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Exorcismo ou oração de libertação? Só o Papa pode responder

Lucandrea Massaro - publicado em 23/05/13

O exorcista François Dermine comenta o que aconteceu na Praça de São Pedro, no domingo de Pentecostes

Em uma breve conversa com o padre dominicano François Dermine, exorcista e presidente nacional do Grupo de Pesquisa e Informação Sócio-Religiosa (GRIS), procuramos compreender alguns dos aspectos que chamaram a atenção de fiéis e curiosos sobre o suposto exorcismo feito pelo PapaFrancisco na Praça de São Pedro, no domingo de Pentecostes.

"Nem mesmo a sala de imprensa do Vaticano é capaz de dizer se foi ou não foi um exorcismo; a única pessoa que poderia responder a isso seria o próprio Papa, porque é uma questão de intenções. Certamente, isso evita que Praça de São Pedro se torne um lugar ao qual são levados casos reais ou inventados de possessão em cada saída do Papa", explicou.

Mas como distinguir uma possessão de uma doença mental?

O Pe. Dermine nos contou que, ao analisar um caso, sua equipe é composta por dois psiquiatras e três exorcistas. "Nem todos os casos são de natureza patológica, mas, quando isso acontece, quando há um padre em dúvida, é preciso consultar um especialista. Se uma pessoa sofre de transtornos mentais, é conveniente que seja tratada por outros."

Nestes dias, estamos ouvindo falar muito da diferença entre um exorcismo e uma oração de libertação. Qual é essa diferença?

O sacerdote explicou que "a oração de libertação é um pedido de Graça; ora-se à Virgem Maria ou aos santos, para que intercedam junto a Deus, para ajudar uma pessoa afetada pelo Maligno."

"Qualquer um pode fazer esse tipo de oração, precisamente porque é uma oração de intercessão. Exorcismo é uma coisa diferente; as pessoas que podem fazer um exorcismo são os bispos ou os padres designados por eles. Neste caso, o que fazem é dar ordens ao diabo, para que deixe de perseguir a vítima. Não é mais uma intercessão, mas um ato no qual o sacerdote intima diretamente ao diabo para que saia."

Então, só um sacerdote pode exorcizar?

"Sim. Os leigos podem, no máximo, exorcizar a si mesmos, mas não é aconselhável."

Mas por quê?

"Porque um padre trabalha com o respaldo da Igreja inteira, em nome da Igreja, e nunca está sozinho nesta ação; já o leigo, às vezes sim, e é por isso que é melhor que um padre faça o exorcismo. O demônio muitas vezes ameaça  de morte aqueles que tentam expulsá-lo, mas nunca acontece nada aos sacerdotes, porque eles têm a graça sacramental."

Mas o Papa fez ou não fez um exorcismo?

"Na minha opinião – e esta é apenas a minha opinião –, ele não fez. A reação do doente pode sugerir que houve uma presença diabólica, mas, nesse caso, a reação pode ser justificada pela mera presença física do Papa, que é o sucessor de Pedro."

"Quer se trate de uma oração de libertação – como o curto tempo de contato parece sugerir –, quer se trate de exorcismo, para todos os efeitos, isso explicaria a mudança de atitude do menino", concluiu.

O Catecismo da Igreja Católica afirma que o exorcismo é um sacramental, e explica: "Quando a Igreja pede publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto seja protegido contra a ação do Maligno e subtraído ao seu domínio, fala-se de exorcismoJesus praticou-o – e é d'Ele que a Igreja obtém o poder e encargo de exorcizar. Sob uma forma simples, faz-se o exorcismo na celebração do Batismo. O exorcismo solene, chamado 'grande exorcismo', só pode ser feito por um presbítero e com licença do bispo. Deve proceder-se a ele com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo tem por fim expulsar os demônios ou libertar do poder diabólico, e isto em virtude da autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja. Muito diferente é o caso das doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. Por isso, antes de se proceder ao exorcismo, é importante ter a certeza de que se trata duma presença diabólica e não duma doença" (CIC 1673).

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