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Liberdade religiosa na Europa: a vocação especial à reconciliação

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©MASSIMILIANO MIGLIORATO/CPP

Chiara Santomiero - publicado em 15/05/13

Entrevista com o presidente do Conselho dos episcopados europeus, cardeal Péter Erdö

O presidente do CCEE (Conselho das Conferências Episcopais Europeias), cardeal Péter Erdö, encontrou-se com o Papa Francisco e, na coletiva de imprensa sobre o encontro, falou da liberdade religiosa na Europa e no mundo.

No final da coletiva, o cardeal Erdö conversou com a Aleteia sobre alguns dos aspectos abordados no encontro com o Papa.

Há um dever específico de reconciliação entre os países que a Igreja europeia está levando adiante?

É uma vocação especial da Igreja Católica que, enquanto universal, não seja uma igreja nacional. À luz da nossa fé, podemos valorizar a existência de diversas nações, diversas línguas e culturas, porque são expressão da experiência histórica de várias comunidades e contribuem para o progresso da humanidade inteira.

Se observamos a variedade de plantas e de animais de diversas espécies, valorizando o fato de manifestarem a riqueza da Criação, quanto mais a variedade de línguas e nações humanas é verdadeiramente preciosa. Se um homem considera a própria cultura como dom de Deus, deve reconhecer também o valor do outro, respeitar o outro.

Há portanto, um significado teológico na base do nosso esforço de reconciliação. Além disso, estamos certos de que esta é uma das contribuições mais importantes que a Igreja pode oferecer à Europa, ao reforço da consciência europeia, que hoje ainda é escassa em seus cidadãos.

Uma consciência que despreza os valores culturais que nos unem e afirma que tudo isso passou, uma consciência globalizada demais, não pode se tornar uma ajuda para a Europa.

A Europa tem a característica de ser rica em muitas nações, diversas culturas e todas estas se desenvolveram também com base no cristianismo; portanto, temos uma vocação especial.

As nações são preciosas, mas não tanto como para justificar um comportamento nacionalista, um comportamento que define a própria identidade contra outros e limita a possibilidade da coexistência.

A partir desta perspectiva, a série de atos de reconciliação iniciada há décadas entre poloneses e alemães, prosseguida depois pela Igreja polonesa e pela Igreja Ortodoxa Russa, bem como pela Greco-Católica na Ucrânia, continua e se estende.

Há muito a fazer, por exemplo, nos Bálcãs; tivemos uma assembleia geral belíssima em Tirana e uma sessão comum com a Conferência das Igrejas Europeias (KeK), em Belgrado. Estivemos também, muitas vezes, em Sofia, já que Istambul é um dos nossos pontos de referência. É preciso continuar este diálogo com as demais confissões cristãs.

A próxima assembleia plenária do CCEE em Bratislava, em outubro, será dedicada a "Deus e o Estado: entre a laicidade e o laicismo". Qual deve ser a relação entre a religião e o Estado?

Nas antigas obras legislativas, há sempre um capítulo introdutório no qual o legislador se coloca no meio do cosmos. No Código de Hamurabi, por exemplo, na introdução, está escrito que o legislador descende de tal divindade e assim justifica a sua obra.

Também no direito romano, o código de Justiniano começa com a profissão de fé. As leis de Santo Estêvão da Hungria começam igualmente com a expressão de fé.

Sucessivamente, as constituições nacionais não começam mais com as profissões de fé, mas fazem referência a valores gerais. Não basta somente a vontade de certo número de pessoas que pode fundar um Estado, mas tudo deve se referir a um conjunto maior de valores.

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