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Os padres se sentem sozinhos?

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Patricia Navas - publicado em 11/06/13

Viemos de um passado onde havia consideração, prestígio e veneração pelo sacerdote; agora ser padre não conta, e ele se torna algo a ser excluído

Ser padre não é fácil: pode ser uma vida marcada por algum componente de solidão. Mas hoje, com as igrejas quase vazias em muitos lugares do mundo, sua figura desgastada e ridicularizada, e com a própria escassez de vocações, um sacerdote muitas vezes não se sente sozinho, mas muito mais: sente-se abandonado. Não seria o momento dos leigos considerarem que a vocação – e a santidade – dos padres também é assunto seu?

Padre Juan é pároco de 20 povoados nos Pirineus. Aos domingos, chegam três pessoas para a missa. “É como estar sozinho contra o mundo; do ponto de vista humano, claro que o padre às vezes experimenta um pouco de tristeza, de desânimo”.

“O sacerdócio não é como o casamento, entendido como essa relação entre marido e mulher e como família para o mundo, nem como a vida religiosa, em que vem em primeiro lugar a comunidade”, explica o secretário da Comissão para o Clero da Conferência Episcopal Espanhola, Santiago Bohigues.

“Há uma certa solidão que o sacerdote tem de assumir; é preciso uma certa separação para continuar se doando”, recorda.

Mas a essa separação sacerdotal se somam os isolamentos impostos pela sociedade moderna, em que o ruído e a pressa conduzem a uma vida sem raízes e sem qualidade de relações sociais.

O risco de uma solidão mais forte é que ela pode se tornar uma patologia “que nos isola tanto de Deus como dos demais, e também de nós mesmos”, afirma o bispo de Oviedo, Dom Jesús Sanz.

Ele adverte que a separação que o sacerdote acaba tendo do mundo não pode se tornar um isolamento sofrido, um abandono. 

“Viemos de um passado onde havia consideração, prestígio e veneração pelo sacerdote; agora estamos em uma nova etapa em que ser padre não conta, ele se torna algo a ser excluído”, afirma o bispo.

Também na Igreja

Nas próprias comunidades cristãs muitas vezes se dá um certo desafeto com os sacerdotes.

“Há pessoas que vão à igreja como se fossem ao supermercado, como se o padre oferecesse alguns produtos sagrados. Elas se esquecem que o padre também é uma pessoa, que precisa de atenção”, afirma Bohigues.

“Não meditamos o suficiente sobre a humanidade dos sacerdotes”, afirma, mas “através da humanidade do sacerdote, com suas virtudes e suas limitações, Cristo vai nos santificar”.

Inclusive entre os próprios sacerdotes, em algumas ocasiões fica difícil colocar em prática o ideal da fraternidade e viver em comunhão. 

“O fato de que temos a mesma fé, o mesmo ministério, não quer dizer que exista uma amizade bem vivida – lamenta –. Cada um faz a sua vida. Às vezes estamos comendo na mesma mesa, e não há conversa, cada um está mergulhado em seus próprios problemas, em seu mundo”.

Causas e consequências

Mas as pessoas, e os padres, não nasceram para a solidão, pois se assemelham ao seu Criador, que é comunhão de três Pessoas, portanto, “nosso coração não deve ceder à solidão”, afirma o bispo de Oviedo.

“Quando vem, de fato, a solidão, não é que fiquemos vazios, mas nos encontramos ocupados e acompanhados por alguém ou algo indevido: sempre aparecem três deuses menores: o poder, a luxúria e o dinheiro.”

Segundo Dom Sanz, “não só há a solidão que vai levar à depressão, mas a solidão que encontra um alternativa: o dinheiro e sua avareza, a luxúria e sua chantagem, o poder e sua ansiedade. Isso também acontece na vida consagrada e sacerdotal”.

Soluções

A luta contra essas situações vai desde o trabalho preventivo ao acompanhamento e tratamento pessoal, passando pela oração e o testemunho de uma vida de comunhão.

“Pedimos sacerdotes santos, mas também temos de estar dispostos a acompanhar os sacerdotes com a nossa santidade, em santificá-los com o poder do amor de Deus”, afirma Bohigas.

Na Espanha, por exemplo, há algumas experiências sendo feitas para tentar minimizar a solidão dos padres. Existem áreas onde vários sacerdotes vivem juntos e atendem um grupo de paróquias.

Mas, de acordo com Dom Sanz, os diagnósticos e as soluções, tanto preventivas como curativas, variam muito.

“A companhia devida do Senhor e dos irmãos (sejam companheiros de sacerdócio, a comunidade, as famílias…) representa para todos nós essa ajuda”, sublinha. 

“Nutrir ou descuidar dessas companhias pode significar que acertemos ou nos equivoquemos nesta aventura única e apaixonante que é viver. Para isso nós fomos criados. Para isso fomos enviados. Somos imagem de Deus na amizade e no amor”, afirma o bispo. 

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