“A Igreja parecia ser chata e seus rituais vazios: suas palavras não significavam nada pra mim”Há pouco mais de um mês o site de notícias católico Religión en Libertad publicou o testemunho de uma ateia que se converteu lendo C.S. Lewis. Seu nome é Sandra Elam. Cresceu numa família cuja mãe era católica e o pai ateu. Este não permitia que a palavra “Deus” fosse pronunciada dentro de casa, muito menos que sua esposa educasse os filhos segundo a moral cristã. Assim, pois, Sandra cresceu sem qualquer referência cristã. “A Igreja parecia ser chata e seus rituais vazios: suas palavras não significavam nada pra mim”.
“Pensava que os cristãos eram extremistas fanáticos”
Como boa parte dos jovens educados sem uma referência religiosa por parte dos pais, Sandra Elam alimentava certa revolta contra a religião. “Pensava que os cristãos eram extremistas fanáticos. Minha alma estava tão escura que não podia entender por que algumas pessoas se opunham ao aborto e a eutanásia”.
Sandra especializou-se em história grega, romana e medieval na universidade. E certa vez até perguntou ao seu professor judeu: “Jesus viveu ou foi um mito?”, ao que ele respondeu: “Sim, Jesus realmente viveu, não existe dúvida disso. Por que você não lê o Evangelho de Mateus?”. Ela o fez, mas apenas com um olhar histórico e curioso, nada mais.
Sandra casou-se e, com o passar do tempo, tornou-se uma anticristã feroz. Não permitia, inclusive, que seu marido católico colocasse crucifixo dentro de casa. Relatava: “sentia desprezo pelos que acreditavam em Deus. Cresci e me tornei uma mulher amargurada, sempre disposta a julgar os demais”.
Através da fonética sua vida mudou de direção
Mas, tudo começou a mudar em 1995 quando ouviu um especialista falar que as crianças possuem uma certa incapacidade para ler e escrever rapidamente e sobre como a fonética poderia ajudá-las.
Sandra Elam resolveu testar em seus filhos, ensinando-lhes fonética. Resultado: em seis meses estavam lendo. Percebeu que poderia “haver outras verdades por aí afora”.
Através da busca de uma reforma educativa, Sandra conheceu muitos cristãos que tinham o mesmo interesse pelo ensino da fonética. Neste percurso Bob Sweet, presidente do The National Right to Read Foundation, teve um papel importantíssimo, sendo um verdadeiro testemunho para ela.
Testemunhava Sandra Elam: “O primeiro grande passo na minha vida cristã foi quando meu esposo Tom e eu inscrevemos nossos filhos num colégio protestante baseado na fonética, em setembro de 1996. Era o único que poderíamos, economicamente. Estávamos preocupados com a sua educação e não queríamos que se convertessem em fanáticos religiosos, estudei, então, cuidadosamente o plano de estudos da escola e me senti aliviada ao descobrir que os livros eram rigorosos”.
Foi presenteada com um livro de C.S. Lewis
Deus já encaminhava as coisas na vida de Sandra e preparava o terreno para a sua conversão. Mas o que realmente foi decisivo neste processo foi o livro que ganhou de presente da sua irmã: “Mero Cristianismo”, de C.S. Lewis.
Em 1997 começou a sentir vontade de ir à Igreja, mas resistia. Nesta altura, seu marido e filhos já frequentavam a igreja católica aos domingos. Então, no dia 06 de outubro de 1997, “decidi entrar na igreja protestante que estava junto ao colégio dos meus filhos. Pela primeira vez em minha vida, senti algo espiritual e edificante”, testemunhou Sandra.
Depois de trinta anos como ateia, sente-se abalada pelas palavras do Evangelho de São João: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim. Se me conheceres, conhecereis também meu Pai; desde agora o conheceis e o viste”. Esta palavra lhe tocou tão profundamente que memorizou-a e, ao final da leitura do Evangelho de João “já estava convencida que Jesus Cristo era o Filho de Deus”.
O problema da fé protestante
Sandra Elam havia conhecido intelectualmente a Deus, mas ainda faltava amá-lo; faltava-lhe também a fé. Mas, numa noite, após cansativas horas de estudo bíblico, rezou pela primeira vez, pedindo fé. E a recebeu. “A fé foi o presente misericordioso de Deus para mim. Sem fé, como creria naquilo que não vejo?”.
A recém-convertida ao cristianismo começava a ter problemas com a “livre interpretação” das Escrituras. Julgava que alguém deveria ter a autoridade universal sobre elas. “Só uma igreja existiu desde que Jesus pronunciou suas palavras proféticas a Pedro: a Igreja Católica… uma vez que me dei conta de que Jesus fez de Pedro (e dos seus sucessores) a Cabeça terrena da Sua Igreja, disse ao meu marido que tinha que me converter ao catolicismo”.
A Santa Missa foi o ápice da sua conversão
Sandra aprofundou-se na apologética e teologia católica. E assim com Scott Hahn, em “O Banquete do Cordeiro”, sentiu-se tocada no momento da Santa Missa. “Através do estudo estava começando a conhecer Deus e através da missa comecei a amá-lo”.
Sandra Elam começou a mudar seus hábitos de vida, as músicas, livros, revistas, programas televisivos etc. E também suas convicções interiores, como a questão do aborto, que sempre considerou um mal necessário. Iniciou compreendendo que a vida começa na concepção. Até aí tudo bem, mas por que não era lícito utilizar anticoncepcionais não abortivos? “Por que a Igreja Católica era a única a se manter firme contra o controle de natalidade?”, se perguntava Sandra.
Após assistir um vídeo chamado “Feminism and Femininity” (Feminismo e Feminidade), da professora católica Alice von Hildebrand, convenceu-se da imoralidade da anticoncepção. “Descobri que o Papa Paulo VI já havia profetizado na Humanae Vitae: o controle de natalidade poderia conduzir à imoralidade sexual generalizada, à aceitação do aborto e à desintegração da família”.
Optou pela moral sexual católica
Aos 37 anos decidiu não usar mais métodos anticoncepcionais e agradecia a Deus por não ter se convertido aos 20 anos, pois acabaria com muitos filhos. Passaram-se meses e Sandra nunca engravidava, apesar de, agora, desejar muito ter outro bebê. “Senti a ironia da situação, já que Deus não estava me dando o que agora queria”. Foi ao médico, que diagnosticou ovário policístico. Era estéril.
Numa noite, inconformada com a situação, rezou e implorou a Deus mais um filho. Duas semanas depois estava grávida. Oito meses depois nasceu sua filha, que foi batizada com o nome de Teresa Benedita, em honra a Edith Stein e Teresa D’Ávila. Dois anos depois nasceu Ryan James.
Sandra estudou durante dois anos História da Igreja e Bíblia e estava convencida de que a Igreja Católica Romana contém toda a verdade do cristianismo. E assim, “na Vigília Pascal, no dia 3 de abril de 1999, fui recebida com alegria na Igreja una, santa, católica e apostólica”.