A tradicional Via-Sacra da Sexta-feira Santa no Coliseu de Roma, presidida pelo Santo Padre, é entremeada de breves e profundos textos que convidam à meditação. Para a cerimônia deste ano, o autor escolhido pelo papa Francisco para compor as reflexões é o bispo emérito italiano dom Renato Corti, da diocese de Novara, norte do país.
Dom Renato escolheu uma série de temas relacionados com grandes sofrimentos humanos sobre os quais é necessário pensar à luz do amor de Deus, que nos dá a graça para superá-los: perseguições religiosas, exploração de menores, pobres e mulheres, desafios para a família. O título do conjunto de meditações é “A cruz, ápice luminoso do amor de Deus que nos guarda. Chamados, também nós, a ser guardiões por amor”.
As reflexões vão acompanhando as 14 estações da Via Sacra e citam textos do papa Paulo VI, do cardeal Carlo Maria Martini e do ministro paquistanês Shahbaz Bhatti, assassinado em 2011.
Presidida pelo papa Francisco no cenário mais emblemático da história do martírio dos primeiros cristãos em Roma, a Via Sacra no Coliseu será transmitirá ao vivo pela Rádio Vaticano a partir das 16h05 do horário de Brasília (21h05 no horário de Roma), nesta Sexta-Feira Santa, dia 3 de abril. A transmissão para o Brasil é comentada em português.
Os textos de dom Renato Corti já estão disponíveis no site do Vaticano em sua tradução ao português.
Reproduzimos abaixo a meditação da Quarta Estação, em que Jesus encontra sua Mãe, Maria:
SENTIMENTOS E PENSAMENTOS DE JESUS: No meio da multidão, está a minha mãe. O meu coração bate agitado. Não consigo vê-la bem. O sangue escorreu-me também para o rosto. Quando tinha apenas quarenta dias, fui levado ao Templo, de acordo com a Lei de Moisés, para a oferta. Ao meu pai e à minha mãe, falou um profeta. Chamava-se Simeão. Tomou-me nos seus braços. Disse que eu haveria de ser um sinal de contradição e que, à minha mãe, "uma espada haveria de trespassar-lhe a alma". Palavras que, neste momento, se fazem ardente realidade para ela e para mim. Hoje tem plena realização a oferta daquele dia.
A NOSSA RESSONÂNCIA: Ó Filho meu, de linhagem divina, sois arrastado pelas mãos destes génios do mal e suportais-lho; viestes pôr-vos em cadeias e, voluntariamente, deixais-vos levar por eles, Vós que sois o libertador das cadeias do género humano acorrentado! Oh como me sinto destruída! Dizei-me, dizei-me uma palavra, Palavra de Deus Pai, não passeis, em silêncio, diante da vossa serva feita vossa mãe. Ó Jesus, o drama que enfrentais, juntamente com a vossa mãe, por uma ruela de Jerusalém, faz-nos pensar em tantos dramas familiares presentes no mundo. Há-os para todos: mães, pais, filhos, avós e avôs. Julgar é fácil; mais importante, porém, é pormo-nos no lugar dos outros e ajudá-los até onde nos for possível. Vamos procurar fazê-lo.
OREMOS: "Fazei o que Ele vos disser". Maria Santíssima, mãe de Jesus, esposa de José, nós vos pedimos que acompanheis o Sínodo dos Bispos dedicado à família. Intercedei pelo Papa, pelos Bispos e por todos aqueles que estão directamente envolvidos nele. Sejam dóceis ao Espírito Santo e cheguem a um válido discernimento. Sempre tenham presente o salmo que diz: "O amor e a verdade vão encontrar-se". Em Caná, ó Maria, sugeristes aos serventes: "Fazei o que Ele vos disser". Sustentai os esposos e os pais cristãos, chamados a dar testemunho da beleza duma família inspirada e guiada pelas directrizes de Jesus.