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Intervenção na Síria seria desastrosa, afirma patriarca

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Kenneth Drake

Fundação AIS - publicado em 30/08/13

450 mil cristãos sírios (quase um terço do total de fiéis no país) já tiveram de deixar seus lares ou emigrar como refugiados

Uma intervenção militar do Ocidente contra o regime do presidente Bashar Al-Assad seria desastrosa de acordo com o líder da Igreja Católica Greco-Melquita na Síria, Gregorios III. Ele afirma que ninguém pode ter a certeza da autoria dos ataques com armas químicas realizado na semana passada.

Falando do Líbano antes de uma visita pastoral à conflitada capital Síria, Damasco, o Patriarca Gregorios III, reforçou que apesar da situação de conflito, as iniciativas de reconciliação ainda são viáveis e deveriam ser de alta prioridade para todos os países envolvidos.

Em entrevista à Associação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) nessa terça-feira, 27, o Patriarca expressou dúvidas quanto à credibilidade de algumas evidências apresentadas dos focos de conflito na Síria. “Quem pode saber com certeza quem esteve por trás dos ataques com armas químicas?”, concluiu.

Criticando a posição dos Estados Unidos em relação à Síria, o Patriarca acrescentou: “Não se deve acusar o governo um dia e a oposição no outro. É assim que se instiga a violência e o ódio. Os americanos vêm agravando a situação por dois anos”.

O prelado condenou o uso de armas químicas e qualificou de “imoral” a chegada de guerrilheiros do exterior para lutar na Síria assim como a entrada de mais armas no país. Segundo Gregorios III, a onda de guerrilheiros estrangeiros está fazendo crescer o fundamentalismo e o islamismo na Síria. 

“Países como Rússia, Estados Unidos e outras potências mundiais deveriam colocar em prática um plano de paz imediatamente. É hora de acabar com estas armas e, ao invés de chamar à violência, as potências internacionais deveriam trabalhar pela paz”, assinalou.

O Patriarca também falou sobre os 450 mil cristãos sírios (quase um terço do total de fiéis no país) que tiveram que deixar seus lares ou emigraram como refugiados a outros países devido à “trágica” situação em Damasco, que há pouco tempo era um lugar de refúgio para cristãos de cidades como Homs e outros lugares hostis.

Na tarde de terça-feira, 27 de agosto, pouco depois que Gregorios deixou o país, duas bombas atingem a cidade velha de Damasco, muito perto da sede do Patriarcado Greco-Melquita. Um dos explosivos caiu em um centro de escoteiros, a dez metros da entrada para o Patriarcado, deixando duas pessoas mortas. Nenhuma criança se feriu. O Patriarca, no entanto, afirma desconhecer se as igrejas e centros cristãos estejam sendo alvos no conflito, 

“O ataque poderia ter ocorrido pela proximidade destes locais a uma base do exército. O que os extremistas querem é acender o ódio entre grupos cristãos e muçulmanos”.

Em sua entrevista, o Patriarca elogiou o trabalho de um centro de auxílio no Patriarcado Católico Grego que funciona desde 2011 em Damasco e hoje oferece alimento e remédios para 2.800 famílias deslocadas e afirmou que a situação na capital é mais grave que em outros lugares, pois “as bombas podem cair sobre nossas cabeças a qualquer instante”.

Renovando seu pedido de orações pela Síria o patriarca se diz contente por ver que, em meio a esta situação de violência, os cristãos respondem com orações. Durante todo este tempo de crise, as igrejas estiveram quase sempre repletas.

“As pessoas sentem que apesar dos problemas, Deus está concedendo milagres. Há uma mistura de esperança e desespero entre o povo. Não sabem o que vai ser do futuro. Estão muito preocupados pelos seus filhos e por aqueles mais vulneráveis. Experimentam o medo, mas apesar disto, estão fortes na fé”, disse o Patriarca Católico Greco-Melquita.

(Publicado em AIS Brasil, no dia 29 de agosto de 2013)

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