Dom Mario Zenari conversou com a Rádio Vaticano sobre a situação de guerra na Síria e o recente uso de armas químicas contra rebeldes e civis em Damasco
“Que não se repitam nunca mais, nunca mais, esses crimes, esses massacres”, disse o núncio apostólico em Damasco, dom Mario Zenari, à Rádio Vaticano, ao comentar o uso de armas químicas contra civis nos arredores da capital da Síria.
Segundo organizações não governamentais, mais de 750 pessoas morreram em decorrência dos ataques químicos, inclusive crianças e mulheres. Desde o início dos confrontos na Síria, em março de 2011, morreram mais de 100 mil pessoas.
“Eu, nestes últimos dias, vendo as imagens terríveis que chocaram todos, ouvi o grito dessas crianças, destas vítimas inocentes, este grito para o céu e um grito para a comunidade internacional: não podemos permanecer em silêncio, diante deste grito, diante deste apelo que chega desses inocentes”, disse dom Mario Zenari.
“Naturalmente, eu rezo para que aqueles que têm responsabilidade neste campo – a comunidade internacional, os seus líderes – sejam dotados de muita sabedoria e muita prudência.”
Segundo o núncio, a comunidade internacional “deve fazer todo o possível para não ver mais essas imagens que nos abalaram. É preciso encontrar os meios mais adequados e mais oportunos, que não compliquem a situação. Rezemos para que aqueles que têm essas responsabilidades tenham sabedoria e prudência”.
Sobre a alta probabilidade de terem sido usadas armas químicas, dom Zenari comentou: “a comunidade internacional está aqui para verificar e estabelecer e espero que haja colaboração por parte das autoridades locais e da parte de todas que estão envolvidos no conflito, de modo que se chegue a uma conclusão.
A morte de inocentes “está acontecendo desde o início do conflito, há dois anos e meio. Cerca de um ano atrás, quando aqui em Damasco, os sons da guerra se faziam ouvir, eu tinha a impressão de que a Síria estivesse iniciando a triste descida ao inferno. Hoje, após esses fatos, eu acho que nos questionamos se já chegamos ao fundo desse abismo”.