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“A juventude não vive para o prazer, mas para o heroísmo”

joven pensativo en una montaña – pt

© musthaqsms

Aleteia Brasil - publicado em 29/03/17

Diplomata francês no Brasil, Paul Claudel foi um ateu que se converteu ao catolicismo

Paul Claudel é o nome artístico de Louis Charles Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper, diplomata, dramaturgo e poeta francês nascido em 1868 e falecido em 1955.

Membro da Academia Francesa de Letras, ele é hoje reconhecido como um importante escritor católico – mas nem sempre praticou a fé.

Paul Claudel se considerou ateu até os 18 anos de idade, apesar da forte herança familiar católica de sua mãe, Louise. No Natal de 1886, porém, o jovem se converteu quase subitamente ao catolicismo ao ouvir o coro da catedral de Notre-Dame de Paris. Ele se emocionou ao testemunhar a fé das pessoas que oravam a um Deus que ele não queria conhecer: foi a partir desse instante que Paul intuiu que era possível contar com a ajuda do poder e do amor de Deus Criador.

O jovem chegou a pensar na vida monástica junto aos monges beneditinos, mas sua vocação como leigo o levou ao corpo diplomático francês. Ele foi vice-cônsul de seu país em Nova Iorque, Boston, Praga, Frankfurt am Main e Hamburgo, além de cônsul na China e embaixador em Tóquio, Washington e Bruxelas. Também foi “ministro plenipotenciário” no Rio de Janeiro em 1916, período que coincidiu com a Primeira Guerra Mundial: era ele quem supervisionava o envio de alimentos da América do Sul para a França durante o conflito.

Casado desde 1906 com Reine Sainte-Marie Perrin, teve uma vida familiar feliz junto da esposa e dos filhos, mas, no tocante à irmã Camille, sentiu profundo remorso por ter permitido a sua internação num hospício durante nada menos que três décadas. Paul pensava que esse era o tratamento adequado para Camille, que desenvolvera esquizofrenia depois de um abandono amoroso. Para tentar se redimir da decisão equivocada, ele se tornou grande divulgador da obra da irmã, que era escultora.

Quanto à conversão ao catolicismo, Paul deu diversos testemunhos. Reproduzimos a seguir um deles, a partir das suas correspondências:

A juventude não vive para o prazer, vive para o heroísmo. É um fato: ao jovem é necessário heroísmo para resistir às tentações que o envolvem, para acreditar numa doutrina desprezada, para conseguir fazer face aos argumentos, à blasfêmia, aos gracejos dos livros, aos jornais, para resistir à sua família e aos seus amigos, para estar sozinho contra todos, para ser fiel contra todos. Mas “tende coragem, porque eu venci o mundo”. Não acredites que ficarás diminuído: pelo contrário, serás aumentado. É mediante a virtude que se é homem. A castidade te tornará vigoroso, apto, vigilante, profundo, claro como o toque da trombeta e esplêndido como o sol da manhã. A vida te parecerá cheia de encanto e de seriedade, um mundo de sentido e de beleza. À medida que avançares, as coisas te parecerão mais fáceis; os obstáculos que julgavas intransponíveis te farão sorrir… Há uma passagem na tua carta que me faz rir. É aquela em que me dizes ter medo de encontrar na religião o fim da procura e da luta. Ah, meu caro amigo, no dia em que receberes Deus, terás contigo o hóspede que não te dará mais um momento de repouso! “Não vim trazer a paz, mas a espada”. Ele será o grande fermento que fará rebentarem todos os vasos, será a luta contra as paixões, a luta contra as trevas do espírito – não aquela em que se é vencido, mas aquela da qual se sai vencedor.
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