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Jornalismo: a caridade vai muito além da lei

Man Interviews – pt

© Yevhen Vitte/SHUTTERSTOCK

Jaime Septién - publicado em 11/10/13

O dever de um jornalista é informar para ajudar a sociedade, e não para incentivar o ódio ou a arrogância

O Pe. Elver Rojas Herrera, diretor do departamento de Comunicação Social da CEC (Conferência Episcopal da Colômbia) escreveu um profundo e esclarecedor artigo sobre o jornalismo e suas qualidades, bem como seus possíveis defeitos.

O Pe. Rojas reflete sobre o sensacionalismo jornalístico sem fundamento, na imprensa em geral, nas notícias divulgadas por meio do Twitter, com a finalidade de "impactar a audiência".

O sacerdote colombiano também se refere à investigação sobre dois padres da diocese de San José del Guaviare, acusados de pedofilia, assunto tratado com morbosidade pela rádio de maior prestígio na Colômbia.

Ele recorda que Ryszard Kapuuscinski, o célebre jornalista polonês, disse: "O dever de um jornalista é informar, informar de maneira que ajude a humanidade, e não incentivando o ódio ou a arrogância. A notícia deve servir para aumentar o conhecimento do outro, o respeito ao outro".

"Ouvir frases como 'Por respeito aos ouvintes, não transmitiremos as gravações, que são terríveis, mas acessem nossa página e lá poderão ouvi-las', com todo respeito, mas isso tem um tom maquiavélico. É como dizer a uma mulher: 'Eu tenho provas de que seu marido a trai, mas, por respeito a você e aos seus filhos, não lhe mostrarei as fotos – que você pode encontrar na minha página do Facebook'…", escreve o Pe. Rojas.

Mais adiante, o sacerdote colombiano se pergunta se a ética profissional serve somente para a rádio ou para a mídia virtual também, e afirma: "'Que toda vítima conte com nossa consideração e apoio' não é um argumento para que o jornalista perca a sensatez, monte um tribunal midiático e, antes de que a investigação acabe, mostre-se à opinião pública carregando a bandeira da justiça, faltando inclusive à caridade, tanto com a vítima quanto com o agressor".

Na parte central do texto, ele cita Kapuuscinski novamente: "Para exercer o jornalismo, é preciso, antes de tudo, ser bons seres humanos. Quando se é uma boa pessoa, é possível tentar compreender os outros, suas intenções, sua fé, seus interesses, suas dificuldades, suas tragédias".

Para o Pe. Rojas, os jornalistas precisam entender que "a caridade vai muito além da lei".

Ele conclui afirmando: "Muito além do aspecto cruel e inumano que caracteriza os casos de pederastia, (…) o jornalista deve lidar com estes e outros casos com profissionalismo e sensatez, de tal maneira que seu público possa confiar mais nestes espaços jornalísticos e se sinta motivado inclusive a denunciar sem medo".

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