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As grandes lições sobre moral católica do papa Francisco

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Francisco Borba Ribeiro Neto - publicado em 26/07/13

Estamos diante do coração da moral católica (particularmente em seu aspecto de moral social) e das formas de mantê-la viva e incidente no mundo

A moral católica muitas vezes é vista, mesmo por nós católicos, como um conjunto de preceitos mais ou menos restritivos, que basicamente dizem o que é certo e o que é errado – ainda que muitas vezes as pessoas não entendam porque certas coisas são consideradas certas e outras erradas pela Igreja. Esta visão negativa e pobre da ética cristã afasta muitas pessoas da religião, mas é a mais explorada pela mídia laica, que insiste em apresentar a Igreja como “a grande repressora”.

Diante deste quadro, o papa Francisco apresentou, na homilia na Basílica de Aparecida e no discurso no Hospital São Francisco, no Rio de Janeiro, duas grandes lições de moral católica. Em Aparecida, o papa disse que vinha “bater à porta da casa de Maria” para que ela ajudasse Pastores, pais e educadores a transmitir aos jovens “os valores que farão deles construtores de um País e de um mundo mais justo, solidário e fraterno”. No Hospital São Francisco, ele retoma o tema, dizendo que “é necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro”.

Nos dois casos, podemos esperar a seguir uma apresentação dos valores cristãos e do modo mais adequado para cultivá-los. Por isso, estamos diante do coração da moral católica (particularmente em seu aspecto de moral social) e das formas de mantê-la viva e incidente no mundo. Mas continuemos com a exposição do papa em cada uma das ocasiões.

Na homilia em Aparecida, o papa chama a atenção para “três simples posturas: conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria”. Quão longe estamos da “repetição de princípios doutrinais” e dos “moralismos brandos ou crispados que não convertem a vida dos batizados”, já denunciados no Documento de Aparecida (Nº 12)! Os valores que construirão uma sociedade mais justa e humana dependem da simplicidade que nos faz capazes de nos surpreendermos, da esperança e da alegria que nascem do saber-se amados por Deus.

Qualquer jovem apaixonado já fez esta experiência de surpreender-se diante da beleza do amor; de viver alegre – como se o mundo fosse inundado por uma nova beleza e uma nova positividade; de encher seu coração da esperança de uma realização plena que só o amor pode trazer. Mas poucos adultos têm a coragem de apresentar esta experiência que nasce da paixão como raiz de uma ética, quanto mais de uma ética católica. Só a sabedoria e a liberdade de alguém apaixonado por Cristo, que percorreu toda uma vida verificando a potência do amor de Deus, permitem tal ousadia.

O narcotráfico e a dependência de drogas são provavelmente os símbolos mais gritantes da desumanidade de nossos tempos. Reúnem a ambição pelo lucro que não respeita a nada nem a ninguém, o poder do dinheiro que a tudo submete e a perda do sentido da vida, a desesperança e a solidão na cultura moderna, que castigam duramente a juventude e as pessoas mais sensíveis e de coração inquieto.

E agora, como este homem apaixonado por Cristo reapresenta a questão dos valores cristãos, como forma de enfrentar este grave problema social? Não irá ingenuamente propor a liberação do consumo de drogas ou esquecer que não há superação do vício sem empenho e luta pessoal. Mas também não irá confiar a solução dos problemas a normas coercitivas ou ações repressivas… Só o amor e a solidariedade podem criar um ambiente social que seja capaz tanto de prevenir a dependência quanto de superá-la depois que se instala.

No Hospital São Francisco, o papa novamente enfatizou que uma ética que nasce do amor e da fraternidade também é uma ética da esperança. Hoje, um jornalista me perguntou se a esperança deveria ser considerada um valor exclusivo dos cristãos. Respondi que a esperança é algo inerente a todos os seres humanos, mas – contudo – onde encontraríamos a esperança de uma vida depois da morte, ou de que um Deus viria gratuitamente em nosso socorro, chegando até mesmo a morrer como homem por nós? O jornalista mesmo respondeu-me que realmente seria difícil pesar numa esperança assim fora do cristianismo…

Que o exemplo de Francisco nos ajude a viver esta moral fascinante, de homens e mulheres apaixonados por Cristo, pela vida e pelo outro. Que diante dos que sofrem e dos que caíram, possamos dizer, como Francisco: “quero abraçar a cada um e cada uma de vocês – vocês que são a carne de Cristo – e pedir a Deus que encha de sentido e de esperança segura o caminho de vocês e também o meu”.

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