O limite da ciência é a dignidade humanaO diálogo entre ciência e fé é possível? Elas se complementam? Existem pontos de encontro e desencontro? O sacerdote Luis Gahona Fraga fala sobre este tema no programa "Últimas Perguntas", de RTVE: "É difícil colocar a física e a fé em relação, porque elas tratam de objetos diferentes – explica. Ambas buscam a verdade, mas por caminhos diversos".
Durante a entrevista, Fraga explicou como as ciências experimentais (nascidas nos séculos XVI e XVII) "têm uma maneira de estudar o mundo de forma especial, que consiste em combinar a experimentação com teorias racionais e matemáticas"; esta combinação, afirma, "funciona muito bem, mas não se pode conhecer Deus assim".
"Conhecemos Deus por meio da filosofia e da fé, da Revelação", explica o sacerdote, que defende que o aspecto racionalizável desta crença, o que propicia "o ponto de união entre fé e ciência".
Dentro desta racionabilidade, Fraga explica os pressupostos da inteligibilidade da natureza, questões que o cientista busca entender: de onde vem esta inteligibilidade? Por que podemos encontrar leis no mundo físico?
Para Fraga, "é aí que o cientista se faz a pergunta sobre Deus, e Deus não pode ser demonstrado com as ciências experimentais, mas sim com outra fonte de conhecimento, que é a filosofia".
Segundo esta união de perguntas, a ciência descobriria características deste mundo que remetem a Deus, e mostra que cada ser tem um índice metafísico que é como uma digital que nos fala de Deus.
"Esta digital é descoberta pela ciência; que ela venha de Deus já é fruto de um raciocínio que vai além do método científico", comenta o sacerdote, que é professor do Instituto Teológico San Ildefonso de Toledo (Espanha) e físico pela Universidade de Harvard.
Entraríamos então no que Fraga chama de "inteligência inconsciente". "Chama a atenção que o universo esteja tão bem feito com elementos tão simples, que leva os cientistas a se perguntarem se não haveria uma inteligência inconsciente que explique o que a ciência descobre neste mundo material", afirma.
Fraga destaca que o universo não é só matéria. Superando os preconceitos de uma mentalidade herdada do materialismo do século XIX, o professor de teologia mostra que "a cosmovisão do mundo atual favorece objetivamente o diálogo com a fé"; e afirma que há temas que vão além da ciência: "o tema da criação, a essência das coisas, a dignidade do ser humano, a alma espiritual, a liberdade".
"A Igreja está aberta ao diálogo com o mundo das ciências – explica – porque é próprio da fé cristã buscar uma racionalidade na fé"; e defende o ponto de união entre fé e ciência dentro da filosofia, que "chega a uma visão de mundo baseada em dados da ciência, mas que ao mesmo tempo é compatível com a existência do Criador".
Na união entre fé e ciência, há tanto pressupostos intelectuais como éticos, e Fraga defende sua existência.
"O cientista tem um impressionante anseio por saber, mas há certos limites, que ele não deve ultrapassar. Seu limite é a dignidade humana", alerta.
"O segredo está em distinguir que o ser humano tem uma dignidade e que esta dignidade é um limite absoluto. Do contrário, caímos em erros do passado, e a ciência pode levar aos maiores pesadelos da humanidade", concluiu.
Ciência e fé, ambas racionalizáveis
Alvaro Real - publicado em 17/07/13
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