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Comunicação para o “peregrino existencial”

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© SABRINA FUSCO/ALETEIA

Jaime Septién - publicado em 04/10/13

Reflexões sobre o tema da próxima mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais

Felipe de Jesús Monroy González, diretor Vida Nueva México , refletiu sobre o recém-anunciado tema que o Papa Francisco escolheu para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais: “Comunicação ao serviço de uma cultura do encontro”.

Em sua reflexão, Monroy, que fez a cobertura da última viagem de Bento XVI ao México e a Cuba, e da JMJ do Brasil, apoteose do Papa Francisco, destaca que o Pontífice esboçou, com este tema, “uma condição humana interessante: o peregrino existencial. Em sua mensagem, ele insiste em que se deve acompanhar este peregrino, caminhar ao seu lado, inflamar seu coração e encontrar, junto dele, uma casa de referência”.

O diretor de Vida Nueva México comenta, em três pontos, tanto a essência do peregrino existencial como daquele que o acompanha de maneira misericordiosa, ensinando-lhe que sua meta é Jesus, Aquele que lhe comunica a boa nova.

Acompanhar

Para Monroy, uma das principais angústias modernas é o futuro. “A necessidade de saber aonde vamos como sociedade, como seres humanos, exige cada vez uma maior quantidade, agilidade e certeza da informação que recebemos do exterior. De repente, nós nos encontramos em meio a uma grande nuvem de dados e acontecimentos”.

Com a imagem de uma nuvem de informação, apresenta-se aos olhos do crítico o tema próprio da era da incerteza, nossa era. “Frente a este cenário, Bergoglio resgata a regra do peregrino: acompanhá-lo, estar ao seu lado”.

Em matéria de comunicação, esta proposta significa que a comunicação e o viandante devem compartilhar o mesmo caminho.

“A comunicação – sublinha – não pode prescindir da realidade; e acompanhar o ser humano em sua busca de transcendência não é possível por meio de truques ilusórios, ‘manipulando as consciências’, como critica Francisco. Aqui, há muito a aprender para aqueles que ainda estão dentro da nuvem, que cobrem os olhos ou que tentam cobrir os dos outros.”

Inflamar os corações

O segundo tema abordado por Monroy é – depois da nuvem – a névoa. Sem uma bússola, o caminho se torna errático, a rota se faz amarga. A pergunta necessária, a partir da reflexão que o Papa Francisco faz sobre a comunicação, é justamente sobre o que deve ser comunicado.

O próprio Papa oferece a pauta: comunicar “a beleza de tudo o que constitui o fundamento do nosso caminho e da nossa vida, a beleza da fé, a beleza do encontro com Cristo. Também no contexto da comunicação, é necessário que a Igreja consiga levar calor, que inflame os corações… Temos um tesouro precioso para transmitir, um tesouro que dá luz e esperança”.

“No entanto, este tesouro a ser transmitido – por muito certo e urgente que nos pareça – não pode ser manipulado, não pode ser ‘injetado’ à força, como anuncia a teoria hipodérmica da comunicação; não é uma ‘lavagem de cérebro teologal’, nem o ‘assédio’ que o ‘engenheiro espiritual’ deseja provocar, como aponta Bergoglio.”

E completa: “Mas tampouco deve ser dado com a indiferença com que o mecenas anônimo do relato dá a esmola, pois fica claro que só provoca discórdia”.

Encontrar uma casa

O terceiro ponto é a parte essencial da mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais: estar perto do próximo. Monroy sublinha que a comunicação não é um instrumento, mas um acontecimento.

“Na comunicação, isso não é simplesmente ética: é corresponsabilidade. Se os objetivos fundamentais da mídia envolvem a promoção da justiça no âmbito social, a busca do bem comum e o auxílio às pessoas na busca da verdade, isso só pode acontecer quando, entre todos os setores da sociedade, se propicia o intercâmbio de ideias e de informações, e quando se oferece a todas as opiniões responsáveis a oportunidade de fazer-se ouvir.”

Hoje em dia, o panorama comunicativo se tornou um ambiente vital e virtual, no qual certamente não predomina o encontro. Por isso, o objetivo é que a comunicação se insira no diálogo contemporâneo, no qual homens e mulheres vão perdendo cada vez mais a capacidade de ter uma “casa de referência”.

De tudo isso, Monroy tira uma série de ensinamentos: inserir-se no diálogo para compreender e auxiliar, escutar e resolver, “não com sentenças nem pronunciamentos, mas caminhando, buscando aquilo pelo que cada um anseia e que, ao mesmo tempo, é desejado por todos”.

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