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O que significa o termo “cultura da vida”?

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YOSHIKAZU MIKAMI

Aleteia Vaticano - publicado em 08/02/13

Ser pró-vida é muito mais do que apenas opor-se à legalização do aborto: tem a ver com a promoção de uma "cultura da vida".

Muito mais que opor-se ao aborto

Uma “cultura” é a expressão viva do sistema de valores de uma sociedade particular. Por isso, uma “cultura da vida” deveria ser a expressão viva de uma sociedade que valoriza a vida humana, que respeita a dignidade intrínseca de cada pessoa e que protege os direitos inalienáveis de todos os seres humanos, desde a concepção até a morte natural.

O Beato João Paulo II criou a expressão “cultura da vida” para sublinhar a necessidade de levar as convicções pró-vida a cada aspecto da vida e da sociedade.

Uma “cultura” é a expressão viva do sistema de valores de uma sociedade particular. Por isso, uma “cultura da vida” deveria ser a expressão viva de uma sociedade que valoriza a vida humana, que respeita a dignidade intrínseca de cada pessoa e que protege os direitos inalienáveis de todos os seres humanos, desde a concepção até a morte natural. Esta expressão deveria estar presente na arte, na música e na literatura populares, bem como na mídia; deveria ver-se refletida nas leis e políticas da sociedade, nas instituições educativas. E deveria (ainda que haja exceções) ser naturalmente assumida nas atitudes e costumes dos seus cidadãos.

O Beato João Paulo II adotou o termo “cultura da vida”. É um grande termo, porque remete à nossa responsabilidade de levar nossas convicções pessoais pró-vida a cada aspecto da cultura. Quando a cultura é pró-vida, os corações das pessoas a seguem. Mas o contrário também é verdade.

Uma sociedade que promove a cultura da vida deveria trabalhar para proteger a vida em todas as suas etapas.

A população em geral deveria ver o aborto e a eutanásia como males fundamentais; e nossa principal preocupação como pessoas deveria ser proteger as vidas dos seres inocentes e vulneráveis, acima das nossas necessidades e exigências. Muitas pessoas deveriam acreditar que a autêntica realização e felicidade se fundam em fazer uma diferença positiva com relação aos outros acima de nós mesmos e encontrar a realização por meio do amor incondicional de Deus.

O amor é o dom do sacrifício de nós mesmos pelos outros. A liberdade é uma condição que nos permite buscar o que é verdadeiramente bom e rejeitar o mal. As pessoas deveriam compreender que existe uma realidade objetiva do que é bom e do que é mau, sabendo que romper as normas do que é bom ou mau prejudica as pessoas, assim como toda a sociedade.

Tudo isso deveria afetar, obviamente, a forma como a mídia informa sobre assuntos como o aborto, a clonagem, a pesquisa com células-tronco embrionárias, a eutanásia e o suicídio medicamente assistido. A premissa deveria ser que todas estas coisas constituem obstáculos para uma vida feliz e realizada e são contrárias ao amor e à liberdade.

Todas as formas de expressão artística e literária nesta cultura deveriam tratar os não-nascidos, os idosos, as pessoas com deficiência e os doentes terminais como membros plenos da família humana. As políticas e as leis deveriam começar com a premissa de que as crianças não-nascidas, em qualquer etapa do seu desenvolvimento, são pessoas plenamente humanas, e que o aborto é uma violação fundamental do inalienável direito à vida. A famosa sentença Roe versus Wade (que permitiu a legalização do aborto nos EUA) deveria ter sido revogada e substituída por leis que protegessem a vida não-nascida. O suicídio assistido e a eutanásia deveriam ter sido sumariamente rejeitados como violações da liberdade, da dignidade e dos direitos humanos.

Nossa cultura atual promove mensagens contrárias à vida, por meio de todos os canais chaves das expressões culturais, e isso afeta profundamente muitas pessoas na nossa sociedade, especialmente os jovens.

Os principais canais de comunicação cultural estão profundamente marcados por uma filosofia contrária à vida. A mídia, os políticos, a lei, a arte e o entretenimento, o sistema de educação pública e inclusive muitas causas caritativas foram fortemente influenciadas por filosofias que rejeitam a dignidade intrínseca da vida humana e que promovem noções materialistas da felicidade, assim como a crença de que os seres humanos são a soma dos seus membros físicos.

A penetração destas filosofias em cada canto da cultura foi extremamente prejudicial para as pessoas jovens, mas também para as gerações mais velhas. Nossos jovens têm de ser muito valentes para lutar contra o que parece ser um incêndio incontrolável, e devem ter vontade para permanecer sozinhos diante de um grande mal. Isso supõe um grande desafio para muitos deles. Temos a responsabilidade de dar bom exemplo, de prepará-los, de rezar por eles e de apoiá-los em suas lutas.

Para que uma sociedade tome medidas para proteger a dignidade da vida, a cultura deve privilegiar este valor.

Se não for por uma intervenção direta de Deus – algo que Ele habitualmente não costuma fazer –, não se poderá colocar fim ao aborto, à eutanásia, à clonagem e a outras práticas destrutivas sem mudar primeiro a cultura. Deus prefere agir por meio da liberdade humana. É natural para os seres humanos seguir o que a sua cultura lhes ensina. Se queremos que as pessoas caminhem livremente rumo a uma ética pró-vida em seus corações, devemos cercá-las de uma cultura que viva esta expressão. Tentar transformar o coração das pessoas sem afetar simultaneamente a cultura em que vivem seria como educar um adolescente para ser puro e casto, e depois levá-lo para ver um filme pornográfico no final de semana.

Os seres humanos são frágeis e a cultura pode ser frequentemente uma professora muito mais forte de “moralidade” e de “valores” do que nós sozinhos. Precisamos de uma cultura aliada a nós, para formar corações e mentes a favor da vida.

Construir uma cultura da vida é muito mais que ter os melhores argumentos: requer uma autêntica transformação dos corações.

Ter os melhores argumentos é muito importante. E o movimento pró-vida tem os argumentos mais sofisticados, inteligentes e cheios e compaixão. Mas deve haver também uma transformação do coração. Sem o coração, os argumentos mais fortes acabam falhando nos momentos de crise. E os corações humanos são fortemente influenciados pela cultura.

Uma pessoa pode ser uma verdadeira promotora da cultura da vida em sua própria vocação ou vida profissional. Se está envolvida na arte do entretenimento, pode considerar como introduzir uma visão digna da felicidade, do êxito, da qualidade de vida, do amor, da liberdade, bem como dos direitos humanos em seu trabalho. Se a pessoa gosta de política e leis, pode aplicar isso também.

Se a pessoa se considera um líder, pode procurar um projeto, uma organização ou uma nova missão, algo que lhe interesse, e usá-lo para promover melhores definições de palavras como “êxito”, “qualidade de vida”, “amor” e “liberdade”. Já no caso da pessoa que gosta de lecionar, pode trabalhar estes conceitos em sua disciplina

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