Cada vez há menos pessoas interessadas nas ciências humanas, mas isso não significa que perderam seu anseio pela verdadeAs ciências humanas no ensino superior americano estão em crise profunda, e o grito de alarme lançado em 18 de junho pela Academia Americana de Artes e Ciências provavelmente contribui pouco para o seu renascimento.
Quão profunda é esta crise? Aqui estão alguns sinais de alerta: de acordo com o New York Times, um relatório recente mostra que apenas 20% dos alunos de graduação em Harvard dão importância às ciências humanas. Em outro relatório que mostra as estatísticas de 2010, apenas 7,6% dos bacharéis em todo o país foram premiados na área de humanas.
O Times também nos lembra que, no ano passado, uma força-tarefa organizada pelo governador da Flórida, Rick Scott, causou um clamor nacional, ao recomendar que as universidades estaduais cobrassem maior taxa de matrícula para estudantes de áreas como a Antropologia ou Letras, pois são menos propensos a conseguir empregos.
Como ex-acadêmico, posso adicionar a minha experiência em primeira mão sobre o declínio das ciências humanas no ensino superior americano. Muitos alunos simplesmente não veem a necessidade de um curso de filosofia (que era a minha área), pois tudo o que realmente interessa é pegar o diploma e sair para o mercado de trabalho.
As próprias ciências humanas certamente merecem a maior parte da culpa pela crise. Há décadas, elas não conseguem demonstrar sua centralidade para uma vida feliz e produtiva. Elas se entregaram à paixão pelo ceticismo, materialismo, niilismo, e um ou dois outros "nocivo-ismos" que podemos encontrar catalogados e criticados na encíclica Fides et Ratio, do Beato Papa João Paulo II.
Então, o que vai acontecer com as ciências humanas na nossa cultura? Será que elas vão simplesmente continuar sua queda livre em obsolescência? Se eu puder dar uma de futurista por um momento, eu gostaria de oferecer uma ou duas conjecturas.
Em primeiro lugar, as instituições suficientemente seguras de si para continuar oferecendo um currículo descaradamente centrado na tradição ocidental das ciências humanas – isto é, um currículo integrado, focado na busca de uma verdade não redutível a escolhas humanas ou convenções culturais – vão continuar sobrevivendo e, talvez, até mesmo prosperem.
Acredito que essas instituições católicas ansiosas para desempenhar o papel de guerreiras tendem a fazer o melhor, pois a sua compreensão das ciências humanas é a mais rica e intelectualmente coerente. Mas, cada vez mais, essas instituições se tornarão discrepantes, embora a bravura fundamentada na verdade sempre vai inspirar seguidores.
Em segundo lugar, os alunos de instituições leigas tradicionais continuarão se afastando das ciências humanas, ou ficarão longe da academia por completo. O ensino superior nos Estados Unidos vai se direcionar aos cursos profissionalizantes caros – ainda mais do que são hoje. E começarão a surgir mais e mais estudantes, como já acontece, que podem começar uma carreira ou negócio sem ter de passar pelo incômodo das despesas da faculdade.
Então, isso vai significar o fim das ciências humanas?
Talvez sim. No entanto, ainda que as ciências humanas sempre tenham de lutar por seu lugar dentro de qualquer cultura, felizmente, elas têm a natureza humana como o seu maior aliado. Os seres humanos foram feitos para a verdade, e este anseio sempre encontrará uma maneira de expressar-se.
Uma forma de este desejo encontrar expressão hoje é a crescente popularidade do ensino superior online. Money Magazine fez uma matéria fascinante em sua edição de maio sobre o aumento do MOOC, ou massivo curso online aberto, que geralmente é um curso gratuito oferecido por uma instituição de elite ou empresa privada que pode chegar a dezenas de milhares de estudantes.
Há problemas pedagógicos com estes cursos, claro, nomeadamente, a falta de interação aluno-professor e o baixo percentual de estudantes que, na verdade, completam tais cursos. Mas eles sinalizam uma tendência que só vai crescer, creio eu.
A tecnologia digital coloca um poder gigante e atraente nas mãos dos indivíduos. A principal característica dessa atratividade é a capacidade de desfrutar de mais experiências baratas e sob demanda, seja esta experiência um filme ou o estudo de história. Um futuro no qual mais e mais estudantes estão se engajando em atividades intelectuais, incluindo as ciências humanas, através de laptops e smartphones, parece inevitável.
Seja qual for a estrutura do curso, eu prevejo que, em um futuro não muito distante, mais alunos cursarão ciências humanas através de dispositivos digitais do que em instituições de tijolo. A internet é, em grande parte, o que João Paulo II chamou de "areópago" dos meios de comunicação digitais modernos.
Os puristas podem se assustar com a perspectiva. Mas é bom ter em mente como as ciências humanas começaram na tradição ocidental: com Sócrates fazendo perguntas a seus concidadãos, não em torno de uma mesa, mas em lugares familiares como o mercado, o banquete, ou um ginásio.
Ou seja, onde quer que as pessoas começassem a se reunir.
—
Daniel McInerny é escritor, jornalista e consultor no The Comic Muse. Para entrar em contato com ele, escreva para daniel@thecomicmuse.com.
A Internet pode salvar as ciências humanas
Daniel McInerny - publicado em 21/06/13
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