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Ter uma devoção significa ter menos fé em Deus?

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© Pascal Deloche / GODONG

¿Las devociones ayudan o mas bien sustituyen a la verdadera fe?

Julio De la Vega Hazas - publicado em 06/05/13

Alguns afirmam ser devotos de santos; outros, de Nossa Senhora. Mas o que isso significa realmente?

Em primeiro lugar, vamos refletir sobre a pergunta apresentada, condição indispensável para que a resposta seja clara. Antes de pensar no significado de "devoção", vamos falar da legitimidade do culto e da oração a pessoas que não são Deus, como os santos.

Este é um tema destacado pelos evangélicos, que se apoiam em preceitos do Antigo Testamento que proíbem imagens, mas na verdade se baseiam no princípio de "só Cristo": só a Ele se deve acudir, pois Ele é Deus.

Como em outras questões, a resposta deve se dividir em duas partes: as fontes e as razões.

O motivo desta divisão é que existe um concílio ecumênico dedicado ao tema: o 2º de Niceia (o 7º dos concílios), que aconteceu no século VIII. Trata-se de um dos concílios antigos que a cristandade inteira aceita, tanto a católica como a ortodoxa e, em princípio, também a protestante.

O problema debatido não eram exatamente as devoções, mas as imagens (inclusive as de Jesus Cristo ou as que faziam referência a Ele), mas sua resposta sobre o assunto implica o tema das devoções. O concílio declarou a validez do uso de imagens, tanto de Cristo como de Nossa Senhora e dos santos.

Também distinguiu o tipo de devoção que cabia prestar em cada caso. Utilizou os termos gregos que diferenciavam Deus dos santos: doulia, no primeiro caso; proskinesis, no segundo. Estas palavras foram traduzidas como "adoração" e "veneração". Para Nossa Senhora, reservou-se um trato especial dentro da veneração: hiperdoulia, a veneração especial.

A distinção não é só terminológica. A adoração é reservada unicamente a Deus. Ele é o destinatário do nosso culto e da nossa oração em todos os casos, sempre. Já aos santos se recorre como a mediadores, ou seja, para que sirvam de intercessores diante de Deus. Isso se manifesta claramente na liturgia. Os santos nos proporcionam um exemplo de fidelidade a Deus e uma intercessão que tem como fundamento precisamente o fato de que Deus escuta com predileção seus filhos exemplares.

O próprio Evangelho oferece argumentos a favor do recurso a intercessores, pois há vários milagres realizados a partir da intercessão de pessoas diferentes do beneficiado. Por exemplo, a cura do servo do centurião.

A intercessão de Nossa Senhora, nas bodas de Caná, tem um traço peculiar. É o único caso em que se vence o que parece ser uma resistência por parte do próprio Jesus, por ser solicitado fora de hora. Mas Ele faz o milagre. Manifesta a posição de Maria e a eficácia da sua intercessão. A razão é clara: é sua Mãe e, ao mesmo tempo, a filha de Deus mais exemplar. Daí a singular veneração dos cristãos a Ela.

O Catecismo da Igreja Católica dedica vários pontos a este tema. Sobre o uso de imagens na liturgia, tratam os números 1159-1162. Também fala das proibições do Antigo Testamento, que abrangem as imagens do próprio Deus, nos números 2129-2132. O texto afirma que a novidade que fundamenta a mudança de perspectiva é a Encarnação do Filho de Deus. Jesus Cristo, ao encarnar-se, inaugurou uma nova economia das imagens (cf. 2131).

A antiga lei buscava impedir a idolatria, mas, fazendo-se Homem, o próprio Deus se converteu em imagem visível e representável, e com isso o perigo se afasta. Ao representar sua vida na terra, entram em cena as imagens dos primeiros santos da nova lei, bem como alguns dos antigos (Moisés e Elias, na transfiguração), especialmente sua santíssima Mãe; e com isso se abre a porta para estender as imagens aos santos. As devoções a eles, como foi dito, deve se centrar no que nos ensinam com a sua vida e doutrina, assim como em sua intercessão. Os santos sempre nos remetem a Deus.

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