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Mídia censura Papa Francisco quando ele fala contra aborto, afirma vaticanista

Papa Francisco

HANDOUT/AFP/East News

Francisco Vêneto - publicado em 17/12/20

Parte da mídia censura o Papa em certos assuntos e o utiliza em outros, conforme conveniências ideológicas que nada têm a ver com jornalismo

Mídia censura Papa Francisco quando ele fala contra aborto: esta é a constatação que o vaticanista italiano Sandro Magister fez em seu blog, Settimo Cielo, ao observar que, quando o Papa fala em aborto, os grandes meios de comunicação costumam omitir a notícia ou dar-lhe o mínimo possível de visibilidade.

Isso tem sido particularmente evidenciado no tocante ao ativismo do governo argentino para legalizar o aborto no país natal de Francisco. Neste mês, os deputados da Argentina aprovaram a lei do aborto e agora cabe aos senadores confirmá-la ou não.

Em 14 de dezembro, Magister escreveu:

“Cada vez que toca esse tema, Francisco não desfruta de forma alguma de boa imprensa. Além disso, é sistematicamente ignorado”.

O Papa, no entanto, volta ao tema com frequência e com clareza. No recente livro “Sonhemos Juntos“, por exemplo, ele afirma:

“Não posso ficar calado sobre os mais de 30-40 milhões de nascituros que, segundo os dados da Organização Mundial de Saúde, são descartados todos os anos por meio do aborto. É terrível constatar que, em muitas regiões consideradas desenvolvidas, essa prática é frequentemente incentivada porque os filhos que vão nascer são deficientes ou não foram planejados. Mas a vida humana nunca é um fardo. É preciso dar-lhe espaço e não descartá-la. O aborto é uma grave injustiça. Nunca pode ser uma expressão legítima de autonomia e poder. Se a nossa autonomia exige a morte de outros, então a nossa autonomia nada mais é do que uma jaula de ferro. Costumo me fazer duas perguntas: é justo eliminar uma vida humana para resolver um problema? E é justo contratar um assassino de aluguel para resolver um problema?”.

Como se a sua posição não fosse clara e explícita o suficiente, Francisco ainda recorda que esta é a postura firme do Magistério:

“Meu predecessor, São Paulo VI, advertia em sua carta encíclica de 1968, Humanae vitae, sobre a tentação de considerar a vida humana como um objeto entre muitos, sobre o qual os poderosos e as pessoas instruídas podem exercer o seu domínio. Como é profética a sua mensagem agora! Hoje, o diagnóstico pré-natal é rotineiramente utilizado para filtrar aqueles que são considerados fracos ou inferiores”.

Francisco escreveu as mesmas considerações, também recentemente, em duas cartas abertas:

  • uma, para mulheres da periferia de Buenos Aires que estavam preocupadas com a possível legalização do aborto (confira a respeito no artigo recomendado ao final desta matéria);
  • a outra, em 1º de dezembro, a um grupo de ex-alunos argentinos.

Sandro Magister considera:

“O Papa quer demostrar que se preocupa em ir até o fundo das questões e em falar diretamente ao mundo, sem se envolver na luta política, especialmente na política argentina. Em particular, para Bergoglio, é urgente evidenciar o seu duplo distanciamento: da ex-presidente peronista Cristina Fernandez de Kirchner, com quem diz que ‘não tem nenhum contato’ desde que deixou o cargo, e de Juan Grabois, organizador de primeiro nível dos ‘movimentos populares’ tão amados pelo Papa e a quem ele nomeou assessor do dicastério vaticano para o serviço do desenvolvimento humano integral. A razão desse distanciamento é que tanto uma quanto o outro nos fazem crer que são mais próximos do Papa e mais amigos dele do que realmente são”.

O resultado disto, como ressalta o vaticanista, é o mesmo que o próprio Papa descreveu há poucos dias:

“Os meios de comunicação acabam atribuindo a mim, Francisco, não ‘o que digo’, mas ‘o que dizem que digo’”.

Basicamente: grande parte da assim chamada “grande mídia” censura o Papa Francisco em certos assuntos e o utiliza em outros, conforme conveniências ideológicas que nada têm a ver com jornalismo.


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