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Clericalismo, a pior tentação dos cristãos

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Jaime Septién - publicado em 19/08/13

O Papa Francisco deu ao CELAM a trilha a se seguir pela Igreja na América Latina, um caminho que implica evitar algumas perigosas tentações

O encontro do Papa Francisco com a coordenação do CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano) no Rio de Janeiro foi decisivo porque descreve claramente o caminho que a Igreja deve seguir na grande pátria da América Latina.

Isso é o que considera o historiador mexicano Jorge Traslosheros Hernández, que é professor e pesquisador da Universidade Nacional Autônoma de México e uma das vozes católicas mais escutadas nos meios de comunicação do país.

Segundo Hernández, nesse encontro no Rio de Janeiro o Papa confirmou a conferência de Aparecida (Brasil, 2007) como chave de leitura da missão da Igreja. “Ponderou sua experiência de comunhão, sua abertura ao diálogo e o ambiente de oração. Não houve ‘alguém’ que desse uma linha a se seguir. Conquistou-se a unidade porque se valorizou e incorporou a diversidade, para concentrar esforços em um ponto: que cada católico se converta em discípulo e missionário de Jesus, ali onde Deus o tenha colocado, sempre em comunhão com a Igreja”.

O historiador mexicano explica que o núcleo central da Conferência de Aparecida é a missão continental, que tem duas dimensões: “a programática, que consiste em realizar atos missionários, e a paradigmática, que implica em colocar em chave missionária a atividade habitual das igrejas. Assim, as mudanças serão produto da dinâmica missionária”.

Hernández considera que não há receitas prontas. Cada católico dentro de sua comunidade, cada igreja tem de discernir para encontrar os caminhos adequados. Isso implica necessariamente um diálogo com o mundo cujo significado, assinalou o Papa, explica-se no Concílio Vaticano II.

Jorge Hernández afirma que o discurso do Papa ao CELAM no Rio de Janeiro foi “muito duro”, sobretudo em relação às tentações em que a Igreja na América Latina não pode cair. 

“O Papa identificou três tentações que ameaçam desviar o caminho da Igreja. Ele convidou a conhecê-las para discernir com lucidez e astúcia evangélica e assim tomar as melhores decisões. Trata-se da ideologização do Evangelho, o funcionalismo e o clericalismo

Hernández explica essas três tentações. A ideologização do Evangelho pretende encontrar as chaves de interpretação do Evangelho fora dele  e da Igreja. Tem quatro variantes: o psicologismo, que diminui a fé a experiências agradáveis; o gnosticismo, que a intelectualiza para reduzi-la aos grandes debates, algo próprio de um tipo de ‘católicos iluministas’, que são críticos e sem comunhão real com a Igreja; os pelagianos, que desconfiados da graça de Deus, centram seus esforços em soluções disciplinares e enrijecidas; e o reducionismo socializante, que busca interpretar segundo as ciências sociais e nada mais.

Já a tentação funcionalista paralisa a ação da Igreja ao reduzi-la a uma ONG, ou coisa parecida como uma empresa. O que importa é o resultado, a eficácia, os números.

A tentação clericarizante reduz a experiência eclesial à operação do clero. Os leigos serão especialistas nisso, pois assim evitam compromissos. É curioso. Os ‘católicos iluministas’ são os maiores clericalistas que existem. Sempre tão críticos, tão especializados, atirando a culpa nos bispos sem tomar lugar na comunhão dos batizados.

Hernández considera que a pior tentação é a do clericalismo. Os leigos têm grande responsabilidade no problema. É fácil sobrecarregar os sacerdotes. O clericalismo é um tipo de medo.

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