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O sermão da praia!

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Élison Santos - publicado em 28/07/13
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Dois mil anos se passaram e as palavras de Cristo continuam maravilhando a muitos, causando espanto e assombro em outros tantos

Relatos bíblicos narram cenas onde multidões se aproximavam de Jesus para ouvir suas palavras, as condições eram precárias, mas mesmo assim as pessoas se mobilizavam porque queriam estar com o Nazareno. A JMJ Rio2013 protagonizou uma cena sem precedentes na história moderna, um dos cartões postais mais belos do mundo, a praia de Copacabana, totalmente tomada com mais de 3 milhões de pessoas reunidas para ouvir um homem, o representante do mesmo Jesus dos relatos bíblicos. Dois mil anos se passaram e as palavras de Cristo continuam maravilhando a muitos, causando espanto e assombro em outros tantos. Por quê? No sermão da montanha, Jesus desafia a humanidade a buscar a perfeição, no sermão da praia, o papa Francisco desafia os jovens a serem protagonistas de um mundo melhor, da civilização do amor!

 

A natureza humana está formada para buscar o desenvolvimento, os limites, a perfeição. Desde o nascimento o bebê busca explorar o mundo ao seu redor, olha para tudo e se encanta com as luzes e cores que o estimulam. À medida que cresce, a pessoa ganha mais capacidades físicas e intelectuais, continua buscando a novidade, a criança desafia os limites impostos pelos pais, desafia-se a si mesma, explora seu próprio corpo, seus próprios pensamentos, o desenvolvimento segue pela adolescência, a busca pela independência, pela autonomia. O ser humano é, por excelência um ser livre que busca constantemente superar seus próprios limites.

 

Uma boa mãe oferece ao filho a possibilidade de explorar o mundo, ela permite que o filho busque seus limites e tente superá-los. Uma mãe má coloca limites ainda maiores do que os já existentes, aprisiona o filho em suas limitadas expectativas e oferece um olhar de julgamento e condenação que gera culpa e remorso, produz neuroses, depressão e vazio. Uma religião boa abre portas, aponta para o infinito, para o eterno, desafia para o transcendente, para a perfeição. O cristianismo representa a possibilidade do impossível, uma perfeição fundamentada no amor que parecia impossível para a humanidade, mas que é comprovado pela vida de Jesus e de muitos de seus seguidores, o cristianismo interpela a consciência humana com uma lógica distinta do aparentemente perceptível, mas que encontra sentido na busca mais profunda de cada pessoa. 

 

A Igreja católica que hoje revive os sinais de seus primórdios tem em suas raízes a missão de ser a religião boa, embora por vezes possa ser mal representada e expressar traços de uma mãe má que impõe limites e julgamentos desumanos. A Igreja é boa, pois oferece o amor misericordioso, incondicional e mantém as portas do eterno e do transcendente abertas para a humanidade, revelando as faces mais desafiadoras do homem que amou até o extremo e superou os preconceitos sociais.

 

A Igreja é boa porque busca indicar o caminho da felicidade e da perfeição e acolhe aqueles que a negam, a criticam e se perdem distantes de seus ensinamentos, é boa porque prega a castidade e o respeito ao sexo, um enorme desafio para os jovens de nosso tempo, mas também é boa porque é responsável por 25% dos atendimentos a pessoas que contraíram o vírus da AIDS em todo o mundo, é boa porque prega uma vida regrada e distante dos vícios das drogas e do álcool, grande desafio para muitos jovens na atualidade, mas também é boa porque é responsável pela maioria das casas de recuperação em todo o mundo, é boa porque prega a fidelidade no casamento, a união da família, desafios gigantescos para a sociedade nos dias atuais, mas é boa também porque administra e cuida de milhares e milhares de orfanatos em todo o mundo.

 

O sermão da praia que encerra o marco histórico da JMJ no Brasil deixa desafios que interpelam crentes e não crentes. Durante estes dias não houve quem não se sentiu ao menos incomodado com este acontecimento. Milhões de jovens retornarão para suas casas com a missão de serem protagonistas, foram desafiados uma vez mais. Se há dois mil anos aqueles jovens puderam transformar o mundo pagão em um mundo melhor.. se na idade média, os milhares de jovens que acorreram a Assis para ouvir o Francisco daquele tempo conseguiram protagonizar uma reconstrução da Igreja que se enfraquecia pelos erros de seus representantes, hoje o desafio se estende pelos meios de comunicação a todos os jovens da terra, os “jovens das ruas”, aqueles que como todos querem um mundo melhor. “Não permitam que outros sejam os protagonistas do futuro! É por vocês que o futuro entra na humanidade!”