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Para que servem os sacramentos?

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P Deliss / Godong

Aleteia Vaticano - publicado em 06/08/13

Tantos batizados vivem longe da Igreja Católica, tantos matrimônios se rompem, tantas celebrações de Primeira Comunhão cheias de pomposidade, mas distantes do espírito do Evangelho... Ainda tem sentido, hoje, receber os sacramentos?

Os sacramentos transmitem a vida divina ao homem.

Os sacramentos contribuem para a santificação do homem, para a construção do Reino de Cristo e para prestar  culto a Deus. Como sinais, eles supõem a fé, mas ao mesmo tempo a alimentam, robustecem e expressam por meio de palavras e gestos.

O significado e poder dos sacramentos vão além do que é possível captar por meio dos sentidos: estes sinais dão a graça para que os homens possam receber a própria vida e santidade de Deus.

Os sacramentos são gestos, símbolos, ações – como lavar e ungir, partir o pão – que podem ser captados pelos sentidos, mas cujo significado e poder vão muito além deles. Como explica o Catecismo da Igreja Católica, o próprio Cristo instituiu estes sinais exteriores e sensíveis para dar à pessoa sua ajuda e sua graça, para comunicar, por meio da Igreja, a vida divina.

Os sacramentos incluem três dimensões relacionadas com essa vida eterna, ensina São Tomás de Aquino: são sinais que rememoram a Paixão de Cristo (a vitória sobre o poder da morte), demonstram a graça (a verdadeira vida neste mundo) e prognosticam a glória futura (a plenitude definitiva da vida). Nos sacramentos, a Igreja já participa da vida eterna, ainda que aguardando a feliz esperança do céu.

Os sacramentos supõem a fé, mas, “ao mesmo tempo, a alimentam, robustecem e expressam por meio de palavras e gestos”, indica a constituição Sacrossanctum Concilium, do Concílio Vaticano II.

Não apenas significam a graça de Deus, senão que a causam. Por meio deles, o Espírito cura e transforma os que os recebem, unindo-os vitalmente ao Filho de Deus, deificando.

O Concílio de Trento define o termo “sacramento” como “um símbolo de algo sagrado, uma forma visível da graça invisível, com poder para santificar”. Nesta linha, o Concílio Vaticano II sublinharia mais tarde que celebrar os sacramentos “prepara perfeitamente os fiéis para receber com fruto a própria graça, prestar culto a Deus e praticar a caridade”.

A civilização tecnicista de hoje dificulta a compreensão dos símbolos e da dimensão transcendente das coisas. Muitas vezes os sacramentos são banalizados, mas, para que produzam na pessoa todo o fruto que podem produzir, é muito importante compreendê-los bem.

Deus se expressa em categorias humanas, por meio de elementos sensíveis e perceptíveis para a pessoa, que está formada de corpo e alma. E Ele quis utilizar tais elementos para dar a sua graça aos que não a têm ou aumentá-la nos que já a possuem.

Os sacramentos santificam eficazmente aqueles que os recebem dignamente e agem pelo próprio fato de que a ação é realizada, em virtude da obra salvífica de Cristo. Como explica São Tomás de Aquino, “o sacramento não age em virtude da justiça do homem que o dá ou que o recebe, mas pelo poder de Deus”. Por isso, sempre que um sacramento é celebrado conforme a intenção da Igreja, o poder de Cristo e do seu Espírito age nele e por ele, independentemente da santidade pessoal do ministro.

Mas ainda que os ritos visíveis sob os quais os sacramentos são celebrados já signifiquem e realizem as graças, os frutos dos sacramentos dependem também das disposições de quem os recebe, segundo destaca o Catecismo da Igreja Católica. As ações simbólicas já são uma linguagem, mas é preciso que a Palavra de Deus e a resposta de fé acompanhem e vivifiquem estas ações. A pessoa deve abrir as portas para Deus, que sempre respeita a sua liberdade.

No entanto, os sacramentos são recebidos frequentemente sem as disposições necessárias para aproveitar todos os seus frutos e muitas pessoas têm dificuldade para compreender seu sentido. Em seu livro “A náusea”, por exemplo, o filósofo Jean-Paul Sartre oferece um pobre olhar sobre a Eucaristia, ao escrever que, “nas igrejas, à luz dos círios, um homem bebe vinho na frente de mulheres ajoelhadas”.

A civilização tecnicista atual, que valoriza demais o elemento instrumental e vê na natureza quase somente um objeto de exploração e manipulação, dificulta a compreensão de gestos e símbolos como os sacramentos. Esta civilização perdeu, em boa medida, a capacidade de perceber a dimensão religiosa dos seres, das coisas e das pessoas.

Por outro lado, os sacramentos, em seu simbolismo, em mil detalhes da sua celebração, estão vinculados à experiência da Igreja e são incompreensíveis quando desvinculados desta experiência. Só quem adere de coração à Igreja, só quem se deixa ensinar por ela e cresce nela, poderá se apropriar plenamente da riqueza dos sacramentos.

Em correspondência com as etapas importantes da vida natural, existem 7 sacramentos instituídos por Jesus: Batismo, Crisma, Eucaristia, Confissão, Unção dos enfermos, Ordem Sacerdotal e Matrimônio.

O Concílio de Trento definiu em 7 os sacramentos da Nova Lei, instituídos por Cristo, que correspondem às etapas e momentos importantes da vida do cristão, em certa semelhança entre as etapas da vida natural e as etapas da vida espiritual.

Os três sacramentos da iniciação cristã – Batismo, Crisma e Eucaristia –, os de cura – Confissão e Unção dos Enfermos – e os que estão ao serviço da comunhão e missão dos fiéis – Ordem Sacerdotal e Matrimônio – dão nascimento e crescimento, cura e missão à vida de fé.

Os sacramentos formam um organismo no qual cada um tem seu lugar vital, ainda que a Eucaristia ocupe um lugar único, porque todos os outros estão ordenados a ela como ao seu fim, segundo São Tomás de Aquino.

Cristo age nos fiéis de diversas maneiras, por meio dos sacramentos: pelo Batismo, assume-os em seu próprio Corpo, comunicando-lhes no Espírito a filiação divina; pela Crisma, fortalece-os no mesmo Espírito, para que possam confessá-lo diante dos homens; pela Confissão, perdoa os pecados e os vai curando de suas doenças espirituais; pela Unção dos Enfermos, conforta os doentes e moribundos; pela Ordem, consagra alguns para que, em seu nome, preguem, guiem e santifiquem o seu povo; pelo Matrimônio, purifica, eleva e fortalece o amor conjugal do homem e da mulher; e todo este sistema mana da Eucaristia, que contém o próprio Cristo.

Abandonar a prática sacramental é fechar-se aos sinais visíveis mais eficazes que Deus escolheu para alimentar-nos dele.

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