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Globo cria confusão sobre aborto na novela Amor à vida

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Brasil sem Aborto - publicado em 06/09/13

A Globo entrou com extrema superficialidade e com inúmeros equívocos em um debate que merece ser abordado com seriedade e fundamentação

Em cena da novela “Amor à vida” no dia 22 de agosto, a Rede Globo apresentou “falsas informações” em relação aos temas do aborto e da objeção de consciência.

Com uma carta aberta, o Movimento Brasil sem Aborto reagiu ao episódio em que o personagem de um médico afirma que “o aborto ilegal está entre as maiores causas de mortes de mulheres no Brasil”. Segundo o Movimento, apenas 0,013% das mortes de mulheres devem-se a aborto ilegal no país.

A novela fez ainda confusão entre os conceitos de “omissão de socorro” e “objeção de consciência”.

“Se até um bandido assassino que foi ferido no embate tem direito a atendimento médico, como caberia negá-lo em situações de sequelas do aborto?”, questiona o Movimento.

O Movimento Brasil sem Aborto exige “uma retratação das falsas impressões apresentadas, pois uma emissora deve ter compromisso com a realidade dos fatos”.

“Se a Rede Globo deseja problematizar o debate, que o faça a partir de dados e situações verazes e não apenas reproduza determinados jargões propagandísticos pela legalização do aborto em nosso país”, afirma o texto.

Eis a carta:

Carta Aberta à TV Globo a respeito da abordagem  sobre aborto provocado na novela Amor à Vida.

Ilustríssimo Senhor,
Carlos Henrique Schroder
Diretor Geral da TV GLOBO

Em cena da novela “Amor à vida”, no capítulo 82 que foi ao ar no dia 22 de agosto, a Rede Globo entrou com extrema superficialidade e com inúmeros equívocos em debate que merece ser abordado com seriedade e fundamentação. Em evento desconectado do enredo, entra em debate o aborto provocado. O personagem de um médico, chefe da residência médica, afirma que “o aborto ilegal está entre as maiores causas de mortes de mulheres no Brasil”. E afirma também que “infelizmente o aborto ilegal se tornou caso de saúde pública”.

Vamos aos dados oficiais, disponíveis no DATASUS: faleceram no Brasil, em 2011 (último ano a ter os dados totalmente disponíveis) 504.415 mulheres. O número máximo de mortes maternas por aborto provocado, incluindo os casos não especificados, corresponde a 69, sendo uma delas aborto dito legal. Portanto, apenas 0,013% das mortes de mulheres devem-se a aborto ilegal. Comparando, 31,7% das mulheres morreram de doenças do aparelho circulatório e 17,03% de tumores. Estes sim constituem problemas de saúde pública.

Houve também clara confusão entre os conceitos de “omissão de socorro” e “objeção de consciência”, com laivos de intolerância à liberdade religiosa. Desconhecemos que alguma religião impeça seus membros de prestar socorro a “pecadores”. Se assim fosse, inúmeros assaltantes e assassinos que chegam baleados aos hospitais ficariam sem atendimento. Se até um bandido assassino que foi ferido no embate tem direito a atendimento médico, como caberia negá-lo em situações de sequelas do aborto? A cena foi preconceituosa para com as crenças do outro personagem médico, distorcendo-as. Ela parece mesmo pretender trazer confusão para a questão da objeção de consciência, situação em que o profissional de saúde se recusa licitamente a realizar ou participar do abortamento, uma vez que ele se forma para proteger a vida e não para tirá-la.

Sabedores da influência que as novelas possuem na mentalidade do povo, demandamos que haja uma retratação das falsas impressões apresentadas, pois uma emissora deve ter compromisso com a realidade dos fatos. Se a Rede Globo deseja problematizar o debate, que o faça a partir de dados e situações verazes e não apenas reproduza determinados jargões propagandísticos pela legalização do aborto em nosso país.

Brasilia, 23 de Agosto de 2013.

Lenise Garcia
Presidente Nacional

Jaime Ferreira Lopes
Vice-Presidente Nacional Executivo

Damares Alves
Secretária Geral

(Carta publicada em Brasil sem Aborto)

Tags:
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