Aleteia logoAleteia logoAleteia
Terça-feira 23 Abril |
Aleteia logo
Espiritualidade
separateurCreated with Sketch.

Por que saber o que é bom não nos torna necessariamente melhores?

REFLECTING,THINKING,ALONE

Simon Migaj | CC0

Juan Ávila Estrada - publicado em 27/11/20

A conversão não é uma questão de cérebro, mas de coração, porque fazemos o que amamos, e não simplesmente o que sabemos

Desde que somos crianças, estamos cercados de pessoas que incidem em nosso processo de formação: pais, professores e amigos. Devemos o que somos, em grande medida, a todos eles. Seus conselhos, correções, alertas e ensinamentos entraram em nossas vidas, oferecendo-nos elementos essenciais para formar nossa personalidade.

Mas também é verdade que, muitas vezes, todos aqueles que quiseram o melhor para nós acabaram nos dando muitos sermões. Perdíamos a paciência e íamos nos impermeabilizando. Cada vez que a mamãe nos dava algum conselho, costumávamos responder: “Já sei, mãe, você já me disse isso”. Mas, ainda assim, ela voltava a repetir seus conselhos e correções, como se fosse a primeira vez.

Ainda que muitos dos ensinamentos nos fossem repetidos até o cansaço (e realmente já sabíamos de memória a ladainha dos nossos pais e professores) a pergunta que não quer calar é: por que repetiam tanto o que já tinham nos dito?

O livro do Deuteronômio, no capítulo 6, nos recorda que os ensinamentos do Senhor Deus devem ficar guardados na “mente” e no “coração”. Estas duas faculdades humanas são as que nos ajudam a integrar a vida e a ser não somente seres pensantes, mas também atuantes.

Saber o que é bom

A memória humana é muito frágil. Tudo o que fica guardado nela corre o risco de ser apagado pelo tempo, fazendo-nos esquecer o que um dia aprendemos. Memorizar a palavra de Deus não é suficiente para levá-la à prática. É importante, então, que a guardemos também no coração, ou seja, na afetividade.

Fazemos o que amamos, e não simplesmente o que sabemos.

Podemos ser muito inteligentes, com uma capacidade de memória extraordinária, podemos saber recitar capítulos completos da Sagrada Escritura, mas isso não fará de nós excelentes cristãos. Só quando chegarmos a amar a Escritura, quando a cravarmos na afetividade, e não somente no frio raciocínio, começará em nós um verdadeiro encontro com o Senhor e uma autêntica conversão.

Nosso desafio é educar a afetividade, as emoções, pois é aí que os valores encontram sua razão de ser e sua motivação para tornar-se vida. Do contrário, “conheceremos” os valores, mas, ao não amá-los, eles não terão importância para nós.

Aquilo que está em seu coração

Sempre será fácil esquecer o que temos na memória, mas nunca nos esqueceremos do que temos no coração.

“Não se abrasava nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24, 32). Sem dúvida, os ensinamentos de Jesus não tinham como objetivo transformar seus discípulos em eruditos da Palavra de Deus, mas em pessoas que ardessem, que fossem apaixonadas por viver e transmitir o que haviam vivido com seu Mestre.

É mais fácil dar a vida pelo que se ama do que pelo que se pensa ou se sabe. Se acreditamos que basta aprender o que a Bíblia diz, mas não fazemos que esse conteúdo frio desça ao calor do coração, seremos então “como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine” (I Cor. 13, 1).

Não basta querer se converter; é preciso amar a fé e conversão catecismo da igreja catolica, pois, do contrário, jamais será possível chegar à vivência espiritual com a qual sonhamos.


Conscience

Leia também:
A consciência não é uma emoção – nem perto disso


DOUBTFUL

Leia também:
Como agir se nossa consciência tem dúvidas sobre uma questão?

Tags:
ConversãoEspiritualidade
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia