Alguns detalhes sobre a escolha do novo pontífice
A transição do papado na Igreja está prestes a trazer à memória imagens das eleições de 1978 e 2005. Existem regras que regem tal transição, é claro, mas também haverá uma diferença gritante: embora o Papa Bento XVI não vá participar do Conclave para eleger seu sucessor, sua presença ainda será fortemente sentida.
A renúncia do Papa Bento XVI vale a partir de quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013, às 20h de Roma, momento em que a Cátedra de Pedro estará vaga.
Universi Dominici Gregis, a constituição apostólica sobre a eleição do Papa, publicada por João Paulo II em 1996, apresenta o protocolo do período de transição e da eleição. Apresentamos os seus destaques:
1. Todos os oficiais do Vaticano cessam o exercício das suas funções. Apenas o Camerlengo da Santa Igreja Romana e o Penitenciário-Mor continuam a despachar os assuntos ordinários, submetendo ao Colégio dos Cardeais o que deveria ser referido ao Sumo Pontífice.
2. Sendo informados da vacância da Cátedra de Pedro, os cardeais do mundo seguem para Roma, para se encontrar nas congregações preparatórias. Assim que chegam, eles fazem um juramento: “prometemos, obrigamo-nos e juramos, todos e cada um, observar exata e fielmente todas as normas contidas” na Universi Dominici Gregis, “e guardar escrupulosamente o segredo sobre tudo aquilo que, de qualquer modo, se relacione com a eleição do Romano Pontífice”.
3. Dois “eclesiásticos”, conhecidos por sua “íntegra doutrina, sabedoria e autoridade moral” são encarregados de apresentar aos cardeais “duas ponderadas meditações sobre os problemas da Igreja nesse momento e a escolha esclarecida do novo Pontífice”.
4. O número máximo de cardeais eleitores não deve superar 120, e eles devem ter menos de 80 anos no dia que se inicia o período de vacância, a Sede Vacante.
5. Saindo da Capela Paulina, onde se congregarão na parte da tarde, os cardeais eleitores, com vestes corais, dirigir-se-ão à Capela Sistina, cantando o Veni Creator.
6. Cada cardeal eleitor profere uma fórmula de juramento em que diz: “prometemos, obrigamo-nos e juramos que quem quer de nós, que, por divina disposição, for eleito Romano Pontífice, comprometer-se-á a desempenhar fielmente o munus Petrinum de Pastor da Igreja universal e não cessará de afirmar e defender estrenuamente os direitos espirituais e temporais, assim como a liberdade da Santa Sé”. Eles também juram observar “segredo acerca de tudo aquilo que” disser respeito à eleição do Papa.
7. O Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias pronuncia a frase “extra omnes” e os não-participantes devem deixar a Capela Sistina. Os únicos não-eleitores que podem permanecer são o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e o eclesiástico já escolhido para fazer a meditação.
8. Dois terços dos votos são necessários. Há duas votações por dia. Se não se der a eleição depois de três dias, a votação é suspensa para um dia de oração e discussões informais.
9. Quando um dos cardeais é eleito, o cardeal decano pergunta se ele aceita livremente o cargo do ministério petrino. Se o candidato recusar, as votações continuam. Se ele aceitar, é perguntado sobre o nome que quer ser chamado. Então os cardeais fazem um ato de homenagem e obediência, seguido dos cumprimentos. Depois o Papa segue para dar a bênção no balcão da Basílica Vaticana.
10. Após a Missa inaugural, o Papa toma posse na Basílica de São João de Latrão (catedral do bispo de Roma).
11. Uma peça chave nessas cerimônias é o camerlengo, papel atual de Tarcisio Bertone, secretário de Estado. Entre suas atribuições está quebrar o anel papal (o Anel do Pescador) para impedir qualquer falsificação, e selar os aposentos do Papa para evitar a violação de documentos.