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A Igreja é a verdadeira promotora da modernidade

Monseñor Müller 2 – pt

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Aleteia Vaticano - publicado em 07/11/13

Uma metafísica do ser e do conhecimento de Deus é requisito para que o projeto da modernidade não naufrague na dialética própria do iluminismo

"A vida é curta demais para beber vinho ruim", afirma, com um provérbio de Goethe, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Gerhard Ludwig Müller, em uma intervenção publicada pelo L'Osservatore Romano. E acrescenta: "A visão cristã do mundo e do homem é um verdadeiro canto à vida e ao otimismo".

"Todos nós podemos constatar que a vida terrena é curta e, conforme o tempo passa, a brevitas vitae se torna um desafio existencial", continua Dom Müller, que, parafraseando o provérbio, afirma: "A vida é curta demais para ser desperdiçada com uma filosofia ruim".

Para Dom Müller, não é novidade a afirmação dos ateus, segundo a qual "Deus não existe", mas ele se pergunta: "Por que mais e mais pessoas se tornam ateias? O ateísmo é realmente a postura mais lógica, como afirmam os ateus?".

Fazendo uma alusão a Piergiogio Odifreddi, à proposta de Dawkins e ao posicionamento de Michael Blume, diz: "É preciso levar em consideração que a justificativa dada pelo ateísmo moderno sobre o processo de descristianização vivido pela civilização europeia e norte-americana desde o século XVII, e sua proposta de um estilo de vida hedonista, marcado pelo lucro e pelo benefício, tem bases só aparentemente científicas".

Para o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, "o chamado 'neoateísmo' não oferece, de fato, nenhum fundamento novo, que não possa ser encontrado claramente na fórmula de David Hume e em todos os que foram qualificados e se qualificam como empiristas e materialistas".

Levada ao extremo, esta teoria "defende que quem acredita na existência de um Deus pessoal não deveria ter o direito de existir, nem no mundo do pensamento (por ter contraído o 'vírus divino', e então deveria ficar em quarentena), nem sequer no físico (por ser um parasita social)".

O prelado lamenta o caráter intolerante e inumano do neoateísmo, e mostra como o ateísmo científico "teve sempre de impor-se como cosmovisão do mundo e, por suas características específicas, como programa político totalitário e inumano".

Segundo Dom Müller, "para garantir tanto o projeto da liberdade do indivíduo diante da coletividade, como a consciência pessoal diante da lei puramente positiva, e a dignidade inalienável de todo ser humano diante da instrumentalização dos interesses de grupo, é indispensável uma metafísica da realidade e uma antropologia da transcendência do homem, que o relacionem com a fonte da criação".

Por isso, "uma metafísica do ser e do conhecimento de Deus é condição de possibilidade para que o projeto da modernidade não naufrague na dialética própria do iluminismo".

Depois de explicar como a graça de Deus se torna novamente acessível sob a forma de graça de Jesus Cristo, afirma que "Jesus é o cumprimento, a redenção e o fundamento que recria a natureza espiritual e sua autotranscendência, mediada pela criação para alcançar a proximidade imediata de Deus."

Ele finaliza sua intervenção mostrando que "os que negam o caráter metafísico da teologia natural – e, portanto, a possibilidade do conhecimento de Deus por meio da Revelação – tendem a cair nas diversas formas de pessimismo cínico ou niilista", enquanto "a Igreja se nutre daquela plenitude que, por graça de Jesus Cristo, todos nós recebemos".

"Se somente Cristo é 'a videira verdadeira' que oferece o 'vinho bom', necessário para a vida eterna, podemos concluir que só a Igreja é a verdadeira promotora da 'modernidade', dado que somente a abertura a Deus, futuro do homem, torna autenticamente possível para todos a esperança que ela proclama", conclui o prefeito da Doutrina da Fé.

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