Longe de ser uma questão de superpopulação, o mundo tem precisamente o problema oposto, com efeitos negativos de longo alcance para a sociedade
O site Yale Global Online publicou recentemente um trecho de Michael S. Teitelbaum e Jay C., autores de um novo livro: The Global Spread of Fertility Decline: Population, Fear, and Uncertainty ("A propagação global do declínio da fecundidade: população, medo e incerteza"). Seu artigo é uma excelente visão geral das grandes tendências demográficas que mencionamos algumas (apenas algumas…) vezes anteriormente, a saber:
"Muitas pessoas ficariam surpresas – até mesmo chocadas – ao saber que, ao longo das últimas três décadas, as taxas de fecundidade caíram em muitas partes do mundo, incluindo China, Japão e até mesmo regiões importantes da Índia. Estes gigantes asiáticos não estavam sozinhos. Em grande parte da Europa, América do Norte, Ásia Oriental e outros lugares, o número médio de crianças nascidas de mulheres em idade fértil caiu para níveis baixos sem precedentes."
Parece que mais e mais pessoas, incluindo os autores do artigo, estão relatando o fato de que a noção popular de futuro, com um desenfreado crescimento da população, está incorreta.
"A alta fecundidade persiste na África Subsaariana e em partes do Oriente Médio, mas em outros lugares, a baixa fecundidade é mais a regra do que a exceção. Estas tendências subjacentes de procriação significam que, num futuro próximo, a taxa de crescimento da população na Europa e na Ásia tendem a cair. O mundo não é um caminho de crescimento demográfico desenfreado, como alguns acreditam.
Pessoas de todo o mundo têm pisado no freio. Trinta anos atrás, apenas uma pequena fração da população mundial vivia em poucos países com taxas de fecundidade substancialmente abaixo do "nível de reposição" – a taxa na qual a fecundidade de um grupo hipotético de mulheres seria exatamente substituída na próxima geração – normalmente definido em 2,1 filhos por mulher para populações com condições de baixa mortalidade. Avançando rapidamente para 2013, temos cerca de 60% da população mundial vivendo em países com taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição."
A velocidade com que as taxas de fecundidade caíram provavelmente se deve a que a cultura e o conhecimento popular não captaram as últimas tendências de declínio da fertilidade. Mas o que não pode ser ignorado é o aumento da imigração, com a qual tantos países estão agora contando como reforço para as suas populações.
Como Teitelbaum e Winter comentam, o aumento da imigração traz seus próprios problemas. Comunidades de imigrantes devem caber em seus novos países e os novos países devem acomodá-los de alguma forma. Na Europa, em especial, há o risco de aumento das tensões entre imigrantes e suas novas pátrias – particularmente entre os pregadores islâmicos linha-dura e seus seguidores, por um lado, e os extremistas de direita, por outro.
Mas, para além destes extremos, há outros que se sentem desconfortáveis com a taxa de imigração e a mudança em suas comunidades, enquanto as elites políticas acolhem a imigração como uma fonte de contribuintes e trabalhadores. Mas o declínio demográfico atinge muitos outros âmbitos além de imigração, como os autores afirmam:
"A disseminação global da baixa fecundidade é importante. Ela se relaciona a questões vitais e explosivas – a evolução dos laços familiares, o futuro do financiamento das pensões e cuidados aos idosos, a evolução das políticas de imigração, as distribuições étnicas e linguísticas no interior das sociedades, o potencial de violência dentro e entre diferentes comunidades religiosas e étnicas, o debate legal e moral sobre os direitos das mulheres, em geral, e o acesso ao aborto e à contracepção, em particular. As tendências da população nos âmbitos global, nacional e local moldam cada um destes tópicos e como eles são percebidos."
Como você pode ver, demografia não tem a ver só com números!
(Publicado originalmente por MercatorNet em 15 de julho de 2013)