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Se você fosse você, o que faria?

Man standing on a jetty in a marina during a foggy​ © Sander van der Werf / Shutterstock – pt

<a href="http://www.shutterstock.com/pic.mhtml?id=224259769&amp;src=id" target="_blank" />Man standing on a jetty in a marina during a foggy</a> © Sander van der Werf / Shutterstock

<span>&lt;a href=&quot;</span>http://www.shutterstock.com/pic.mhtml?id=224259769&amp;src=id<span>&quot; target=&quot;_blank&quot; /&gt;</span>Man standing on a jetty in a marina during a foggy<span>&lt;/a&gt; &copy;&nbsp;</span><span style="line-height:1.6;">Sander van der Werf / Shutterstock</span><br /> &nbsp;

Aleteia Brasil - publicado em 31/08/15

Não tenha medo de entregar-se à aventura da vida!
Clarice Lispector escreveu uma crônica com o título “Se eu fosse eu” para o Jornal do Brasil em 1968, em que ela falava sobre a grandeza de entrar no nosso território desconhecido, e o que ela faria, caso ela fosse ela mesma. Vale a pena ler e refletir sobre a própria autenticidade.

Quando eu não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase “se eu fosse eu“, que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar, diria melhor: sentir.

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas e mudavam inteiramente de vida.

Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua, porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu e confiaria o futuro ao futuro.

“Se eu fosse eu” parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido.

No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teriamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim, em pleno, a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar.

Não, acho que já estou de algum modo adivinhando, porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.

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