inglaterra).

Quando os políticos, que desempenham uma importante função na vida pública, “não estão em comunhão com a Igreja Católica em temas tão centrais, como o valor da vida do não nascido ou o respeito aos ensinamentos da Igreja sobre o matrimônio e a família, então não deveriam estar recebendo a sagrada Comunhão”, explicou o prelado.

No entanto, ele não considera isso como uma condenação, mas uma maneira de esperar que esta pessoa reaja e possa voltar à comunhão com a Igreja. “Ninguém é obrigado a ser católico. Somos convidados por Cristo e Ele nos escolheu, é uma opção livre”, declarou, recordando que o seguimento livre de Cristo também traz uma responsabilidade.

Leis do aborto e falsas excomunhões

As leis do aborto proliferam em todos os países do mundo, e os bispos são claros neste tema: pedem aos políticospró-aborto que não comunguem – o que não significa que foram excomungados.

A excomunhão impede de receber todos os sacramentos: batismos, unção dos enfermos, matrimônio… e só um bispo pode cancelá-la. No caso dos políticospró-aborto, estamos diante de um caso diferente: o de permanecer em pecado mortal – e esta é a causa de não poderem comungar.

Na Bolívia, por exemplo, diante da promulgação da lei, o secretário-geral adjunto da CEB, Dom José Fuentes, declarou que as autoridades do governo que apoiam o aborto não poderiam comungar, porque isso não é coerente com a sua fé e com os ensinamentos do Evangelho e da Igreja.

Na Espanha, o então porta-voz dos bispos, Dom Martínez Camino, explicou aos jornalistas: “A eliminação de seres humanos inocentes é incompatível com a consciência cristã. Quem faz isso já não está em comunhão com a Igreja. Pois bem, na prática concreta dos sacramentos, a medida a ser tomada não pode ser generalizada. Depende de cada caso. O bispo e o pároco são os que conhecem o estado real da consciência da pessoa”.

A sempre especial comunhão dos políticos

Um documento de 2002, do então cardeal Ratzinger, como prefeito da Doutrina da Fé, insiste em que os legisladores, como todos os católicos, “têm a precisa obrigação de opor-se a toda lei que atente contra a vida humana”.

“Não podem participar de campanhas de opinião a favor de semelhantes leis, e nenhum deles está autorizado a apoiá-las com o próprio voto.”

O entanto, há uma única exceção: apoiar uma lei má como única forma de evitar outra pior.

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