“Homens sábios dizem que só os tolos se apaixonam, mas eu não consigo evitar de me apaixonar por você”, cantava Elvis Presley, encantando multidões
Música – e também música pop – é uma experiência grandiosa. Seja por parte do ouvinte, do autor, do artista ou de todos – algo ressoa nos corações.
A sensação é de emoção.
Se você ouve Can’t Help Falling In Love, o primeiro verso é um grande exemplo dessa liberdade de emoção e expressão: “homens sábios dizem que só os tolos se apaixonam / mas eu não consigo evitar de me apaixonar por você.”
Quando você é adolescente, ao lavar a louça (eu passei provavelmente mais tempo que o permitido atrasando a limpeza ouvindo música), este verso parece maravilhoso e romântico – e realmente é. Mas é também aterrorizante se você está nesta situação. Por outro lado, se você já esteve apaixonado, certamente reparou como as canções pop – mesmo as ruins – de repente assumem novas profundidades.
Dentre as inúmeras opiniões que você tem quando é jovem e está decidindo suas preferências, as mais memoráveis são as musicais. Certa vez eu entrei em uma discussão sobre quem seria melhor: Frank Sinatra ou U2? Essa discussão poderia ter sido facilmente esquecida com o tempo, a não ser pelo fato de que meu colega de escola argumentou que o Frank Sinatra não poderia ser superior, pois nem sequer escrevera as próprias músicas, como o U2.
Eu fiquei pasmo. Era a primeira vez que eu estava sendo exposto ao todo poderoso "argumento da autenticidade". O argumento de que o U2 era melhor que o Frank Sinatra afirmava que, para ser autêntico, é preciso ter a experiência em primeira mão e fazer tudo original.
Mas não é assim que a criatividade funciona. Tínhamos de ter Beethoven – e tudo que veio depois – antes de chegarmos aos Rolling Stones. A música, como as artes em geral, constrói-se de época em época. Ela toma elementos do passado e reflete sobre eles, ou cria uma ruptura com as convenções, mas, mesmo assim, necessariamente exige o passado como um ponto de referência. Você pode ouvir ecos de Beethoven nos Stones, mas não o contrário.
No entanto, quando alguém busca por autenticidade na interpretação, aí pode, de forma autêntica, executar uma canção. Isso é o que faz a diferença entre uma técnica acurada, mas insípida, e uma outra versão com profunda emoção, em que o próprio ser do artista – a sua humanidade – torna-se intimamente envolvido com a música que está interpretando. Assim ele traz algo novo a essa interpretação. E isso se torna o seu estilo.
A emoção contagia. A sensação pode ser grandiosa e tocar milhões de pessoas. A música pode nos conectar com nosso interior.
As nove músicas a seguir são todas covers. Não deixe de ouvir, clicando nos links.
Johnny Cash interpretando One, do U2:
Josh Ritter interpretando Moon River, de Henry Mancini:
Camera Obscura interpretando Super Trouper, do Abba:
Rilo Kiley interpretando After Hours, do Velvet Underground:
David Bowie interpretando God Only Knows, dos Beach Boys:
Claudine Longet interpretando Jealous Guy/Don’t Let Me Down (John Lennon/ Beatles)
Yael Naim interpretando Toxic, da Britney Spears:
Amy Winehouse interpretando Garota de Ipanema, de Tom Jobim:
Lauryn Hill interpretando Can’t Take My Eyes Off of You (Frankie Valli and the 4 Seasons)