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No topo da lista dos africanos: o cardeal Peter Turkson

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©EMANUELA DE MEO/CPP

Aleteia Vaticano - publicado em 12/03/13

Sua eleição significaria um movimento revolucionário do centro de gravidade eclesial

No último conclave, o principal pretendente africano era o cardeal nigeriano Francis Arinze. Agora com 80 anos, é idoso demais para ser levado em consideração, o que torna o cardeal de Gana, Peter Turkson, o candidato mais papável.

Peter Kodow Appiah Turkson tem 64 anos. Nasceu em Gana Ocidental, de uma mãe metodista que vendia verduras no mercado local e de um pai católico que trabalhava como carpinteiro.

Depois de se formar no seminário local, prosseguiu os estudos no Seminário de Nova Iorque e no Instituto Bíblico de Roma. Tornou-se arcebispo de Cape Coast (Gana) em 1992 e depois o nomearam presidente da Conferência Episcopal nacional, por meio da qual teve um papel ativo no Simpósio das Conferências Episcopais da África e de Madagascar. Foi nomeado cardeal pelo Papa João Paulo II em 2003.

Em 2009, foi eleito para guiar o Sínodo dos Bispos da África e, no final do evento, foi nomeado presidente do Conselho Pontifício "Justiça e Paz". Dentro da cúria romana, é também membro da Congregação para a Evangelização dos Povos, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos e da Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja. Além disso, faz parte do Comitê para os Congressos Eucarísticos, da Congregação para a Educação Católica e da Congregação para a Doutrina da Fé.

O cardeal Turkson foi descrito pelo jornal londrino "The Tablet" como um dos mais enérgicos líderes católicos africanos. É um homem cativante, de gestos francos e com um grande senso de humor. Comunicador habilidoso e aberto com a mídia, chegou ao ponto de ser acusado de ter realizado uma campanha para o pontificado, simplesmente por mencionar o tema a um jornalista durante uma entrevista.

Turkson tem uma sólida formação no governo diocesano e ganhou muita experiência na cúria durante seu tempo em Roma. Não provocou escândalos e tem uma forte posição conservadora sobre as questões doutrinais e morais, que defende com inteligência, clareza e bom humor.

Como seria o pontificado de Turkson? Em primeiro lugar – e isso é muito importante –, ele deslocaria o centro da atenção eclesial da Europa para o mundo subdesenvolvido. A atenção deixaria de estar concentrada nas obsessões ocidentais, como os escândalos sexuais, os problemas financeiros e os conflitos internos do Vaticano. Se, com João Paulo II, o mundo olhava para a Polônia e para a Europa Oriental, os católicos agora começariam a prestar atenção nas necessidades e forças da África e dos países em desenvolvimento.

Ao mesmo tempo, um papado do cardeal Turkson seria uma surpresa para todos os que criticam a Igreja na mídia ocidental. Os que se encontram sem um "centro" poderiam sentir-se atraídos instintivamente pela ideia de um papa africano, mas ficariam consternados ao descobrir seus fortes laços com os valores católicos ortodoxos.

Turkson daria à Igreja um novo rosto e uma nova mensagem, recordando ao mundo que as preocupações do continente africano são as dos jovens e, portanto, as do mundo de amanhã. Olhando para o futuro, Turkson sustentaria firmemente as posições da Igreja sobre a moral e a doutrina sexual.

Existe também a possibilidade de que ele ofereça uma dimensão fresca e vivaz à adoração litúrgica, importando, ou pelo menos permitindo, os dinâmicos estilos africanos de adoração, pregação e louvor, para que encontrem seu lugar nas principais correntes. Além disso, ele desafiaria as ideias econômicas do mundo desenvolvido.

Por tudo isso, Turkson é considerado por alguns como economicamente de esquerda. Em 2011, seu Conselho difundiu um documento chamado "Para uma reforma do sistema financeiro internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal", que defendeu uma verdadeira autoridade política mundial para regular uma economia globalizada. Para os conservadores que desconfiam de um único governo mundial e de um único sistema econômico global, a sugestão é estranha e alarmante.

Finalmente, com um tio muçulmano e o conflito entre o islã e o cristianismo sempre em efervescência na África, Turkson daria prioridade ao problema africano com relação aos demais problemas da Igreja.

Um papa africano como o cardeal Turkson significaria um movimento revolucionário do centro de gravidade eclesial. Seria um pontificado de juventude, dinamismo e esperança, e de volta aos princípios e prioridades fundamentais da Igreja: a proclamação do Evangelho a um mundo necessitado.

Ironicamente, um papa africano poderia fazer mais pela Nova Evangelização da Europa e da América do Norte que um papa proveniente do mundo desenvolvido. A dramática mudança, no âmbito da conscientização e da renovação das prioridades, poderia despertar o mundo ocidental, farto de materialismo, confundido pelo relativismo e desesperado em sua decadência e autorreferência.

Uma eleição desse tipo significaria, para os cardeais eleitores, assumir um grande risco e dar ao mundo uma surpresa enorme, mas, se a história do pontificado nos ensinou alguma coisa, é que é uma instituição repleta de surpresas.

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