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Pequeno balanço da visita do Papa para a JMJ

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Fórum Libertas - publicado em 31/07/13

Um impulso para que a Igreja incremente sua capacidade de converter, muito além dos limites aos quais estava acostumada

Não pretendo agora fazer um balanço global do conjunto da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), ainda que, sem dúvida, ela foi êxito, apesar dos déficits de organização do país de acolhida, que foram supridos pela capacidade dos brasileiros de tratar bem os peregrinos.

Eu gostaria de destacar sobretudo a perspectiva do ponto de vista do tratamento que a mídia ofereceu do Papa e das suas palavras. Poderíamos resumir tudo em uma ideia: quase todo mundo parece querer que Francisco tenha êxito em seus objetivos.

Esta seria a chave interpretativa da maioria dos relatos, opiniões e comentários. Neste sentido, o Papa Francisco conseguiu dar um giro também na mídia. Se isso será permanente ou não, só o tempo dirá.

O que já não temos tão claro é se os reais propósitos do Papa seriam tão comemorados assim. Mas, se fossem, seria algo fantástico, um verdadeiro milagre. Porque o verdadeiro propósito de Francisco é o bem explícito.

O prioritário e fundamental é que a Igreja ganhe capacidade de levar a Boa Nova e propô-la, para converter muito além dos seus limites habituais. Os apelos contínuos a sair das quatro paredes da paróquia, o convite a "fazer bagunça", o chamado a ir às periferias, a sair da burocracia e do conformismo, e tantas coisas que se desprendem das suas intervenções revelam claramente este sentido.

Para este Papa, o fundamental é que a Igreja recupere sua capacidade de levar a Palavra, de acolher o ferido, de propor-lhe a fé em Jesus Cristo, nosso Senhor. Seu acento na questão social tem justa correspondência com a crise que o sistema capitalista está vivendo, que acabou homogeneizando o mundo.

Mais uma vez, a Igreja se apresenta como resposta e alternativa a uma situação que derivou muito depressa a estados de injustiça e de desigualdade, que se dão inclusive na sociedades que eram consideradas desenvolvidas e imunes a isso.

As palavras de Francisco, em termos simples e diretos, estão tendo a mesma função de Leão XXIII e a Rerum novarum. Precisamos lembrar que Leão XIII não foi totalmente compreendido por alguns setores da Igreja. Depois, a história se encarregou de confirmar que o que ele tinha feito tinha transcendência, efeitos positivos, que se prolongaram até o século XX.

Os papas continuaram fiéis a esta tradição, como mostram as encíclicas sociais dos seus sucessores, mas agora estava faltando uma abordagem direta, um choque, certo grau de agitação, que é precisamente o que Francisco oferece.

Quem não conhece sua trajetória prévia como arcebispo de Buenos Aires e como simples jesuíta, pode pensar que alguns temas não têm precedentes, como o aborto e o casamento homossexual. Vemos pouco disso em suas palavras dos cinco primeiros meses, mas isso não significa que Francisco relativiza estas questões; ele simplesmente utiliza algo que São Paulo já nos convidava a fazer, que é ter senso de oportunidade.

Nem esquecimento nem obsessão, mas equilíbrio. Medida dos tempos. Isso também vale para a Evangelização.

E quando nos referimos ao senso de oportunidade, ninguém deve confundi-lo com o oportunismo, que é algo muito diferente, porque fica muito claro que as palavras de Francisco são diretas e contundentes, assim como seus atos, e ele os utiliza quando acredita que deve fazê-lo e onde considera pertinente.

Basta recordar que este é o Papa que citou o diabo mais vezes em menos tempo, e isso não é precisamente uma referência que encaixa bem em um postulado pós-moderno.

Tags:
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