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Deputada propõe multar masturbação masculina em protesto contra restrições ao aborto

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Jessica Farrar - Arquivo Pessoal

Francisco Vêneto - publicado em 24/03/17

A irracionalidade na argumentação abortista não conhecerá sequer o senso do ridículo?

A deputada norte-americana Jessica Farrar, do Partido Democrata, propôs uma lei voltada a proibir a masturbação masculina. Mas não é porque ela seja contra a masturbação como tal ou porque esteja preocupada com o impacto dessa prática na saúde e na psicologia dos homens. A ideia de proibir “todas as ejaculações fora da vagina de uma mulher ou obtidas fora do ambiente médico ou sanitário”, segundo a própria deputada, é um “protesto” contra as leis que atualmente restringem o aborto nos Estados Unidos.

Pela “proposta”, a ejaculação provocada pela masturbação passaria a ser vista como um “ato contra uma criança que ainda não nasceu” – e o homem que cometesse a “infração” pagaria multa de 100 dólares.

Tentativa de dar “lógica” ao disparate

Jessica Farrar “argumenta”, impavidamente, que a sua peculiar proposta não é mais extrema do que as leis que restringem o “direito” da mulher a “interromper a gravidez”. Sim, este é o intuito declarado: passar a impressão de que proibir o aborto equivaleria a proibir a masturbação, ou, mais diretamente, insinuar que, assim como ninguém fiscaliza se os homens se masturbam ou não, ninguém deveria fiscalizar se as mulheres abortam ou não. Desse jeito mesmo, como quem diz, alegremente, que ninguém deveria se importar se o vizinho bebe refrigerante, ou fuma maconha, ou joga a filha pela janela, ou corta o cônjuge em pedacinhos e os guarda na mala. Seria tudo, basicamente, a mesma coisa.

De acordo com a deputada, o processo para abortar em seu Estado, o Texas, é desgastante e invasivo: as gestantes que desejam eliminar o próprio filho precisam ouvir palestras sobre as implicações morais do aborto, ver imagens de fetos e fazer um ultrassom para ouvir as batidas do coração do bebê – entre outras medidas voltadas a deixar claro que, no aborto, o que está em jogo é a eliminação de um filho vivo e que isso precisa, necessariamente, ser levado em conta pela mulher que vai tomar uma decisão de tamanha gravidade.

Como é óbvio que a indústria do aborto não quer dar a essas mães uma chance tão gritante de enxergarem enquanto há tempo que aquele “mero acúmulo de células” é, na realidade, um filho vivo, cabe perguntar se Jessica Farrar está consciente, ela própria, do que é verdadeiramente “desgastante” e “invasivo” nesse processo – e nesse esquema. Aliás, se o fato real de que um aborto mata um filho não parece relevante o suficiente para esta “indignada” democrata, talvez seja o caso de o Texas impor também aos seus parlamentares algumas “palestras sobre as implicações morais das suas propostas”, a fim de ajudá-los a raciocinar com um mínimo de objetividade antes de as lançarem, de modo tão “desgastante e invasivo”, na cara dos contribuintes que os sustentam.

Enquanto isso não acontece, voltemos à “proposta” em questão.

Comparando o incomparável

A mera tentativa de comparar aborto e masturbação (apenas masculina, ressalte-se) é ilógica a tal ponto que não há como negar a sua perfeita coerência com o nível de “racionalidade” da “argumentação” abortista, baseada, afinal de contas, na ideia de que um ser humano não é um ser humano (aliás, “fundamentada” por nascença no absurdo, a “argumentação” abortista é ela própria um aborto da realidade – e é por isso mesmo que, a rigor, dispensa toda necessidade de recursos filosóficos ou religiosos para desmascarar a sua inconsistência substancial, embora os abortistas se escudem com grande fervor na “acusação” de que a defesa da vida desde a concepção é “coisa de religiosos”).

A masturbação, como é bastante inteligível para a maior parte das pessoas a partir de, digamos, 10 anos de idade, não elimina nenhum bebê existente. Já o aborto extermina um ser humano real, vivo e indefeso. Este “detalhe” invalida a comparação já de saída, pois os conceitos que se tentam comparar são essencialmente incomparáveis.

Tiro no pé (1)

Ah, mas a masturbação é, sim, uma forma de impedir um “potencial” nascimento, retrucariam os defensores da “proposta”. De acordo: a masturbação certamente “evita” potenciais nascimentos. Só que esse mesmo resultado pode ser atribuído também à recusa de sexo por parte de qualquer mulher. Portanto, a mulher que se negasse a fazer sexo (com o próprio marido ou com quem quer que fosse) também deveria ser multada, já que, por essa mesma “lógica”, estaria cometendo “um ato contra uma criança que ainda não nasceu”. Será que é chegado o dia, caro leitor, em que precisaremos explicar ao grande público o teor absurdo de uma hipótese dessas?

Prossigamos, apesar do crime hediondo que estamos cometendo contra o potencial de grandiosidade da inteligência humana ao nos prestarmos a discutir disparates que, em épocas mais evoluídas, nos deixarão com vergonha da nossa trajetória como espécie.

Sexismo tipicamente abortista

A deputada resolveu, ainda, que a sua comparação se aplica apenas à masturbação masculina. Sexista como é típico da argumentação abortista, essa discriminação passa por cima do fato de que a masturbação feminina também “substitui” o ato sexual pleno e aberto por natureza à concepção, constituindo, igualmente, “um ato contra uma criança que ainda não nasceu”. Logo, a masturbação feminina seria tão “multável” quanto a masculina, coisa que, nada surpreendentemente, a “proposta” em questão achou por bem ignorar, aplicando-lhe seus critérios seletivos adaptáveis à melhor conveniência.

Tiro no pé (2)

Deve-se reconhecer, a essa altura, que, embora o faça possivelmente sem querer, a democrata texana presta um serviço “colateral” relevante ao observar que a masturbação realmente desvia o homem da plenitude da vida sexual. A este respeito, a Igreja e a ciência apontam que a masturbação nem é inócua como pretende esta cultura hedonista nem é isenta de consequências psicológicas e fisiológicas daninhas para o praticante e para os seus relacionamentos. Ao sugerir que a masturbação precisa mesmo de alguma restrição, Jessica Farrar concede aval a essa visão saudável proposta pela Igreja e confirmada por estudos científicos. É uma pena, porém, que, apesar de admitir (mesmo que por acaso) essa importante consideração, a deputada logo a dilua em sua tentativa patética de traçar uma comparação que nem ela própria admite que pode ser levada a sério.

Sim, reconheça-se: Jessica Farrar esclarece que a sua “proposta” não é séria e que a sua intenção é apenas “protestar”. Ocorre que este esclarecimento não a exime de repreensão pelo disparate cometido: em vez disso, ainda lhe imputa a responsabilidade adicional de tê-lo proposto como deputada.

Isso é papel de deputada?

Jessica Farrar recebe um salário pago pelo contribuinte norte-americano, inclusive pelo contribuinte que não a elegeu e que, mesmo assim, de modo “desgastante e invasivo”, é obrigado a sustentá-la sem “abortá-la” (até porque os contribuintes realmente conscientes sobre o aborto sabem que existem meios de lidar com “existências incômodas” que são mais civilizados do que a sua simples eliminação).

O desperdício de verba pública em despropósitos desse calibre já é inaceitável em si mesmo, mas é menos grave do que a leviandade com que Jessica Farrar se propôs a “discutir” um tema de seriedade tão objetiva como é o aborto, inclusive do ponto de vista das gestantes que não desejam o filho.

Se a preocupação com as mulheres grávidas e não desejosas de ser mães é autêntica, a própria gravidade do assunto rejeita qualquer abordagem “engraçadinha”, que, além de escancarar o já aberto desprezo pelo feto, deixa vislumbrar também o camuflado desprezo pelas mesmas gestantes.

Farsa “democrática”

O “protesto” de Jessica Farrar é mais uma demonstração de que o movimento pela liberalização generalizada do assassinato de bebês tem muito pouco a ver com um genuíno interesse pelo bem-estar de suas mães, muito embora esta bandeira seja tão hipocritamente agitada aos quatro ventos por quem adere a essa farsa “democrática” em nome de “direitos” que não existem – mas que sustentam, mesmo assim, negócios imperscrutavelmente lucrativos.

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