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O que o Papa Francisco quis nos ensinar

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ANDREAS SOLARO

Manuel Bru - publicado em 16/07/13

Drama dos emigrantes em Lampedusa: seremos capazes de recuperar a capacidade de chorar pelos que sofrem?

"Emigrantes mortos no mar; barcos que em vez de ser uma rota de esperança, foram uma rota de morte. Assim recitava o título dos jornais. Desde há algumas semanas, quando tive conhecimento desta notícia (que infelizmente se vai repetindo tantas vezes), o caso volta-me continuamente ao pensamento como um espinho no coração que faz doer."

Foi assim que o Papa Francisco começou a homilia da Missa celebrada na semana passada em Lampedusa, a ilha siciliana onde ocorreram os fatos aos quais o Pontífice se referia ao mencionar as manchetes dos jornais.

Porque, ao ler as notícias, ele sentiu que deveria visitar o lugar, como explicou, "para rezar, para cumprir um gesto de solidariedade, mas também para despertar as nossas consciências, a fim de que não se repita o que aconteceu". Este é o Papa Francisco. Ele fica sabendo de uma desgraça pelo jornal e decide imediatamente que tem de ir ao lugar onde ela ocorreu. E vai.

"Que não se repita, por favor", disse na Missa, depois de navegar de Cala Pisana ao Porto de Lampedusa e ter lançado à água, escoltado por barcos de pescadores, uma coroa de flores em memória de todos os emigrantes que haviam perdido a vida no mar.

Ele cumprimentou os imigrantes muçulmanos, que naquela mesma tarde iniciavam o Ramadã, dizendo-lhes que "a Igreja está ao seu lado na busca de uma vida mais digna".

O Papa Francisco recordou a comédia de Lope de Vega, na qual os habitantes de Fuente Ovejuna respondem ao uníssono quando são questionados sobre o autor da morte do governador: "’Fuente Ovejuna, senhor’. Todos e ninguém!".

Também hoje, comentou o Papa, todos nós respondemos a mesma coisa. "’Adão, onde estás?’ e ‘onde está o teu irmão?’ são as duas perguntas que Deus coloca no início da história da humanidade e dirige também a todos os homens do nosso tempo, incluindo nós próprios".

Então, o Papa Francisco olhou atentamente aos presentes. "É uma pergunta feita a mim, a você, a cada um de nós."

"Mas eu queria que nos fizéssemos uma terceira pergunta: ‘Quem de nós chorou por este fato e por fatos como este?’ Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs? Quem chorou por estas pessoas que vinham no barco? Pelas mães jovens que traziam os seus filhos? Por estes homens cujo desejo era conseguir qualquer coisa para sustentar as próprias famílias? Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de ‘padecer com’: a globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar!"

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