A pessoa com deficiência tem necessidade de afeto como qualquer outra pessoaExistem temas que não são simples, mas devem ser tratados com serenidade e sem preconceitos. Um deles é certamente o da sexualidade vivida por pessoas com deficiência. Qual é o enfoque cristão?
Partimos de uma consideração feita pelo Papa João Paulo II em janeiro de 2004. Naquela ocasião, o Papa polonês (que vivia pessoalmente o sofrimento de um corpo que não respondia aos mandatos da mente) recordou que: "Este é um aspecto muitas vezes enfrentado de maneira superficial, reducionista ou até ideológico. A dimensão sexual é, no entanto, uma das dimensões constitutivas da pessoa, que, enquanto criada à imagem de Deus Amor, está originalmente chamada a ser implementada no encontro e na comunhão. O pressuposto para a educação afetivo-sexual da pessoa com deficiência está na persuasão de que ela tem uma necessidade de afeto pelo menos igual a qualquer outra pessoa".
Para tratar acertadamente deste tema, pedimos a ajuda da professora Claudia Giorgini, docente de "Metodologia catequética: pessoas diversamente hábeis" no Pontifício Ateneu Salesiano.
Como tratar este tema em um contexto ético e médico hoje?
Atualmente, vivemos em uma cultura da erotização. Ela está construída sobre a ideia de que "o ser humano é tal porque pratica sexo; a pessoa com deficiência é um ser humano e, portanto, deve praticar sexo".
O sexo é visto como o lugar do prazer individual e o outro é somente um instrumento para alcançá-lo. A sexualidade é reduzida à genitalidade.
Devemos afirmar que a sexualidade coincide com uma maneira fundamental de ser quem somos: pertence à experiência do próprio corpo, na relação com os outros e nas formas da cultura. Os gestos do corpo têm sentido enquanto estão dentro de uma relação afetiva e integrados em uma totalidade de sentimentos e emoções.
O eros é mais do que a sexualidade e envolve a possibilidade de viver o prazer da vida, de estar juntos, de comer, beber, de fazer qualquer coisa que provoque emoções positivas e agradáveis.
Não se trata só do aspecto sexual, mas também de uma correta educação afetiva, para que a vida das pessoas com deficiência seja plena e satisfatória. Mas que iniciativas devem ser apoiadas e que preconceitos devem ser evitados, neste sentido?
É uma experiência que envolve todo o corpo, toca a nossa liberdade e as nossas escolhas, É um jeito de ser, global, que envolve toda a minha pessoa: corpo, sentimentos, relações. Um possível caminho educativo deveria prever estas etapas:
– Do eros como necessidade ao eros como experiência da relação, da ternura e do dom de si mesmo;
– Do individualismo (do privado) à relação: a família é a primeira forma de experiência do amor. Adquire o sentido de relação de amor, de comunhão total.
É necessária uma aprendizagem do controle dos impulsos também.
Quanto aos preconceitos a serem evitados, é preciso trabalhar em três aspectos que a maior parte das pessoas considera inamovíveis:
– Primeiro, que as pessoas com deficiência são "assexuadas";
– Segundo, que as pessoas com deficiência não são capazes de ter e de viver relações sexuais, que não têm libido;
– Terceiro, que as pessoas com deficiência estão excessivamente interessadas no sexo e não são capazes de controlar seu comportamento sexual.
É necessário acabar com estes mitos e partir do fato de que as pessoas com deficiência são "pessoas" e devem ser consideradas como tal.
Sexualidade e deficiência: tabu ou oportunidade para repensar a afetividade?
Lucandrea Massaro - publicado em 15/05/13
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