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Cuba Libre

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Élison Santos - publicado em 27/08/13

Ver estudantes de medicina brasileiras vaiando os pobres cubanos que chegam ao país é da mesma forma desconfortante. Os médicos cubanos merecem nosso respeito, nossa acolhida e talvez até precisarão de nossa caridade

Os norte-americanos ajudaram Cuba na sua luta pela independência da Espanha no final do século XIX, aliás foi nesta época que surgiu o drink Cuba Libre, uma mistura de coca-cola com rum, provavelmente inventada por um militar americano, depois disso os EUA temeram Cuba durante a Guerra Fria por sua aliança com a União Soviética, e após a queda do muro de Berlim a pequena ilha tornou-se um dos poucos símbolos do comunismo em todo o mundo. Cuba é a nação mais retrógrada do Ocidente, é o exemplar mais fiel de como as ideologias extremistas são sufocantes e desumanas. Dos seus 11 milhões de habitantes, muito possivelmente os que não sonham ou não sonharam em deixar a ilha são os que nunca tiveram acesso a informações de como é o mundo fora dela. Embora muitos políticos brasileiros elogiem a ditadura dos irmãos Castro, a grande verdade é que o povo cubano é prisioneiro de seu próprio país. 

A decisão do governo brasileiro em fechar um negócio bilionário com Cuba às custas de seus médicos que viverão em regime quase que escravo no Brasil é um golpe na bela imagem que o Brasil construiu durante muitos anos em suas relações internacionais. Pelo pouco que conheço das mentes brilhantes que fazem parte do Instituto Rio Branco e do Itamaraty, o clima em Brasília deve ser de total desacordo com a decisão do governo. 

Ao ver a foto de milhares de médicos todos de branco e com uma mochila verde sobre a mesa, todos iguais, como sempre deve ser em um bom regime socialista, esperando para serem enviados para o Brasil, não pude conter as lágrimas em meus olhos. Não é exagero. Penso nos milhares de médicos brasileiros que são livres para decidirem se o que o governo paga é bom ou não, se querem ou não ir para algum lugar para exercerem sua profissão, enquanto que estes quatro mil cubanos não têm alternativa, para eles a vida em Cuba não é boa, vir para o Brasil para receber dois mil e quinhentos reais é a melhor opção que eles têm. 

Ao saber que eles só poderão ter acesso ao dinheiro quando retornarem ao país para que não abandonem o programa e que seus familiares não poderão vir com eles, me recordo dos muitos jovens, homens e mulheres, que se tornaram totalmente dependentes do regime nazista durante a Segunda Guerra e me pergunto: Para onde vai o Brasil? Ao final das contas o que o Brasil quer ser? Um representante da libertação cubana? Mas, hoje, não são outros países que exploram a pequena ilha, mas seus próprios líderes.

Digamos que daqui um ano acontecerá um congresso de médicos em um dos resorts do literal nordestino, os cubanos serão convidados? E se forem, como se sentirão diante dos médicos brasileiros? Talvez, durante um jantar se sentirão envergonhados por não poder pagar uma bebida sequer, será que surgirá então o Bolsa Cubanos? Muito provavelmente um representante do governo surgirá com a ideia de um novo drink que represente a ajuda do Brasil a Cuba, uma mistura de Guaraná com Rum, talvez até queira dar um nome bem original a esta bebida, talvez, quem sabe, vá chamá-la de “Cuba Libre”! 

O Governo de Cuba embolsará mais de 60% dos salários dos médicos que enviar ao país, além de mantê-los totalmente prisioneiros e dependentes de suas decisões, exatamente como aqueles chineses que têm seus passaportes presos pelos empresários que os trazem para o Brasil para trabalharem durante um ou mais anos com um salário de miséria, ou os bolivianos, ou outros tantos que fazem isso por baixo dos panos. A grande diferença é que com os cubanos tudo será por cima dos panos e com a chancela do governo brasileiro. 

Paralelo a isso, ver estudantes de medicina brasileiras vaiando os pobres cubanos que chegam ao país é da mesma forma desconfortante. Os médicos cubanos merecem nosso respeito, nossa acolhida e talvez até precisarão de nossa caridade! As vaias devem ser dirigidas para os que se preocupam com as eleições e o poder, para aqueles que se negam em investir na educação da forma que o Brasil precisa, aqueles que são capazes de burlar as leis trabalhistas e os tratados internacionais para fazer com que suas ideologias de poder sejam cada vez mais impostas ao povo brasileiro. Sim, minhas lágrimas se transformaram em protesto!

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