Os sacramentos transmitem a vida divina ao homem.
Os sacramentos contribuem para a santificação do homem, para a construção do Reino de Cristo e para prestar culto a Deus. Como sinais, eles supõem a fé, mas ao mesmo tempo a alimentam, robustecem e expressam por meio de palavras e gestos.
O significado e poder dos sacramentos vão além do que é possível captar por meio dos sentidos: estes sinais dão a graça para que os homens possam receber a própria vida e santidade de Deus.
Os sacramentos são gestos, símbolos, ações – como lavar e ungir, partir o pão – que podem ser captados pelos sentidos, mas cujo significado e poder vão muito além deles. Como explica o Catecismo da Igreja Católica, o próprio Cristo instituiu estes sinais exteriores e sensíveis para dar à pessoa sua ajuda e sua graça, para comunicar, por meio da Igreja, a vida divina.
Os sacramentos incluem três dimensões relacionadas com essa vida eterna, ensina São Tomás de Aquino: são sinais que rememoram a Paixão de Cristo (a vitória sobre o poder da morte), demonstram a graça (a verdadeira vida neste mundo) e prognosticam a glória futura (a plenitude definitiva da vida). Nos sacramentos, a Igreja já participa da vida eterna, ainda que aguardando a feliz esperança do céu.
Os sacramentos supõem a fé, mas, “ao mesmo tempo, a alimentam, robustecem e expressam por meio de palavras e gestos”, indica a constituição Sacrossanctum Concilium, do Concílio Vaticano II.
Não apenas significam a graça de Deus, senão que a causam. Por meio deles, o Espírito cura e transforma os que os recebem, unindo-os vitalmente ao Filho de Deus, deificando.
O Concílio de Trento define o termo “sacramento” como “um símbolo de algo sagrado, uma forma visível da graça invisível, com poder para santificar”. Nesta linha, o Concílio Vaticano II sublinharia mais tarde que celebrar os sacramentos “prepara perfeitamente os fiéis para receber com fruto a própria graça, prestar culto a Deus e praticar a caridade”.
A civilização tecnicista de hoje dificulta a compreensão dos símbolos e da dimensão transcendente das coisas. Muitas vezes os sacramentos são banalizados, mas, para que produzam na pessoa todo o fruto que podem produzir, é muito importante compreendê-los bem.
Deus se expressa em categorias humanas, por meio de elementos sensíveis e perceptíveis para a pessoa, que está formada de corpo e alma. E Ele quis utilizar tais elementos para dar a sua graça aos que não a têm ou aumentá-la nos que já a possuem.
Os sacramentos santificam eficazmente aqueles que os recebem dignamente e agem pelo próprio fato de que a ação é realizada, em virtude da obra salvífica de Cristo. Como explica São Tomás de Aquino, “o sacramento não age em virtude da justiça do homem que o dá ou que o recebe, mas pelo poder de Deus”. Por isso, sempre que um sacramento é celebrado conforme a intenção da Igreja, o poder de Cristo e do seu Espírito age nele e por ele, independentemente da santidade pessoal do ministro.
Mas ainda que os ritos visíveis sob os quais os sacramentos são celebrados já signifiquem e realizem as graças, os frutos dos sacramentos dependem também das disposições de quem os recebe, segundo destaca o Catecismo da Igreja Católica. As ações simbólicas já são uma linguagem, mas é preciso que a Palavra de Deus e a resposta de fé acompanhem e vivifiquem estas ações. A pessoa deve abrir as portas para Deus, que sempre respeita a sua liberdade.
No entanto, os sacramentos são recebidos frequentemente sem as disposições necessárias para aproveitar todos os seus frutos e muitas pessoas têm dificuldade para compreender seu sentido. Em seu livro “A náusea”, por exemplo, o filósofo Jean-Paul Sartre oferece um pobre olhar sobre a Eucaristia, ao escrever que, “nas igrejas, à luz dos círios, um homem bebe vinho na frente de mulheres ajoelhadas”.
A civilização tecnicista atual, que valoriza demais o elemento instrumental e vê na natureza quase somente um objeto de exploração e manipulação, dificulta a compreensão de gestos e símbolos como os sacramentos. Esta civilização perdeu, em boa medida, a capacidade de perceber a dimensão religiosa dos seres, das coisas e das pessoas.
Por outro lado, os sacramentos, em seu simbolismo, em mil detalhes da sua celebração, estão vinculados à experiência da Igreja e são incompreensíveis quando desvinculados desta experiência. Só quem adere de coração à Igreja, só quem se deixa ensinar por ela e cresce nela, poderá se apropriar plenamente da riqueza dos sacramentos.
Em correspondência com as etapas importantes da vida natural, existem 7 sacramentos instituídos por Jesus: Batismo, Crisma, Eucaristia, Confissão, Unção dos enfermos, Ordem Sacerdotal e Matrimônio.
O Concílio de Trento definiu em 7 os sacramentos da Nova Lei, instituídos por Cristo, que correspondem às etapas e momentos importantes da vida do cristão, em certa semelhança entre as etapas da vida natural e as etapas da vida espiritual.
Os três sacramentos da iniciação cristã – Batismo, Crisma e Eucaristia –, os de cura – Confissão e Unção dos Enfermos – e os que estão ao serviço da comunhão e missão dos fiéis – Ordem Sacerdotal e Matrimônio – dão nascimento e crescimento, cura e missão à vida de fé.
Os sacramentos formam um organismo no qual cada um tem seu lugar vital, ainda que a Eucaristia ocupe um lugar único, porque todos os outros estão ordenados a ela como ao seu fim, segundo São Tomás de Aquino.
Cristo age nos fiéis de diversas maneiras, por meio dos sacramentos: pelo Batismo, assume-os em seu próprio Corpo, comunicando-lhes no Espírito a filiação divina; pela Crisma, fortalece-os no mesmo Espírito, para que possam confessá-lo diante dos homens; pela Confissão, perdoa os pecados e os vai curando de suas doenças espirituais; pela Unção dos Enfermos, conforta os doentes e moribundos; pela Ordem, consagra alguns para que, em seu nome, preguem, guiem e santifiquem o seu povo; pelo Matrimônio, purifica, eleva e fortalece o amor conjugal do homem e da mulher; e todo este sistema mana da Eucaristia, que contém o próprio Cristo.
Abandonar a prática sacramental é fechar-se aos sinais visíveis mais eficazes que Deus escolheu para alimentar-nos dele.