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Santo Antônio e a mula do herege

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Arautos do Evangelho - publicado em 16/06/16

O santo foi desafiado: "Prove-me que o corpo de Cristo está presente na Hóstia, e eu me converterei". E ele provou - de maneira incrível!

Em todos os lugares por onde passava, Santo Antônio de Pádua era o flagelo dos hereges, em virtude do maravilhoso dom que possuía de refutar suas objeções e desmascarar suas calúnias contra a Fé Católica. Encontrando-se ele certo dia em Toulouse (França) para combater os erros dos inimigos da Santa Igreja, viu-se em luta contra um dos mais tenazes albigenses. A longa discussão acabou recaindo sobre o tema do augusto Sacramento da Eucaristia. Após grandes dificuldades, o defensor do erro ficou reduzido ao silêncio. Por fim, derrotado, mas não convertido, ele recorreu a um argumento extremo, desafiando o Santo:

– Deixemos de palavras e vamos aos fatos. Se, por algum milagre, podeis provar diante de todo o povo que o corpo de Cristo está de fato presente na Hóstia consagrada, eu abjuro a heresia e me submeto ao jugo da Fé.

– Aceito o desafio – replicou logo Santo Antonio, cheio de confiança na onipotência e na misericórdia do Divino Mestre.

– Eis, pois, o que proponho: tenho em minha casa uma mula; depois de deixá-la fechada durante três dias sem qualquer alimento, eu a trarei para esta praça. Então, em presença de todos, oferecerei a ela uma abundante quantidade de aveia para comer. E vós lhe apresentareis isso que dizeis ser o corpo de Jesus Cristo. Se o animal faminto abandonar a comida a fim de correr para esse Deus que, segundo vossa doutrina, deve ser adorado por todas as criaturas, eu crerei de todo coração no ensinamento da Igreja Católica.

* * *

No dia marcado, acorreu gente de todas as partes, enchendo a praça onde se realizaria a grande prova. Católicos e hereges, todos estavam numa expectativa fácil de imaginar. Perto dali, numa capela, Frei Antônio celebrava a Santa Missa com um fervor angelical.

Chega então o albigense, puxando sua mula, enquanto um comparsa traz o alimento preferido do animal. Uma multidão de hereges o escolta, pressagiando sua vitória.

Nesse momento, sai da capela Santo Antônio, tendo nas mãos o cibório com o Santíssimo Sacramento. Faz-se um profundo silêncio. Dirigindo-se à mula, ele brada com forte voz:

– Em nome e pelo poder de teu Criador, o qual, apesar de minha indignidade, aqui seguro realmente presente em minhas mãos, eu te ordeno, pobre animal: vem sem demora inclinar- te com humildade diante d’Ele. Devem os hereges reconhecer que toda criatura presta submissão a Jesus Cristo, Deus Criador, que o padre católico tem a honra de fazer descer sobre o altar!

Ao mesmo tempo, o albigense põe o monte de aveia debaixo da boca da mula esfomeada, incitando-a a comer.

Oh, prodígio! Sem prestar qualquer atenção no alimento que lhe é oferecido, não escutando senão a voz de Frei Antônio, o animal se inclina ao ouvir o nome de Jesus Cristo e depois se prostra de joelhos diante do Sacramento de Vida, como para adorá-lo.

À vista disto, os católicos explodem em manifestações de entusiasmo, enquanto os albigenses ficam esmagados de estupor e confusão.

O dono da mula, porém, mantendo a palavra de honra dada a Santo Antônio, abjura a heresia e torna-se um fiel filho da Igreja.

(P. Eugéne Couet, Miracles Historiques du Saint Sacrément, 3ª ed., pp. 170-172)

Albigenses, o que eram?

A seita maniquéia dos cátaros (puros) deitou fortes raízes no Languedoc, sudoeste da França, em torno da cidade de Albi, de onde lhes veio o nome de albigenses.

Em sua História Universal da Igreja Católica, o conceituado historiador Rohrbacher demonstra que não se tratava simplesmente de uma heresia a mais, como tantas outras: “Eles não negavam apenas uma determinada verdade, mas toda verdade, toda religião, toda moral, toda justiça, toda sociedade”.

Segundo eles, “o mal, o pecado, o crime não decorrem do livre arbítrio do homem, mas sim da criatura, senão da própria substância do ‘Deus Mau’, que fez o universo visível. (…) Daí concluíam os maniqueus: sendo o mal obra do ‘Deus Mau’, é uma injustiça castigar por ele o homem; a justiça humana, que pune os malfeitores, é uma atroz injustiça que precisa ser abolida a ferro e fogo. (…) Uma vez que as coisas visíveis, materiais, físicas, são obra de Satanás, o casamento, a procriação de filhos, é, pois, uma obra maldita, a qual é preciso execrar e impedir por todos os meios”.

Negavam os albigenses a Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo e, em conseqüência, todas as outras verdades da Fé, com especial ênfase na Sagrada Eucaristia.

Para sustar a expansão dessa doutrina deletéria esforçaram-se os monges cistercienses e, sobretudo, o grande São Domingos de Gusmão. Fonte: Rohrbacher, História Universal da Igreja Católica, 9ª edição, 1903, tomo IX, pp. 135-136.

O Pão da vida

É oportuno lembrar algumas palavras do Fundador dos Sacramentinos, São Pedro Julião Eymard, alma apaixonada por Jesus-Hóstia.

Foi o próprio Jesus quem se chamou Pão da Vida. E que nome! Fosse um Anjo obrigado a  nomeá-lo, dar-lhe-ia um nome condizente com seus atributos: Verbo, Senhor, mas nunca ousaria chamar seu Deus de pão! E, no entanto, o verdadeiro nome de Jesus é de fato Pão da Vida. Na Cruz, será, qual farinha, triturado, peneirado, para, depois ressuscitado, ser para nossas almas o que o pão material é para nosso corpo. Na verdade, Jesus é nosso Pão da Vida. (…)

Nosso Senhor o proclamou: “Quem comer minha Carne terá a Vida em si”. Mas que Vida? A própria Vida de Jesus. (…) O alimento comunica, com efeito, sua substância a quem dele participa. Jesus não se mudará em nós, mas nos transformará n’Ele. (…) Para enfrentar as muitas lutas da vida cristã, só a Eucaristia vos dará as forças suficientes, pois, sem ela, tanto a oração como a piedade não tardarão em esmorecer. A piedade sem a Comunhão é uma piedade morta.

Nem o Batismo, que dá a Vida; nem a Crisma, que a aumenta; nem a Penitência, que a recupera, bastam por si. Estes Sacramentos são apenas uma preparação para a Eucaristia, que os completa e coroa. (“A Divina Eucaristia”, vol. II, pp. 64 – 66) – Revista Arautos do Evangelho, Novembro/2004, n. 35, pp. 38-39)

(via Arautos)

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