França, aliada dos EUA, afirma que ataques podem começar na quarta-feira; Rússia não quer ação ação militar
O presidente francês, François Hollande, disse hoje (30) que os ataques militares à Síria podem ocorrer quarta-feira (4) e que a rejeição britânica a uma intervenção não vai alterar a posição de Paris. "A França quer uma ação firme contra o regime de Damasco", declarou Hollande, em entrevista ao jornal Le Monde, um dia depois de os deputados britânicos terem recusado uma intervenção militar na Síria.
Na quarta-feira, o Parlamento francês reúne-se, em sessão extraordinária, para um debate, sem votação, sobre a situação na Síria.
"Cada país é soberano para participar, ou não, de uma operação. Isso vale para o Reino Unido, como para a França", indicou Hollande, questionado sobre a possibilidade de intervir na Síria, sem o apoio de Londres. "Vou falar hoje com [o presidente norte-americano] Barack Obama", acrescentou.
Hollande, que é, a partir de agora, o principal aliado dos Estados Unidos após a decisão britânica, excluiu a possibilidade de qualquer intervenção antes da saída dos inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU), que investigam na Síria os possíveis ataques com armas químicas.
A missão da ONU deve deixar o país neste sábado (31) e fazer de imediato um relatório oral ao secretário-geral da instituição, Ban Ki-moon.
Hollande disse não ser "favorável a uma intervenção internacional para 'libertar' a Síria ou derrubar o ditador". Acrescentou, no entanto, que "se deve travar um regime que comete atos irreparáveis contra a população".
Para ele, "uma série de indícios [aponta] no sentido da responsabilidade do regime" do presidente Bashar Al Assad, após a morte de centenas de pessoas, em 21 de agosto, nos arredores de Damasco, em ataques com armas químicas.
Outro lado
Já a Rússia continua a esforçar-se para não permitir uma ingerência militar na Síria, declarou hoje (30) Iúri Uchakov, assessor do governo russo para Assuntos Internacionais. "O país trabalha ativamente para evitar um cenário de força na Síria", disse Uchakov a jornalistas.
O assessor diplomático do presidente Wladimir Putin disse ainda não entender o que leva a comissão de peritos da Organização das Nações Unidas (ONU) a abandonar a Síria no sábado (31), tendo investigado apenas um episódio de emprego de armas químicas, quando a Rússia defende a ampliação da investigação a outros locais.
"Não compreendemos muito bem por que é que toda a equipe [de peritos da ONU] deve regressar a Haia, quando continua a haver muitas perguntas sobre o alegado emprego de armas químicas em regiões da Síria. Eles estudam apenas um episódio, o de 21 de agosto", acrescentou.
Uchakov recusou-se a fazer qualquer prognóstico sobre os prazos de um possível ataque à Síria. "Pessoalmente, não estou informado sobre os planos dos Estados Unidos, mas todos sabem o que paira no ar. Toda a imprensa cita declarações dos representantes oficiais americanos. Apresentam as coisas de forma que será possível uma ação de força. Não sei quando irá ocorrer", concluiu.
(Da agência pública de notícias de Portugal, Lusa. Publicado por Agência Brasil)