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Cardeal Luis Antonio Tagle: uma estrela surge no Oriente

Aleteia Vaticano - publicado em 05/03/13

Sua juventude seria um ponto a favor depois do gesto de Ratzinger?

A estrela de Belém não é a única que nasceu no Oriente. Com apenas 55 anos, criado cardeal em novembro de 2012, Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila (Filipinas), é visto por muitos como a escolha certa para uma nova abordagem do pontificado.

Considerando a sua recente "promoção" e a experiência quase nula no Vaticano, muitos nem sequer lhe dariam uma chance. O Beato João Paulo II foi eleito aos 58 anos, e os observadores do Vaticano poderiam concluir que a Igreja não precisa de outro pontificado com duração de 20 ou 30 anos. No entanto, agora que Bento XVI estabeleceu um novo precedente, os cardeais poderiam escolher um jovem, presumindo que ele vai se aposentar após 15 anos de ministério.

Aqueles que especulam nesse sentido não podem prever a ação nem dos cardeais nem do Espírito Santo no conclave. O próximo papa será eleito não só pelo seu talento e suas credenciais, mas também com base em fatores que não podem necessariamente ser previstos ou determinados. Na Capela Sistina, sempre há espaço para surpresas.

De pais profundamente católicos, Tagle sabia recitar o terço aos três anos de idade. Frequentou o seminário em Quezon City (Filipinas), transferindo-se para completar seu doutorado na Catholic University of America (CUA), em Washington, DC (EUA). Sua tese de doutorado foi uma exploração positiva da colegialidade episcopal no Concílio Vaticano II, o que representa uma indicação, para os cardeais mais tradicionalistas, de sua alma "progressista". Ele também foi membro do conselho editorial da série "História do Concílio Vaticano II", fundada na Itália por Giuseppe Alberigo.

Os observadores mais cínicos alegam que o cardeal Tagle não tem esperança de ser eleito, mas, uma vez que parece jovem e um tanto liberal, a mídia de esquerda o está promovendo como seu pupilo. Deixando de lado esta especulação, conheçamos um pouco mais de perto o cardeal de Manila.

Depois de seu tempo nos Estados Unidos, Tagle estudou em Roma, antes de voltar à sua pátria. Foi nomeado membro da Comissão Teológica Internacional em 1997 e, em 2001, bispo de Imus; posteriormente, foi nomeado arcebispo metropolitano de Manila.

O cardeal Tagle tem um caráter muito interessante. O correspondente do National Catholic Reporter, John Allen, cita um comentarista filipino, declarando que ele tem "a mente de um teólogo, a alma de um músico e o coração de um pastor".

Allen contou muitas histórias: "Na diocese de Imus, Tagle era conhecido por não ter um carro e por usar ônibus todos os dias para ir ao trabalho, descrevendo-o como uma forma de combater o isolamento que às vezes acompanha um alto cargo. Ele também era conhecido por convidar os mendigos que estavam do lado de fora da catedral para entrar e comer com ele".

Outra curiosidade: "A Imus, uma pequena capela localizada em um bairro carente, esperava um sacerdote para celebrar a Missa às quatro horas da manhã para um grupo composto principalmente por diaristas. Finalmente apareceu um jovem sacerdote em uma bicicleta surrada: vestia roupas simples e estava pronto para começar a celebrar a Eucaristia". Era Tagle, o novo bispo. Ele tinha ouvido, na noite anterior, que o padre que deveria celebrar estava doente e decidiu substituí-lo.

Tagle é um orador fascinante, com um bom domínio das novas mídias. Tem uma página no Facebook e apresenta um programa de televisão. Ele também tem sido ativo em ajudar a condenar os abusos cometidos por padres contra crianças; enfrentou o governo das Filipinas sobre a polêmica legislação acerca dos "direitos reprodutivos"; e é conhecido pela promoção da sua opção preferencial pelos pobres
, bem como por uma gestão adequada do meio ambiente.

Como seria um pontificado de Tagle? Em primeiro lugar, ele certamente deslocaria a atenção do mundo da Europa para os países em desenvolvimento. Um papa filipino destacaria a situação dos pobres e as necessidades espirituais, sociais e econômicas da Igreja em países menos ricos.

Em segundo lugar, Tagle mudaria o foco do mundo que envelhece para a juventude nos países em desenvolvimento. O seu seria um papado para o futuro, um papado jovem, fresco, focado, enérgico e inspirador. John Allen cita Tagle, que resume tudo isso dizendo que, "no contexto asiático, uma evangelização eficaz significa uma Igreja mais humilde, mais simples e com maior capacidade de valorizar a interioridade".

Em terceiro lugar, um papa jovem das Filipinas, brilhante e habilidoso comunicador, daria um sentido de urgência e paixão ao papado. Muitos comentaristas falam da necessidade de corrigir a corrupção e as disputas internas no Vaticano. Um papa jovem e evangelizador que possa ser ativo no âmbito global poderia "fazer uma faxina", avançando em um ritmo tão rápido que todos os outros acabariam tendo de correr para acompanhá-lo.

Aos 55 anos e relativamente com pouca experiência, Tagle poderia ser eleito como sucessor de Pedro? Se não for desta vez, talvez na próxima.

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