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Miguel Bozé, Ricky Martin e os direitos dos seus filhos

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Aleteia Vaticano - publicado em 02/07/13

Pai e mãe são vitais e complementares no desenvolvimento sadio dos filhos no campo psicológico, social, afetivo e físico

Em uma entrevista no último número da revista Shangay Express, cuja publicação coincide com o Dia do Orgulho Gay, o cantor Miguel Bosé anunciou que, além dos dois filhos gêmeos nascidos de uma barriga de aluguel há apenas dois anos, ele é pai outros dois gêmeos, que chegaram sete meses depois dos primeiros.

Na entrevista, Bosé defende seu próprio modelo de família: "Tenho uma família diferente e, a priori, só encontrarei solidariedade em um âmbito de diferença", afirma.

Também explica que, em sua decisão, teve um peso fundamental o conselho do seu amigo Ricky Martin: "Quando tomei a decisão, comprovei que, aos 50 anos, o mundo inteiro nos fecha as portas para a adoção, e então o Ricky Martin me sugeriu esta opção, que acabei escolhendo. Ricky foi quem me guiou. De fato, ele é o padrinho do Tadeo".

O cantor Ricky Martin, abertamente gay, também tem filhos gêmeos concebidos por reprodução assistida e gestados em um ventre de aluguel: Matteo e Valentino.

Quando um jornalista lhe perguntou sobre a mãe dos bebês, Martin disse que "fora da minha casa há uma lista de mulheres que desejam cuidar dos meus filhos".

Com relação a isso, um artigo publicado no site da diocese mexicana de León destaca que "as inúmeras mulheres que podem cuidar de Matteo e Valentino nunca suprirão o amor autêntico de uma mãe; um só progenitor não é capaz de substituir a figura ausente do outro progenitor, mesmo transbordando de amor pelos seus filhos".

"Os pais são vitais e complementares no sadio desenvolvimento psicológico, social, afetivo e físico dos filhos – continua. Hoje em dia, a humanidade está cada vez mais doente, devido ao aumento de famílias desestruturadas, submersas na confusão, na mentira, na violência verbal e física, consequência do alto índice de egoísmos subjetivos do ser humano, que leva os casamentos à separação e ao divórcio. Os filhos de pais divorciados sofrem feridas lacerantes, difíceis de curar."

Fatos como estes abrem novos horizontes clínicos, importantíssimos do ponto de vista antropológico, psicológico, filosófico e científico, com relação à integração à sociedade dos filhos de uniões entre pessoas do mesmo sexo ou de pessoas sem parceiro.

Mas os filhos concebidos desta maneira têm ou não têm pai e mãe?

Do ponto de vista biológico, seu autêntico progenitor não os trouxe ao mundo de maneira planejada, apenas ofereceu seu esperma. Ao mesmo tempo, esses filhos não têm mãe: foi apenas um útero alugado que lhes deu a vida. Os filhos são comprados, encomendados e entregues quando estão prontos.

Muitos dos debates éticos apresentados por esta concepção de paternidade e maternidade acabam não levando em consideração – ou valorizando muito pouco – um ponto vital: o desenvolvimento dos sentimentos dos filhos e o seu desejo de conhecer e/ou ter pais biológicos reais, dada a sua necessidade de sentir-se amados por eles.

Muitas pessoas concebidas dessa maneira vivem dilemas de cunho afetivo, psicológico e espiritual, junto a profundos vazios existenciais, ao perceber-se diferentes ou estranhas aos outros, bem como ao conceber-se, em parte, como resultado dos caprichos da ciência e daqueles que as trouxeram ao mundo.

Unido a isso, encontra-se o enorme desejo, sede e fome de identidade biológica que estas pessoas têm em sua psique, quem nasce de um senso de pertença inato.

O desejo egoísta de suprir a solidão de um ser humano priva de direitos os nascidos por esta via e pode frustrar suas vidas.

Neste sentido, é público o caso da jovem nascida por inseminação artificial de sêmen anônimo, Katrina Clark. Sua mãe optou por ter uma filha por meio de um doador de sêmen anônimo e nunca escondeu da menina a maneira como tinha sido concebida.

"Fico incomodada com o fato de que tudo que se refere à doação de gametas fica centralizado apenas nos pais, ou seja, nos adultos que tomam decisões sobre as nossas vidas. As pessoas ficam com dó da mãe por querer ter um filho", comenta.

Algum tempo depois, sua mãe se casou e os problemas começaram quando Katrina e seu padrasto discutiam. A mãe dizia para o padrasto que ele não tinha direito algum sobre a sua filha, simplesmente porque ela não tem pai e nunca terá.

"Nesse momento, comecei a odiar a forma como me trouxeram ao mundo e me senti reduzida a uma ampola de sêmen", confessa Katrina.

Essa menina narra sua dolorosa vida, seu vazio e sua difícil integração à sociedade, ao ver-se privada do seu pai. "Eu sempre senti vontade de ter um pai", afirma. Pelo seu incansável desejo de conhecer seu progenitor genético, e depois de uma longa pesquisa, conseguiu encontrá-lo.

Seu pai biológico lhe disse: "Estou cansado dessa história do doador de esperma anônimo. Para mim, você não é minha filha; não a amo, não sinto nada por você, você me é indiferente".

No entanto, as palavras de Katrina ao ver seu pai biológico mostram a controvérsia ética da sua história, bem como a alegria e paz interiores de quem se reconciliou com sua identidade: "Não importa que você não me ame, ou que eu não signifique nada para você; agora estou feliz porque conheci o homem que tem o mesmo sangue que eu; finalmente conheci meu pai biológico".

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