A diferença da estrutura sexual biológica não é relativa, ao contrário é um fato dado, uma marca inegável e segundo a qual a própria criança se depara desde seus primeiros olhares para seu próprio corpo
Não é de hoje que a vida dos filhos inquietam pais e mães em toda parte. A chegada de uma nova vida é marcante, conturbada e até mesmo desestabilizadora. Na era onde tudo deve estar sob o controle das mãos e ao alcance da visão, onde as planilhas financeiras devem dizer com precisão quantas curvas faremos no futuro, toda e qualquer possibilidade de surpresa parece não ser suportável, pois até a capacidade de admirar-se com o belo se vê aprisionada. O espírito humano, facultado pela força da auto transcendência, parece calar-se diante de ideologias que supõem equivocadamente defender a liberdade.
A ideologia de gênero, expressão utilizada para definir o caráter de neutralidade do gênero humano, ganha espaço na mídia e chega a muitos lares provocando dúvidas e inquietações para aqueles mais desavisados. Não é difícil encontrar mães e pais de família defendendo a forma com que alguns famosos educam seus filhos optando por não dizer-lhes se são meninos ou meninas. Algumas argumentações podem até parecer dignas de aplauso, como por exemplo, a primazia da liberdade de escolha onde os pais também se mostram neutros diante da realidade do filho para que não interfiram em sua opção no futuro.
Ao final das contas o que vemos é um movimento de neutralidade não do gênero, mas dos próprios pais. Muitos casais não querem ter filhos, custam caro, tomam o tempo e requerem atenção e trabalho, agora quando se dão ao trabalho de tê-los não querem se comprometer em ajudá-los a construir sua própria identidade. Até a simples referência de como um homem e uma mulher vivem está sendo furtada dos filhos. A liberdade tão exaltada e defendida para os filhos é dissipada quando não se oferece segurança diante das inegáveis diferenças que a vida lhes impõe. A diferença da estrutura sexual biológica não é relativa, ao contrário é um fato dado, uma marca inegável e segundo a qual a própria criança se depara desde seus primeiros olhares para seu próprio corpo.
A psicologia está repleta de argumentos sobre a importância da organização dos papeis parentais para o desenvolvimento saudável de um ser humano, contudo não são os argumentos teóricos e científicos que parecem fazer diferença no debate midiático que se faz sobre a tão falada ideologia de gênero, tudo se circunscreve sob as defesas ou ataques de questões preconceituosas.
Em uma sociedade onde o status ideológico parece pesar mais que a própria razão, renunciar às responsabilidades parentais aparenta o glamour de quem se coloca acima dos preconceitos sexuais de todos os tipos. Os que se colocam por detrás das mais diversas ideologias que visam esterilizar o comportamento sexual humano aprenderam que oferecer aplauso e status social é a melhor forma de conquistar adeptos para suas causas. Aos pais que se iludem no palco das ideologias cabe lembrar que há um palco ainda maior e mais importante cuja plateia não é tão numerosa e talvez nem tanto glamorosa, é ali onde a vida recobra sentido para o ser mãe e o ser pai, onde, ao longo de cada jornada se é capaz de olhar para o público e ver que ali sentados, na primeira fileira estão apenas os filhos, olhando atentamente, vibrando diante de cada ato, ansiosos por querer ser o quanto antes o mais parecido com seu pai e sua mãe!