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Violência como doença social

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Chiara Santomiero - publicado em 17/04/13

Presidente de Pax Christi comenta os acontecimentos de Boston

Um dia de festa e convivência civil pacífica, como a da Maratona de Boston, transformou-se em uma tragédia devido a um ataque – na forma de execução – com um claro desejo de ferir e matar uma vasta área. A Aleteia conversou com Dom Giovanni Giudici, bispo de Pavia e presidente da Pax Christi Itália, na véspera do Congresso Nacional da organização, que será realizado em Roma entre os dias 26 e 28 abril, sobre o tema "É tempo de não-violência. Abramos a janela do futuro, planejando juntos, ousando juntos".

Que reações o atentado de Boston provoca?

O ataque torna tragicamente claro que a violência adquiriu um caráter de "doença social" no mundo de hoje. Já não é um conflito entre nações, mas dentro das pessoas, que buscam afirmar-se em um mundo impositivo, sem margem para o diálogo, para a diversidade de opiniões. À escuridão da violência, no entanto, responde também o desejo de ajudar o irmão, especialmente se ferido em um gesto trágico e absurdo; o coração humano foi acionado diante da situação de emergência e levou muitos a trabalhar após o ataque, de várias maneiras, para levar alívio às vítimas.

Por que o senhor acha que a violência tornou-se quase endêmica no mundo?

A globalização e a migração levaram as populações a viver lado a lado, mas com perspectivas culturais, experiências e até mesmo escolhas religiosas diferentes. É uma nova realidade com relação ao passado. Outro aspecto é a participação nos acontecimentos mundiais em tempo real, graças aos meios de comunicação, que levam a violência aos lares por meio de imagens, despertando emoções e reações. Ambos os aspectos são ocasiões para a Providência de Deus, para redescobrir a unidade da família humana, a preciosidade da diversidade e do enriquecimento mútuo que vem com ela. Os mesmos eventos históricos, no entanto, podem ser ocasiões de tropeço ou de salvação.

Os Estados Unidos, onde continua a venda de armas, apesar dos massacres generalizados que ocorreram recentemente, também nas escolas, pode ser um exemplo desta atitude de violência?

Esta é certamente uma imagem tradicional da própria identidade, forjada em uma época em que as armas eram diferentes e também o contexto: podemos pensar na fase da conquista dos territórios por parte dos pioneiros, com a necessidade de se defender. Esta tradição perpetuada na atualidade leva ao fracasso, porque a identidade nacional gira em torno do "galf, God, gun".

Por que a Pax Christi propõe a campanha "Escolas desmilitarizadas" aos mais jovens?

Precisamos ajudar os jovens a despertar uma mentalidade não violenta, que tenha o coração a aspiração a uma sociedade sem guerra. Eliminar a necessidade de violência na origem das relações pessoais e sociais: esta é a perspectiva educacional que parece mais eficaz, evitando que na escola haja propostas que incitem a presença de armas na sociedade, como algo necessário.

Neste ano, recorda-se o 20º aniversário de falecimento de Dom Tonino Bello, bispo de Molfetta e presidente da Pax Christi entre 1985 e 1993. Que legado ele deixou?

Dom Tonino deixou principalmente duas coisas: a paixão pela paz e a atenção aos pequenos e vulneráveis ​​da sociedade, à qual têm o direito de pertencer. Esta atenção é prenúncio de paz, porque a paz é colocada em crise nas situações em que não há justiça e não há respeito pela dignidade da pessoa. Percebemos, nas palavras e gestos do Papa Francesco, uma sintonia particular com o que Bello dizia e com o que o movimento propõe. Esta sintonia é um incentivo e ajuda a levar à comunidade cristã – como nós nos esforçamos para fazer – conscientização e sensibilização no que diz respeito às questões de paz, justiça e dignidade humana.

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