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10 deveres do intelectual católico

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Miriam Diez Bosch - publicado em 23/03/17

Segundo o filósofo Francesc Torralba

O intelectual não pode viver em uma torre de marfim. E, se for católico, tem que “decifrar o sentido do presente” e “combater o cinismo em todas as suas formas.” São dois dos deveres imprescindíveis do intelectual católico do nosso tempo que o filósofo da Universidade Ramon Llull, Francesc Torralba , compartilhou no II Congresso da revista Questions de Vida Cristiana e da Fundació Joan Maragall, que aconteceu no mosteiro beneditino catalão de Montserrat.

Veja outros deveres do intelectual católico, segundo o filósofo:

  1. Decifrar o significado do presente, articular uma cartografia do agora, explorando os vetores que movem a cultura e as tendências da época. Este dever requer a habilidade de detectar o que é de boa fé, puro, verdadeiro e bom e, por outro lado, exige a capacidade de entender a obscuridade do presente.
  2. Recriar linguisticamente a herança recebida, articulá-la mediante um jogo de linguagem que seja significativo, claro e inteligível para o homem e a mulher de hoje. Evitar cair no tradicionalismo pétreo e, da mesma forma, na “novolatria” (idolatria do que é novo).
  3. Manter um compromisso ativo com a racionalidade, identificando seus potenciais e limitações, evitando cair no sentimentalismo, mas também não atendo somente ao racionalismo. Espera-se que um intelectual católico lute contra a credulidade e o fideísmo.
  4. Construir pontes com as tradições espirituais e religiosas da humanidade, e, quando possível, com novas formas de espiritualidade laica que emergem às margens das instituições formalmente articuladas.
  5. Articular uma chamada profética a favor dos mais vulneráveis, dos excluídos e dos que estão à margem de nossa sociedade – e atuar em defesa da dignidade inerente à toda pessoa humana.
  6. Não renunciar o criticismo moderno e desenvolvê-lo tanto ad intra (dentro da instituição eclesial), quanto ad extra (o mundo). Viver o sentido de pertinência sem complexos e não se esquivar da dor de ser membro da Igreja em certas ocasiões.
  7. Apostar na visibilidade midiática. Existir no ágora digital, ter a audácia de estar presente neste espaço e propor a própria cosmovisão. Recusar a hipervisibilidade e, por outro lado, a tendência à marginalidade e ao refúgio no calor do rebanho. Colocar-se para fora, ter a audácia de estar na praça pública e, se convier, de ser ferido.
  8. Comprometer-se com as causas nobres da sociedade. Lutar contra o puritanismo moral e o perfeccionismo, a moral da elite e a tendência de jogar o papel do espectador neutro. Não há neutralidade para o intelectual católico. É necessário ser ator; não espectador passivo do mundo. É preciso lutar para melhorar o mundo, participando de organizações que transformam a sociedade.
  9. Reconhecer as grandes produções artísticas, culturais e filosóficas da cultura laica. Também reconhecer as manifestações do ateísmo dos séculos XIX e XX e do humanismo ateu em todas as suas formas. Não se sentir provocado pelo laicismo de voo galináceo.
  10. Articular um discurso de esperança, capaz de combater racionalmente a tendência ao niilismo histórico e, especialmente, não se deixar vencer pelo desânimo diante dos acontecimentos. O intelectual católico deve combater o cinismo em todas as suas formas – inclusive aquele que pode nascer em seu interior.

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