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O cardeal Dolan poderia ser Papa?

Aleteia Vaticano - publicado em 06/03/13

Este cardeal americano tem boas credenciais e contatos, além de uma personalidade jovial

Uma vez ouvi o cardeal Timothy Dolan discursar durante um café da manhã de oração em Los Angeles. Ele falou de forma empolgante, com forte fundamento bíblico, convidando os profissionais da mídia a se comprometerem com a nova evangelização com zelo, paixão, humanidade e bom humor.

Um genial e envolvente prelado, que atendeu e ouviu cada um dos muitos participantes, seja rindo de um comentário bem humorado, seja prestando atenção em um pedido de oração; aqui cativando novos amigos, ali dedicando tempo aos velhos conhecidos. Em Los Angeles, eu vi um pastor por natureza, desarmado em seu jeito brincalhão, ao mesmo tempo em que transmitia uma mensagem dinâmica e criteriosa.

Timothy Dolan nasceu e cresceu no coração da América – na fortemente católica St. Louis, Missouri. Frequentou seminário menor e licenciou-se em filosofia no Cardinal Glennon College – um seminário da arquidiocese de St. Louis. Foi enviado para estudar no Pontifício Colégio Norte-americano em Roma e no Angelicum, onde se graduou em teologia. Depois de um período como pároco, ele se doutorou em história da Igreja Católica americana, na Catholic University of America. Lecionou em seminários até ser nomeado reitor do Colégio Norte-americano em Roma. Durante seu tempo na Europa, ele também lecionou no Angelicum e na Universidade Gregoriana.

O Papa João Paulo II o nomeou bispo auxiliar de St. Louis em 2001 e arcebispo de Milwaukee, Wisconsin, no ano seguinte. A arquidiocese vivia uma situação difícil, tentando se recuperar de uma liderança fraca e de escândalos sacerdotais. Dolan afastou os maus sacerdotes e se esforçou para recuperar a arquidiocese, mas, depois de apenas sete anos, ele foi designado para servir os 2,5 milhões de católicos de Nova York – a segunda em número de católicos nos EUA, depois de Los Angeles.

Poderia o jovial arcebispo de Nova York ser o primeiro Papa americano? Dolan tem boas credenciais e bons contatos. John Allen, correspondente no Vaticano do National Catholic Reporter, diz que muitos de seus encontros com cardeais invariavelmente começam com uma anedota sobre o carismático Dolan.

A afabilidade e inteligência rápida de Dolan combinam com a necessidade de comunicar a fé de forma eficaz. Tranquilo e alegre na frente das câmeras, ele domina seus entrevistadores com cordialidade e exuberância. Comunica a fé católica com um otimismo dinâmico, bom humor e a profundidade necessária. Mas Dolan não é apenas bom humor e anedotas. Ele foi duro com o presidente Obama na polêmica sobre o financiamento de contraceptivos e ao aborto. No cenário mundial, Dolan emergiria como um apaixonado e feliz guerreiro, contrariando a gentileza tímida do acadêmico Bento.

No entanto, quando comparado com outros candidatos, a Dolan parece faltar solenidade. Seus feitos acadêmicos são adequados, mas não estelares. Ele escreveu cerca de uma dúzia de livros, mas obras essencialmente pastorais e devocionais. Ele não é nem o filósofo de classe mundial que João Paulo foi nem o teólogo que vimos em Bento. Sua experiência fora dos Estados Unidos é muito pequena e isso se reflete em sua limitada habilidade com idiomas. Comparado com alguém como o canadense Ouellet, que é um respeitado teólogo, foi missionário na América Latina e é fluente em seis línguas, Dolan surge como um peso leve.

No entanto, os papas não são escolhidos por seus feitos acadêmicos ou suas habilidades linguísticas. A questão principal não é: "o que o currículo diz?" Mas: "o que os cardeais do mundo procuram?" Se eles estão em busca de um comunicador brilhante, com personalidade e vigor para ser um evangelizador dinâmico e global, então Dolan poderia ser o homem. Se eles estão em busca de um administrador eficiente para fazer a faxina na Cúria, Dolan poderia mais uma vez ser o homem. Caso eles estejam preocupados com a falta de solenidade acadêmica, pode-se argumentar que a Igreja teve um grande filósofo e um grande teólogo, e agora pode precisar de alguém que comunique essas verdades com zelo, energia, praticidade e humanidade. Nesse sentido, novamente Dolan poderia ser o próximo Papa.


Pe. Dwight Longenecker é pároco de Nossa Senhora do Rosário, em Greenville, Carolina do Sul (EUA). Site: http://dwightlongenecker.com.

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