Tolerância não significa somente suportar o outro com paciência, pois isso pode levar a ignorar e abandonar o próximoA profunda crise de intolerância que vivemos tem como consequência um grande número de vítimas em nossa realidade. Tal crise chega ao seu auge quando vamos nos acostumando a que as vítimas sejam um dado a mais das estatísticas semanais e seguramos a respiração diante da possibilidade de fazer parte destes nefastos números.
Frente à força de uma intolerância tão avassaladora, normalmente procuramos nos isolar da realidade para nos proteger ou pensamos que, implementando uma força similar, seremos capazes de neutralizá-la. A verdade é que, quando a intolerância assume a violência como forma de expressão, torna-se uma força difícil de conter pela própria violência.
O Estado tem a responsabilidade particular de assumir profundamente este problema. No entanto, sem um trabalho de reflexão sobre as causas da violência, será impossível enfrentá-la; ela apenas será reprimida momentaneamente.
Sem tal reflexão e a aplicação de ações diretas diante das causas da violência, qualquer programa de desarmamento será totalmente periférico ao problema central que se pretende resolver. Não é que as armas sustentam a estrutura da violência: também são sinais tangíveis desta estrutura.
Todo cidadão – e todo cristão – tem o dever de desfazer as dinâmicas de intolerância da nossa realidade, fortalecendo e propiciando, nos diversos âmbitos, espaços para o encontro, o diálogo, a valorização das diferenças e a busca do bem comum.
Todos nós temos uma enorme responsabilidade frente à intolerância presente: construir a tolerância.
A tolerância nos convida a nos reconstruirmos, em um trabalho paciente de reconhecimento mútuo, de diálogo verdadeiro. Isso implica em romper a lógica da violência que nega identidade ao outro, seu direito de expressar-se, e o ignora em suas possibilidades de erigir livremente, sem medo, sua identidade.
Tolerância não significa suportar o outro com paciência, ignorá-lo ou abandoná-lo à sua sorte. Tolerar é construir um caminho no qual, juntos, nós nos reconhecemos e construímos nossa dignidade e liberdade.
Abrir espaço à tolerância implica em reconstruir-nos como seres humanos e trabalhar para superar as dinâmicas de intolerância que se tornaram habituais entre nós. Este trabalho envolve todos e vai dos pequenos espaços já compartilhados à criação de novas formas de reconhecimento.
Diante da dureza da vida atual, podemos nos desanimar, pensar que já está tudo perdido. O Papa Francisco nos recorda que Jesus também sentiu o peso do mal do mundo e, na força do amor de Deus, o venceu.
Tolerância, perdão, reconciliação e amor podem nos parecer palavras que não têm lugar ou eficácia na nossa realidade, mas a verdade é que, sem elas, não temos um futuro possível.
As vítimas da intolerância
Félix J. Palazzi - publicado em 31/07/13
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