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Nossa Senhora de Fátima: afinal, a Rússia foi ou não foi consagrada?

N Sra Fatima

Associação Devotos de Fátima

Aleteia Brasil - publicado em 24/03/17

Há quem insista em afirmar que esse pedido de Nossa Senhora ainda não foi atendido

Após a confirmação oficial de que os pastorinhos Francisco e Jacinta, videntes de Fátima, serão canonizados, voltam à tona entre alguns círculos católicos certas insistentes teorias de que um pedido de Nossa Senhora não teria sido ainda cumprido: a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração.

No entanto, a própria Irmã Lúcia, a vidente de Fátima que, entre os três pastorinhos, teve a vida mais longa nesta terra, confirmou a validade da consagração realizada por São João Paulo II em 1984.

A este respeito, compartilhamos o seguinte comentário do sacerdote português Pe. Gonçalo Portocarrero, publicado por ele em “Voz da Verdade”:

Há uma misteriosa relação entre as aparições marianas da Cova da Iria, a “conversão” da Rússia e o triunfo do Imaculado Coração de Maria.

É sabido que uma parte importante do segredo de Fátima tem a ver com a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Na terceira aparição, em 13 de julho de 1917, a “Senhora mais branca do que o sol” veio “pedir a consagração da Rússia” ao seu Imaculado Coração. Se assim se tivesse feito, esse país ter-se-ia então convertido e teria havido paz, mas como assim não aconteceu, espalhou os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja e, por isso, os bons foram martirizados, o Santo Padre teve muito que sofrer e várias nações foram aniquiladas, perdendo a sua independência e liberdade.

Hoje é sabido que a queda do muro de Berlim, em 1989, a derrocada pacífica da cortina de ferro, o colapso da antiga URSS e a implosão de todos os seus satélites, os países do Pacto de Varsóvia, não eram humanamente expectáveis, nem foram de fato previstos por nenhum politólogo. Para o crente, contudo, aquela impressionante reviravolta política, que devolveu a liberdade a milhões de cidadãos escravizados por uma das piores tiranias de que há memória, ficou-se a dever à consagração realizada por São João Paulo II, em Roma, em 25 de março de 1984, e reconhecida formalmente como válida pela própria vidente.

É certo que alguns pontífices tinham querido realizar esse mandado da Mãe de Deus, mas, por incumprimento de algumas das condições estipuladas por Nossa Senhora, essas tentativas malograram-se. Também é verdade que a diplomacia da Santa Sé já procurava, havia várias décadas, reatar relações com os Estados comunistas do leste europeu, mas sem resultados significativos ou, pelo menos, absolutamente incapazes de explicar a “conversão da Rússia” e do seu império do mal.

O que, em 1917, era uma incrível profecia, é hoje história. Tanto mais inacreditável quando se leva em conta que, só depois de concluídas as aparições de Fátima, isto é, em novembro de 1917, é que a Rússia se torna um Estado totalitário. Além do mais, os confidentes da celestial Senhora nem sequer sabiam da existência dessa potência estrangeira, situada no extremo oposto do continente europeu. Muito menos podiam estar a par das suas convulsões internas, nem do regime implacável que, nesses vastos domínios da Europa oriental, seria instalado em breve, com tão funestas consequências para a liberdade religiosa de todos os crentes dos países integrados ou submetidos à URSS.

Todavia, a conversão da Rússia, que talvez só se complete com o regresso da ortodoxia à catolicidade da Igreja, não era a única bênção que Nossa Senhora prometia se essa nação fosse a Ela consagrada: “O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá; e será concedido ao mundo algum tempo de paz (…) Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. Assim se entende que o Papa emérito Bento XVI, na solene homilia da celebração eucarística de 13 de maio de 2010, tenha dito: “Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída”. De forma ainda mais explícita, expressou naquela mesma ocasião o seguinte voto: “Possam os sete anos que nos separam do centenário das aparições apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria”.

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Pe. Gonçalo Portocarrero, em “Voz da Verdade”

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