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Como o celular transformou as pessoas

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Aleteia Vaticano - publicado em 10/07/13

Debate sobre a comunicação interpessoal na "sociedade em rede"

O que nos torna humanos é transmissível por meio de aparelhos como o telefone celular? A "tecnocultura" é compatível com o crescimento humanista?

Estas são alguns dos questionamentos apresentados pelo sociólogo Salvador Giner em um debate sobre a influência social das tecnologias aplicadas à comunicação, realizado em 5 de julho em Andorra, por iniciativa do bispado de Urgel.

Giner alertou sobre a "mania do mundo moderno de etiquetar a sociedade humana" e chamou de "mito" a ideia de que atualmente vivemos na sociedade da comunicação, destacando que "não há comunicação sem diálogo".

Na sua opinião, as tecnologias atuais nos oferecem substitutos da comunicação, "pedaços de informação muitas vezes sem transcendência, que nos aproximam quase dos gritos primários", disse.

Com sua cética visão do alcance dos dispositivos móveis como canais de comunicação pessoal profunda, indicou que possivelmente precisaremos de 10 ou 15 anos antes de ter alguma resposta às questões que ele apresentou.

Ao mesmo tempo, o diretor do Institut d’Estudis Catalans expressou sua confiança em que "sempre haverá uma possibilidade de escolha pessoal, por pequena que seja, tenhamos ou não um celular na mão".

No mesmo dia do debate, o jornalista Josep Coní constatou como o telefone celular transformou profundamente e em pouco tempo os hábitos sociais e também os hábitos profissionais dos jornalistas.

O telefone celular, segundo explicou, mudou nosso olhar sobre a realidade, diminuindo a distância crítica sobre os fatos do dia a dia e aumentando a confusão na hora de diferenciar o que é realmente notícia do que é meramente insignificante ou banal.

Esta confusão se une à que sofremos como consequência da crise instalada há alguns anos em nossa sociedade, à qual se soma ainda outro fator de distorção, que é acreditar que podemos programar e determinar o futuro, quando o futuro é, por natureza, imprevisível.

Para o jornalista, este clima de confusão nos faz viver ansiosos; e a ansiedade pelo imediatismo provoca que acabemos transmitindo obviedades, e anula quase toda possibilidade de reflexão.

Finalmente, o filósofo e teólogo Francesc Torralba destacou que uma das características essenciais do ser humano é a busca de sentido para a sua existência, e se perguntou em que medida esta busca é possível por meio das redes virtuais de comunicação.

Redes sociais como o Facebook e o Twitter podem provocar uma sensação de solidão e vazio, destacou, mencionando o papel que podem ter neste universo virtual instituições como a família, a escola e a Igreja, que são as que tradicionalmente exerceram a tarefa de proporcionar um sentido, pessoal e social, à existência.

Por sua vez, o bispo de Urgel, Dom Joan-Enric Vives, destacou que hoje "nos encontramos em um cruzamento da história", um lugar de encontro e discernimento, que "nos impulsiona cada vez mais a potencializar o que é essencial e a transmitir isso com mensagens claras e compreensíveis".

Mas um cruzamento também é um lugar em que não podemos estacionar, acrescentou, para não correr o risco de cair na banalidade ou na superficialidade, e por isso é preciso seguir um caminho, apesar de não ter certeza absoluta de que ele seja a melhor opção.

Neste sentido, citou o Papa Francisco, quem afirmou preferir uma Igreja que erra por tentar fazer algo do que uma Igreja que fica doente por permanecer fechada em si mesma.

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