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Deus em liquidação

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Cari Donaldson - publicado em 04/07/13

Esta é a minha lição favorita: ver objetos sujos, riscados, com peças faltando, e o vendedor declarando que o objeto é magnífico e vale cada centavo

Eu encontro Deus na natureza. Entre as montanhas e riachos, escondido no canto dos pássaros, Deus está lá, falando comigo. Você talvez não o ouça nesses lugares. Eu também não o ouço na música, na matemática ou na mecânica, como outras pessoas fazem, mas eu não tenho nenhuma dúvida de que ele esteja lá, sussurrando para as pessoas em meio à álgebra ou nos automóveis. Só não consigo ouvi-lo dessa maneira.

Mas sabe onde eu acho que todos nós conseguimos ouvi-lo? Na "garage sale", essa espécie de brechó ou liquidação americana que as pessoas organizam.

Ah, sim. As vendas de garagem são um tesouro de ensinamentos teológicos. Elas são conhecidas por muitos nomes, assim como o próprio Deus é conhecido por vários apelidos culturalmente específicos (e você pode obter algumas informações imediatas sobre uma pessoa com base no nome que ela dá à sua venda de garagem ou ao seu Criador).

Fui criada na terra das "vendas de garagem" e, como um patriarca do Antigo Testamento vagando por aí e agarrando-se às palavras de Deus em terras estrangeiras, levei minhas vendas de garagem comigo para o sul, onde tinham "vendas de quintal", e depois para a costa de Nova Inglaterra, onde são conhecidas como "vendas de etiquetas".

Como a Santa Madre Igreja, há espaço para todos em uma venda de garagem: para os grandes compradores, que acordam cedo, na esperança de encontrar objetos de grande utilidade ou valor; para os grupos de senhoras idosas que compram pilhas de romances; até para adolescentes em busca de diversão. Todos são bem vindos, tanto nas vendas de garagem como na Igreja.

As vendas de garagem são excelentes lugares para praticar o desapego e lutar contra a ganância, como qualquer um que já se arrependeu de não ter vendido a cômoda pelos 50 reais que o vizinho ofereceu. Você realmente achava que poderia vendê-la pelos 100 reais que estava pedindo, afinal, foi seu tio Zé que a fez, com tanto carinho!

Mas depois, quando o sol já está se pondo e os pernilongos começam a chegar, você percebe, infelizmente, que não vai ter nem os 50 reais que lhe ofereceram, e ainda por cima terá de guardar a cômoda velha por mais algum tempo. E você nem gostava tanto dela assim.

O ensinamento da Igreja sobre a subsidiariedade pode ser observado nas vendas de garagem em todo o país. Das famílias gigantes até aquele cara estranho da rua que estende um cobertor solitário no jardim todos os sábados e coloca duas dúzias de objetos quebrados nele, as vendas de garagem são organizadas e supervisionadas pelo menor grupo local capaz de fazê-las. Os preços não são regulados por nenhuma comissão de fiscalização, e as pessoas podem negociar à vontade.

E, finalmente, esta é a minha lição favorita: ver objetos sujos, riscados, com peças faltando, e o vendedor declarando que o objeto é magnífico e que vale cada centavo.

Cada um de nós, não importa o quão sujo, riscado ou incompleto estiver, é um tesouro de inestimável valor aos olhos de Deus, que nos adquiriu de boa vontade com o seu sangue.

Boas vendas de garagem a todos! 

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