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A juventude diante da cruz, do sofrimento e da descrença

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CHRISTOPHE SIMON

Francisco Borba Ribeiro Neto - publicado em 27/07/13

Um coração fechado no egoísmo ou no próprio sofrimento, que não se abre ao outro, não poderá experimentar a consolação e a vitória sobre o mal

Na lógica da mentalidade contemporânea, a Via Sacra, ou Via Crucis, que ocorre em todas as Jornadas Mundiais da Juventude representa o momento mais paradoxal de um evento voltado a jovens. Uma grande elegia ao sofrimento, à morte e ao sacrifício, em meio a um momento festivo e jovial. É o momento de lembrar um Cristo tão desfigurado pela tortura que ninguém o queria ver, diz a Bíblia, e a cruz, símbolo horrendo da morte, que escandalizou o mundo antigo no início do cristianismo.

Com os séculos, perdemos a noção do sentido da cruz. Hoje a cruz poderia ser representada por uma cadeira elétrica ou o crucificado como um homem num “pau de arara”, submetido a eletrochoques e às mais degradantes torturas.

Essa percepção, ainda que chocante para nossos tempos, é necessária se queremos entender a força da mensagem evangélica para os primeiros cristãos e para todos nós. Sem a cruz, não conseguimos nem mesmo vislumbrar o tamanho do amor de Deus por nós – ou o quanto Ele faz para nos acompanhar em nossos momentos de sofrimento. 

Vários estudos mostram que a maioria dos casos de perda de fé ou conversão a outras religiões acontecem quando a pessoa procura na religião uma resposta em um momento de grande sofrimento e não a encontra. Da mesma forma, o ateísmo se baseia muito mais na ideia de que um Deus bondoso não permitiria que a humanidade ficasse sujeita a tanto sofrimento que em complexas críticas cientificas a ideias religiosas.

Por isso, João Paulo II quis que a cruz estivesse entre os grandes símbolos da Jornada Mundial da Juventude. Para que os jovens compreendessem que existe uma resposta eficaz para o sofrimento e a morte, que o drama humano não é castigo ou desgraça sem sentido, mas que tudo pode ser resgatado no amor. 

Nas palavras do papa Francisco, na Via Crucis desta JMJ, “a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar”. Contudo, a certeza deste amor inabalável nos leva a amar o outro. Continuando, o papa Francisco irá dizer: “a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão”.

Assim, surge uma resposta mais completa ao escândalo do mal e do sofrimento. O amor de Deus, que se manifesta na cruz de Cristo, pode sim vencer a dor e o mal, mas para isso é necessário que a pessoa se abra ela própria ao amor, que ela aprenda a amar e a se doar ao outro, como Cristo fez. Um coração fechado no egoísmo ou no próprio sofrimento, que não se abre ao outro, não poderá experimentar a consolação e a vitória sobre o mal que nascem do amor de Deus por nós.

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