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Rumo ao Rio: a experiência de Bergoglio e a sociedade plural

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Jaime Septién - publicado em 17/06/13

O caminho que o Papa Francisco vai indicar aos católicos para atuar no contexto atual

Quais são os fatores fundamentais do papado de Francisco? O laboratório argentino serviria para projetar o possível trabalho do Papa em uma sociedade que, como diz o documento de Aparecida, já não vive uma época de mudanças, mas uma mudança de época?

Frente à multidão que inundará as ruas e praças do Rio de Janeiro na JMJ, o Papa indicará o caminho a se seguir em um mundo cujo paradigma deixou de ser o catolicismo?

Renovar os vínculos entre fé e sociedade

A edição deste mês de junho da revista argentina “Criterio” publica um artigo do sacerdote jesuíta Ignacio Pérez del Viso sobre o Papa Francisco, discutindo a atuação do Papa numa nova sociedade: a pluralista. A tese de Pérez del Viso – professor de teologia da faculdade de San Miguel – é que o Papa “pode nos ajudar a renovar os vínculos entre fé e sociedade, a partir de sua experiência local”.

Para o articulista, a Argentina – como o restante da América Latina – está passando do esquema tradicional católico para um novo modo de convivência baseado no pluralismo e no secularismo. O Papa poderia nos ajudar a encontrar o caminho adequado nesta mudança.

O articulista afirma que, “como pastor nesta região, Bergoglio buscou esse caminho, e continua buscando, já que não existem fórmulas absolutas que se possam aplicar automaticamente”. “Os princípios éticos são universais no espaço e permanentes no tempo, mas sua aplicação está condicionada pela diversidade de circunstâncias”, acrescenta o jesuíta. 

Pérez del Viso aponta cinco contribuições do Papa Francisco que devem ser levadas em conta frente ao pluralismo atual. 

A primeira é “a liberdade evangélica, ou ‘parresia’, em grego, que se manifestou nos apóstolos da comunidade cristã primitiva”. “Bergoglio não se assustava porque suas palavras resultavam pouco gratas ao governo e à oposição”.

A segunda contribuição é discernir bem as oportunidades de se expressar e agir. Por exemplo, ele não aceitou beatificar o padre Brochero no contexto de sua viagem de agora para a América Latina, porque instrumentalizariam suas palavras, seja governo ou oposição, no contexto das eleições parlamentares na Argentina de outubro próximo.

Segundo o jesuíta, o Papa adquiriu este princípio de discernimento nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, que equilibram o interior.

A terceira contribuição é que Bergoglio não se limita à cordialidade em relação aos não católicos. Ele “estabeleceu relações muito afetuosas com os evangélicos, os judeus, os muçulmanos, os não crentes. Muitos deles o consideram um amigo”.

A contribuição seguinte em relação à sociedade plural é que ninguém, muitos menos os católicos, tem de se conformar com o princípio do mal menor. “Bergoglio acentuava a transmissão, sem temor, da fé íntegra do Evangelho”. 

Conhecedor da passagem de Francisco como sacerdote jesuíta e depois arcebispo e cardeal de Buenos Aires, o padre Ignacio Pérez assinala, por fim, que o Papa “faz uma reflexão a partir das conclusões das ciências sociais, na realidade de todas as ciências, o que implica uma estreita colaboração com os leigos”.

Na sociedade plural, o valor da verdade deve estar acima de qualquer outro valor e “a luz da verdade ilumina a todos enquanto está acesa pelo fogo do amor, em particular pelos pobres e indigentes”. Nesse sentido – conclui o jesuíta – “o Papa Francisco pode nos ajudar a buscar todos juntos a verdade, porque estamos movidos por um mesmo afeto solidário”.

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