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O Papa e a mídia: como os católicos devemos formar nossa opinião?

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RAUL ARBOLEDA

Rafael Tavares - publicado em 15/08/13

Uma coisa aqui deve chamar-nos a atenção: o que faz a mídia mudar de discurso ou de tom tão subitamente? Será apenas a briga pelos ratings

Não muito antes da XXVIII edição da Jornada Mundial da Juventude, ocorrida entre os dias 21 e 28 do mês de julho deste ano e que contou com a presença do Papa Francisco, o Brasil presenciou previamente uma verdadeira comoção ao ver milhares e milhares de pessoas, muitas delas jovens, protestando e pedindo por um país mais justo, por menos corrupção, o fim da violência e melhores serviços.

Enquanto isso, não tão distante dos holofotes alguns setores da mídia internacional e da mídia brasileira atacavam incessantemente a Igreja e a própria organização da Jornada prevendo até mesmo um fiasco como resultado do maior evento que a cidade maravilhosa já recebeu. A imagem da Igreja voltou a ser denegrida nas páginas das revistas e jornais. Escândalos envolvendo o banco do Vaticano e mais casos de abusos sexuais foram trazidos uma vez mais aos olhos do mundo tentando mostrar uma Igreja caótica, pervertida, e em pleno declínio. 

Estranhamente, porém, à medida que a vinda de Francisco se aproximava, e a mídia (grande entendedora e formadora dos interesses do público brasileiro) começou a mudar de discurso mostrando jovens entusiasmados chegando de todo o Brasil e do exterior para uma semana de trabalho missionário antes do grande encontro com Francisco e destacando o Santo Padre como uma figura amável, querida e respeitada não pelo seu alto cargo, mas pela sua grande humildade e carisma.

Durante a estadia do Papa o Brasil católico começou a aparecer nas telas da televisão e nas páginas de jornal. Houve quem quisesse agredir e maltratar os fiéis e a Igreja como um todo, porém, nem as alas mais radicais resistiram à simpatia, à mansidão e ao entusiasmo de Francisco assim como à paixão com que os jovens o receberam.

Assim, literalmente da noite para o dia a grande mídia começou a mostrar testemunhos de uma Igreja católica viva e pujante, e não só isso, uma Igreja Católica jovem. Bandeiras de centenas de países do globo eram vistas nas ruas do Rio de Janeiro. Jovens brasileiros e estrangeiros mostraram ao mundo que esta segue sendo a juventude do Papa, seja ele Bento ou Francisco.

Para o terror de muitos que apostavam em um catolicismo praticamente sem voz nem fez Francisco trouxe à praia de Copacabana mais de três milhões de jovens católicos que não se deixaram vencer pelas adversidades, o inesperado frio e percalços da peregrinação.

Se o Rio como cidade falhou no teste da estrutura, e efetivamente esta necessita ser repensada e melhorada tanto para futuros eventos como para a vida atual dos seus moradores, excedeu todas as metas em termos de acolhida.

Subitamente as notícias já não falavam do êxodo de jovens às demais confissões cristãs, mas da vibração dos católicos brasileiros.

Uma coisa aqui deve chamar-nos a atenção: o que faz a mídia mudar de discurso ou de tom tão subitamente? Será apenas a briga pelos ratings ao ponto de pararem a programação diária para transmitir a visita do Pontífice?

Isso não ousamos responder, o que realmente importa desta lição é que nós católicos não devemos apenas basear-nos no que a mídia ou a sociedade diga da Igreja, mas na premissa que formulou a grande pergunta do Concílio Vaticano: “Igreja: que dizes de ti mesma?”.

Seja que a mídia defenda ou ofenda a Igreja, ela não é nosso único ponto de referência. Hoje, especialmente no Brasil, existem canais e veículos de comunicação da própria Igreja para informar e ajudar a formar não só a opinião, mas enriquecer a fé dos católicos. 

A imprensa católica colocou tudo o que Papa disse em matérias de fé, moral e conversão, enquanto a mídia secular enfocou-se no aspecto “emocionante” da visita e omitiu as frases enérgicas do Papa urgindo-nos a sair das nossas realidades às periferias da existência humana. Este é o apelo da última reunião do episcopado latino-americano em Aparecida, cujo texto teve como um dos protagonistas de edição o cardeal Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco.

A Igreja não pode ser entendida de fora, pelas notícias do dia a dia, mas por dentro, devido à sua função e natureza de Mãe e Mestra dos discípulos do seu Filho.

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